O carisma e a versatilidade renderam ao mossoroense Antônio Edson Oliveira dos Santos, o Talokudo, o título de o "novo rosto do humor". Ele, que deslanchou na carreira ao ver uma de suas paródias viralizar nas redes sociais a ponto de chamar atenção dos idealizadores do extinto programa "Legendários", comandado por Marcos Mion, na RecordTV, virou popular e provou ser irrefreável.
Admirado por adultos e crianças, o multitalentoso artista tem levado para os palcos de stand up seus shows (e não esconde o desejo de se apresentar em São Paulo) com forte pegada humorística, além de, é claro, continuar com suas produções que fazem sucesso na internet. Um belo exemplo disso é a carismática operadora de caixa de supermercado Dorinha, que virou o tema de seu novo espetáculo, o "Caixa Livre".
No bate-papo exclusivo, o ator, youtuber, comediante e influencer falou do amor pelo que faz e do Brasil, além da ansiedade para a chegada do primeiro herdeiro. E, pasme, a vontade de ter a casa cheia: "Quero ter um plano de uns dez filhos, por aí, e é isso, sinto-me feliz e louco para que o meu baby nasça logo". Confira os melhores momentos da entrevista!
1. Como surgiu a ideia de utilizar a internet para a divulgação de seu trabalho e quando percebeu que estava dando certo?
Na verdade, ele já nasceu na web. No início de tudo, eu e os meus amigos sempre conversávamos, falávamos sobre como seria legal participar de alguma atração de humor na TV. Só que, como éramos crianças na época, sem experiência nenhuma, nunca conseguiríamos, né? Então nos reuníamos, gravávamos os nossos quadros e esquetes e publicávamos.
Com o tempo, alguns foram se afastando devido ao estudo, ao ofício, e eu continuei postando. Peguei gosto pela coisa, fui aperfeiçoando, e uma das minhas paródias acabou estourando e chamando atenção da RecordTV. Fui convidado para um quadro no "Legendários", de Marcos Mion, onde cantei e fui campeão. Daí em diante, o negócio começou a andar.
2. Com tudo que tem ocorrido no país, como acha que estará daqui a meia década?
Boa pergunta! O Brasil é uma caixinha de surpresa. Acontecem várias coisas todo dia. A gente tem até medo, mas, trabalhando direitinho, é possível se sobressair dentro das situações. O pior, acredito eu, foi a pandemia, que prejudicou de maneira drástica. Muitos ficaram sem trabalhar, mas graças a Deus passou.
Em cinco anos, imagino que a internet vai tomar uma proporção gigantesca em que as TVs migrarão para ela. Creio que vou fazer filmes de comédia, de ação, o que me convidarem, porque gosto de atuar e estou estudando e me preparando para isso.
3. Você tem algum ritual antes de se apresentar? Por falar nisso, tem um novo stand up pintando na área, né?
Gosto de reunir os amigos, a equipe, tudo no camarim para ficar conversando sobre assuntos aleatórios, nada sobre trabalho, só para descontrair e tirar aquele peso da ansiedade que costuma haver. Não importam quantos anos de carreira a gente tem, sempre pinta aquela "ansiedadezinha".
Além de fazer oração, agradecer a Deus por poder chegar até ali, pedir para Ele abençoar o show para que dê tudo certo, também não ingiro nada duas horas antes da apresentação, porque pulo, danço e me jogo no chão, é uma loucura. Como somente uma maçãzinha, para não passar fome.
E, sim, tem o espetáculo "Caixa Livre", com a Dorinha, a operadora de caixa. Está incrível, e espero que todos tenham a oportunidade de assistir, porque é bom de verdade.
4. O que diria para quem quer começar a produzir conteúdo de humor nas plataformas digitais?
Que comece, visto que muita gente fica se oprimindo em relação a não ter, às vezes, um celular e uma câmera para gravar. Aí diz: "Quando tiver, começo". Digo por experiência própria, porque, logo que iniciei, fazia os conteúdos com o telefone dos outros.
Não espere ter um equipamento profissional nem um estúdio. Grave onde está e com aquilo de que dispõe. Se não tem, peça emprestado assim como fiz, e coloque em prática, pois, com o tempo, você vai desenvolvendo habilidade, as coisas vão acontecendo, mas o mais importante é dar o primeiro passo.
5. A gente tem entrevistado alguns humoristas, e parece que sempre há neles um lado mais melancólico. Vê isso como verdadeiro?
Sim, todos nós temos. Quando você assume o papel de fazer as pessoas rirem, acabam te rotulando como super-herói, mas, na verdade, somos normais, e, assim como os médicos adoecem, também passamos por nossos instantes de tristeza, só que ninguém acredita nisso.
Muitas vezes, quando nos veem na rua meio sérios, já falam: "Achei que era mais engraçado". Mas não estamos trabalhando. Se fosse um lutador, gostaria que ele estivesse golpeando os outros? Acho que não. Então, por essa razão, há quem nos veja como um ser que não é humano, sem sentimento, como um robô, e esquece que temos, aliás, nosso lado tristonho.
Acredito que, por tal motivo, muitos guardam esse fato para si, porque, se revelarem, logo serão julgados como ruins: "Fulano não é comediante? Como está com depressão, triste?". É importante todos entenderem isso!
6. Tem medo de perder a graça? Aliás, com que idade percebeu que poderia ser comediante?
Sabe que nunca refleti sobre isso? Jamais parei para pensar, porque estudo tanto e tento melhorar os meus vídeos, a minha atuação e as minhas piadas para atingir ainda mais pessoas, que nunca me peguei analisando esse aspecto. Uma boa indagação, mas acho que não.
Quando descobri que tinha essa aptidão? Em geral, respondo que a comicidade me escolheu, porque foi basicamente na época da escola, do ensino médio. Eu, doido para passar de ano, precisando de nota, comecei a me envolver em projetos, e havia algumas peças de que éramos obrigados a participar para poder ganhar notas, cujos textos eram seríssimos.
Porém, eu conseguia atrapalhar e transformava em risadas, mas não era por vontade, é porque sempre fui desengonçado, desastrado e acabava estragando tudo. Nas minhas falas, por exemplo, errava, e o pessoal ria. Então, creio que esse meu jeito estabanado gerou o início da comédia em minha vida.
7. Como surgiu a Dorinha, a operadora de caixa de supermercado. Quem roteiriza as cenas dela?
Sou um cara que não gosta de ir às compras, pois há demora procurando os produtos, nas filas. E tinha vezes em que era obrigado a ir porque minha esposa precisava fazê-las. Com isso, ficava reparando as coisas, como os clientes se comportavam e como as funcionárias atendiam. Achava tudo incrível.
Aí pensei em dar vida à Dorinha, visto que até então não havia uma personagem que remetesse a essa classe. Graças a Deus foi um sucesso, com muita gente elogiando e falando que se sente representada. Fico feliz com esse feedback, pois é sinal de um bom trabalho.
8. E a Ketley, a Katia e a Dona Jacinta? Foram inspiradas em pessoas próximas? Qual delas é a sua preferida?
As parentes mais loucas do Brasil, a Katia, a Ketley e a Dona Jacinta! Elas foram criadas durante o período da pandemia, e foi uma forma de me aproximar ainda mais dos meus fãs, estreitando essa conexão, porque não tinha personagem fixo. Deu supercerto.
Porém, a inspiração estava dentro da minha própria casa, na família. A minha mãe é uma figura, veio de sítio, então não tem estudo. Tudo que sabe aprendeu na roça, por isso tem um vocabulário único.
E aí também tem a minha irmã, né? Eu peguei a fase da adolescência dela, que aprontava bastante, mentia para minha mãe para sair e ir namorar escondido, e criei a Kátia. Já a Ketley foi uma versão feminina que idealizei.
Vejo todos os personagens como filhos, e por tudo que sai de mim tenho uma gratidão enorme. Diante disso, não tem como escolher um preferido. Amo todos e adoro fazê-los. Claro que uns dão mais trabalho que os outros, mas isso não interfere na paixão que tenho por cada um deles.
9. Youtuber, tiktoker, cantor, compositor e ator. Qual desses "dons" fala mais alto no seu cotidiano?
Apesar de não cantar bem, as melodias fazem parte do meu dia a dia. Amanheço com elas, entoando-as alto. Show gratuito para os vizinhos (risos)! E, como diz aquela frase clichê: "Quem canta seus males espanta". Amo demais soltar a voz.
Quando me reúno com os amigos, faço aquele karaokê em casa. Se estou trabalhando, escrevendo ou, de vez em quando, sozinho, coloco um som e começo a acompanhar o que ouço. Além da música, a atuação também faz parte da rotina, porque gravo vídeos diariamente para a galera.
10. Você está prestes a vivenciar a paternidade pela primeira vez, certo? Dá para medir a emoção?
Pois é! Estou aqui todo bobão. Já era pai de pet, tenho dois animais enormes, lindos, ou melhor, um casal, um cachorrão e uma cachorrona (risos).
Eu os amo demais, trato-os como filhos, e vai chegar meu bebê, que, inclusive, ainda não sei o sexo. Vai ter o chá revelação, encontro-me ansioso e doido para vê-lo correndo pela casa, ele ou ela, não tenho preferência.
Se vier menino, em breve, vou fazer uma menina; se vier menina, depois eu faço um menino (risos). Quero ter um plano de uns dez filhos, por aí, e é isso, sinto-me feliz e louco para que o meu baby nasça logo.