Monique Hortolani é uma das gratas surpresas de "O Cangaceiro do Futuro", que chegou ao catálogo da Netflix no dia 25 de dezembro do ano passado. Na trama, que conta com a direção de Halder Gomes e Glauber Paiva Filho, a artista dá vida à Amália, uma jovem que vê nos estudos uma estrada para sair das amarras do domínio patriarcal.
"Acho que a minha cidade ficou orgulhosa de mim (risos). Recebi mensagens de carinho do povo de Teixeira de Freitas. Na verdade, tenho ganhado amor de todo lugar, mas, com certeza, a maior parte vem do nordeste. Ver que as pessoas estão curtindo a série e o meu trabalho é muito gratificante. Estou bem feliz!", destacou a baiana durante conversa exclusiva com o site.
Radicada em São Paulo desde 2009, ela esteve envolvida em outras produções de sucesso, como o musical infantil "Maisa no Ar", de Maisa Silva, e os espetáculos "Viúva, porém Honesta" e "Bonitinha, mas Ordinária". No cinema, integrou o elenco do longa "Divaldo, o Mensageiro da Paz", e do curta "Lollie", selecionado para o "Cannes Short Film Corner 2020". Na TV, atuou em "A Vida Secreta dos Casais", na HBO, e em "Gênesis", na RecordTV.
Questionada sobre seu interesse pela área artística, abriu um sorriso e voltou ao passado. "De onde veio essa vontade, não sei dizer, porque não me lembro de não senti-la. Só que ninguém levava a sério, e todo mundo afirmava: 'Ah, isso é coisa de criança, vai passar!'. Mas não passou (risos). O anseio de me profissionalizar surgiu por volta dos dezoito anos, naquela fase em que é preciso decidir o que vai fazer pelo resto da vida. No entanto, somente aos 21 consegui me mudar para a capital paulista para cursar teatro", confidenciou.
A versatilidade é outra marca de Monique. Um exemplo disso é o projeto "Destrava", que nasceu na pandemia e tem o propósito de ensinar os participantes a perderem o medo de falar em público e em vídeos. "Eu acredito que quem compartilha multiplica, e o 'Destrava' é a sementinha que estou plantando para, quem sabe, tornar o mundo um lugar um pouco melhor, com menos falhas de comunicação, cheio de gente que se expressa com mais empatia, confiança e assertividade", frisou. Confira os melhores momentos na íntegra!
1. Dá para dar alguns detalhes sobre Amália, sua primeira personagem no streaming?
É a filha do meio do poderoso coronel Tibúrcio. Uma menina superinteligente que sonha em, um dia, transpor a barreira patriarcal. Para ela, estudar é um passaporte para a tão desejada liberdade que fantasia existir no cangaço. Este lhe traz uma visão lúdica e cordelista, porque Amália se baseia nos relatos de Mariah, vivida por Chandelly Braz. É aventureira, corajosa, empoderada e uma líder nata que ajuda com toda a sua esperteza Virguley e o bando.
2. Aliás, como se preparou para esse papel?
Eu procurei ler bastante. Assisti a muitos filmes sobre o tema, principalmente aqueles que tinham como foco as mulheres, como "Corisco e Dadá" e "Entre Irmãs". Também revi todas as obras do Halder para ter bastante referência da linguagem dele e do desempenho corporal dos atores. Em Quixadá, vivemos um processo imersivo mediante exercícios cênicos propostos pelos diretores, os quais, com certeza, me ajudaram e deixaram todos bem conectados.
3. Como você analisa a importância das artes para levar essas mensagens ao público?
É como ressaltou Da Vinci: "A arte diz o indizível, exprime o inexprimível, traduz o intraduzível". Sem dúvidas, é um meio de extrema importância para a sociedade, sempre foi e será. Seja para educar, informar, entreter, fazer pensar e sentir, ela tem o poder de transformar pessoas e vidas. E isso me faz muito feliz!
4. Acha que no Brasil, um país onde a telenovela é uma tradição, fazer parte de uma trama na TV aberta é necessário para se destacar?
Acho que isso já foi mais forte. Hoje em dia, não é uma regra. Depende do que está sendo apresentado. É claro que ficar durante seis ou oito meses diariamente no ar pode, sim, ajudar e muito na visibilidade e atrair novas propostas.
5. Quais são suas metas profissionais?
Tenho várias. Uma delas é fazer carreira nas telonas. Almejo trabalhar com o Wagner Moura e o Selton Mello, que são inspirações para mim. Fazer um filme que represente o Brasil no Oscar e trazer a estatueta para casa. Já imaginou? Meu sonho! Daí é focar numa trajetória internacional e encenar produções com Leonardo Dicaprio, Meryl Streep e Viola Davis. Pronto, zerei a vida. Até voltei a estudar inglês, porque vai que dá certo (risos)!
6. Do que sente falta de "casa" e o que já adotou de paulistana?
Tenho saudades do clima, do mar de águas quentes das praias do extremo sul e da intimidade rápida que o baiano cria com os outros. Eu amo! Mas também sou apaixonada por São Paulo, que me adotou há treze anos e me viciou numa coisa chamada "padoca", onde eu adoro ir (risos). Em nenhum outro lugar encontrei padarias como as daqui, em cada esquina tem uma mais sensacional que a outra, e nelas achamos tudo e a qualquer hora.
7. Como se vê daqui a dez anos?
Certamente perto das pessoas por quem tenho mais afeto, com a minha própria família e realizando esta paixão: o cinema.