Após a repercussão da morte de Jessica Vitória Canedo, de 22 anos, na última sexta-feira (22), se iniciou um debate sobre a responsabilidade dos populares “perfis de fofoca” nas redes sociais. Na ocasião, a jovem foi apontada como possível affair de Whindersson Nunes —informação que foi desmentida por ambas as partes — o que gerou diversos ataques para a jovem que sofria com depressão.
Em nota oficial, a página Choquei, criada por Raphael Souza, se eximiu de culpa pela tragédia e apelou para a “liberdade de expressão” e o “direito à informação”.
Publicado pela rede social X (antigo Twitter), o comunicado diz que "lamenta profundamente o ocorrido e se solidariza com os familiares e todos os afetados pelo triste acontecimento" e “reforça o compromisso em agir com diligência e responsabilidade”.
Porém, nas redes sociais, famosos se pronunciaram e apontaram responsabilidade por diversos acontecimentos semelhantes às páginas de fofoca, por propagarem o ódio e disseminarem informações falsas sem apuração.
Entre os nomes que criticaram as famosas páginas estão, o economista Gil do Vigor, Neymar e a influenciadora Camila Loures , que fez um desabafo sobre acontecimentos recentes envolvendo sua vida pessoa. Na sexta-feira, a cantora Preta Gil ainda criticou a página “Alfinetei” por dar destaque à críticas de internautas sobre a voz da cantora Naiara Azevedo.
Por meio de seus Stories do Instagram, Camila Loure desabafou: “Eu já tinha falado para vocês, sobre darem unfollow nessas páginas, que não são página de informação, não estão nem contando uma fofoca, onde a pessoa mesmo [envolvida na história] que contou. [As páginas] estão inventando as coisas pra poder estimular o ódio, o bullying sobre as pessoas. E hoje vimos uma situação triste que aconteceu por conta da proporção que as páginas de fofoca levaram para a informação, que era falsa.”
Ela continuou contando uma história pessoal, após ter uma foto passeando em um shopping viralizada por perfis de fofoca nas redes: “Eu chamei as páginas pra conversar e falei que era fake News. Para uma inclusive, que eu tinha o telefone, eu liguei e a pessoa ficou com raiva por eu ter pedido pra apagar, porque era um post que estava induzindo ao ódio e era fake news. Quando eu pedi para apagar, a pessoa ficou com raiva e disse a seguinte frase: ‘Eu tenho o poder de infernizar a sua vida’. A partir daí, eu tentei conversar, começaram uns ataques para cima de mim.”
“Por fim, eu só queria pedir que páginas parem com isso, cara, não é só comigo, é com outros influenciadores também. Vocês causam atoa, vocês que não estão passando a informação de verdade, aqui tem uma vida”, completou.
Neymar fez duras críticas às páginas de fofoca, em especial à Choquei. Em uma publicação nos Stories, Neymar escreveu: “Diversos sites de fofoca, redes de TV e todos os meios de comunicação têm que tomar muito cuidado com o que posta ou fala. Aos haters… vocês que propagam o ódio, os que sabem de tudo, os donos da verdade, os santinhos que nunca erram, parabéns, fizeram mais uma vítima.”
O atleta continuou: “O discurso na internet de respeitar o próximo não existe! Ódio real de todas essas pessoas que se escondem atrás de perfil de internet para falar mal de outra pessoa. Querer ser o primeiro a dar a notícia pode acabar com a vida de alguém. Não é todo mundo que tem o mental forte.”
Já o economista e ex-BBB, Gil do Vigor, pediu que as pessoas pensem no que postam, e tenham noção da responsabilidade de publicar uma informação, que muitas vezes se prova falsa, e o impacto que pode causar sobre a vida de uma pessoa.
“"Eu acho que, como sociedade, precisamos voltar e debater um pouquinho a utilização das redes sociais. E eu acho, gente, que tanto quem posta como quem compartilha, quem comenta, quem curte, quem está ali... acho que o problema é muito maior. Não dá para querer achar um culpado, gente. Eu acho que é, de fato, um problema que está todo mundo envolvido", disse Gil.
"Eu acho que está na hora de nós pararmos um pouquinho e analisarmos, sabe? 'Em que momento eu faço parte disso?', e 'como eu posso mudar a minha atitude perante a internet para que coisas como essa não venham a acontecer novamente?' As pessoas estão ficando adoecidas, a gente não sabe mais o que posta", continuou.
"Só que eu acho que nós precisamos parar como sociedade e começarmos a valorizar projetos que são, de fato, importantes para a nossa sociedade. Uma polêmica engraçada e tal, que não faz mal a ninguém, a gente está ali resenhando, tudo bem, gente. Mas acho que tem um momento que tem um limite, sabe? Acho que chegou um momento em que nós precisamos analisar: 'caramba, que tipo de conteúdo eu vou compartilhar? Será que esse conteúdo eu preciso compartilhar? Será que esse conteúdo não vai ofender alguém? Será que, com as minhas palavras, não vou machucar uma pessoa? Será que o que vou comentar no post não vai ofender aquela pessoa?' Nós somos seres humanos, gente! Vou ler os comentários, entendeu? Isso vai me machucar, vai me ofender", disse.
"Então, acho que a gente pode medir um pouquinho: 'caramba, se eu falar isso eu acho que vai ser muito pesado. Vou medir de que forma vou falar isso'. Então, acho que nós precisamos, de fato, como sociedade, todos nós, analisarmos de que forma nós vamos utilizar as redes sociais. Porque, gente, já passou de todos os limites", finalizou.
Assista na integra abaixo: