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Bia Arantes está no ar como Brice em "Deus Salve o Rei"

 Ela é millennial. Nasceu um pouco antes do Brasil se tornar tetracampeão mundial em março de 1993. Beatriz de Oliveira Arantes atualmente chama atenção em uma novela cheia de atrativos, os dois mais eclesiásticos sendo Marina Ruy Barbosa e Bruna Marquezine.  A Brice de “Deus Salve o Rei” é uma devoradora de homens clássica em uma novela nada clássica da Rede Globo.

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Não é a primeira entrevista que Bia Arantes concede ao iG Gente e a cada entrevista uma nova mulher, mais consciente de si, mais senhora de seus efeitos e objetivos, se revela. Para a atriz, interpretar Brice é elemento fundamental dessa trajetória.  “Estou me descobrindo como atriz na medida em que estou trabalhando outros lados meus, outras vertentes”, diz sobre abrir-se para o novo na figura do trabalho na trama das 19h da Globo .

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“Eu nunca havia trabalhado com uma personagem assim e não tenho isso na minha vida”, reflete sobre as peculiaridades de Brice a quem este repórter descreveu como “um cruzamento de medusa com sereia que desestabiliza a masculinidade e apresenta um sex appeal diferente”. Ela então teoriza: “Venho de uma personagem que era freira, que não tinha se descoberto enquanto mulher; então acredito que é um somatório de preparações e metamorfoses que o ator tem de passar. Estou animada e feliz com a repercussão que a Brice vem tendo”.

O sex appeal não é um artifício estranho a Bia. Ela faz uma mulher de sexualidade altiva, com um que de Claudia Cardinale e Virna Lisi, que mexe com o imaginário dos homens em “O Filme da Minha Vida”, excelente terceiro filme de Selton Mello como cineasta. Foi no filme, lançado em agosto de 2017 no Brasil, que a atriz trabalhou pela primeira vez com Johnny Massaro, seu parceiro de cena mais habitual na novela das 19h. “O Johnny é um grande ator e ser humano, uma delícia poder conviver com ele e contar com seu talento”, se derrete.

Bia Arantes e Johnny Massaro em
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Bia Arantes e Johnny Massaro em "O Filme da Minha Vida": "Sempre amei o cinema", diz a atriz que está correndo para pôr a safra do Oscar 2018 em dia. Ela diz que gostou muito de "A Forma da Água" e "Me Chame pelo Seu Nome"

A atriz, no entanto, se furta a colher exclusivamente os méritos pela construção de Brice. “Tive muito respaldo do nosso preparador de elenco, o Marcelo Bosschar”, contextualiza.  “Além dele, toda direção também me apoiou e ajudou nesta criação. Tudo foi pensado: olhar, postura, jeito de falar, enfim, todo o corpo cênico foi elaborado em conjunto, para criar a Brice”. A atriz se diz feliz e entusiasmada com a chance de participar de um projeto tão fora da caixa na teledramaturgia brasileira. “É um trabalho que agrega demais e com o qual venho aprendendo muito e me descobrindo ainda mais como atriz”.

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Retorno à Globo

“A nossa profissão conta com essa onda constante de mudanças”, enseja a reflexão quando questionada sobre a modalidade de seu contrato com a Globo. A emissora recentemente mudou política de gerenciamento de seu elenco e pouquíssimos artistas são contratados exclusivos da casa. A grande maioria fecha contrato por obra, o que dá maior liberdade para participar de projetos em outras emissoras, inclusive canais pagos, cinema e teatro, mas também implica em certa insegurança, já que não existe uma relação de trabalho formal vigente. “Não tenho uma opinião acerca do tempo de contrato, o legal é estar trabalhando, independente de sistemas contratuais”, observa com leveza. A serenidade das respostas de Bia, temperada com sua lucidez, facilitam a vida da reportagem.

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Bia gosta de se posicionar sobre o universo que a gravita e isso fica muito claro na eloquência com que se manifesta.  Além de atriz, ela tem formação em ciências políticas e esse background indubitavelmente contribui para sua visão de mundo.

Situada no espaço-tempo

Passa por aí a maneira como enxerga e atua nas redes sociais. “Adoro o contato com os fãs, acho superimportante ter o retorno deles, conversar, trocar figurinhas”, reconhece. “Sempre reflito muito sobre as postagens, porque sei que muitas pessoas me acompanham. Me policio sim e acho que é necessário”. A atriz entende que por servir como referência para pessoas tão diversas ela deve usar as redes com consciência. Conscientização, aliás, é a palavra-chave para 2018 no tocante à política. Elaboração da própria Bia. “Acho que precisamos disso, precisamos de acesso à informação e ter na cabeça que voto é importante e faz, sim, a diferença”, diz sobre o ano eleitoral que avança nosso calendário.

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Reprodução/Instagram

Foto de Bia Arantes postada no Instagram da atriz: "Costumo postar por lá muita coisa do meu trabalho"

E Bia avança no prognóstico. “É necessário um cuidado e uma análise dedicada aos candidatos, afim de um voto consciente. A realidade econômica e social do Brasil está muito delicada e é triste ver um País com tanta riqueza e potencial nesse estado”. Na sua concepção, a arte pode exercer um papel ainda mais elementar nesse debate. “Acho que através da arte, as manifestações ganham forma, ficam mais vivas e contundentes. É muito delicada a ideia de um ator estampar um viés partidário no nosso País”, argumenta. Tivemos atores engajados em campanhas políticas em 2014. Wagner Moura, Marcelo Serrado e Suzana Viera são apenas alguns dos muitos exemplos. “Aqui não há uma educação política de respeito, logo ligam o ator à ‘direita’ ou à ‘esquerda’ e isso é muito raso”, opina. “Essencial seria primeiro implantar uma educação política para os brasileiros. Há muita gente, muita burocracia, muitos 'eleitos' que a sociedade normalmente não tem qualquer conhecimento”.

Para Bia Arantes , a arte pode ser transformadora justamente no sentido de ampliar a conscientização e ajudar a “entender a realidade do nosso sistema político” fundamentando um “primeiro passo para a tão sonhada reforma”.  A atriz, que recentemente encerrou a segunda temporada com a peça “Léo e Bia” ainda não tem nada definido para o pós - “Deus Salve o Rei”, mas estamos curiosos.

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