Elio ( Timothée Chalamet ) tem 17 anos e costuma ir para o Norte da Itália com os pais, figuras sofisticadas e progressistas, nas férias de verão. O pai, um especialista em cultura greco-romana, tem por hábito receber estudantes na temporada para assisti-lo em suas extensas pesquisas e teses. O americano Oliver (Armie Hammer) chega para o verão de 1983 e aí se forma uma delicada e sensível história de amor e despertar sexual. “Me Chame pelo Seu Nome” tem como principal característica a delicadeza com que aborda essa relação cheia de elipses e insinuações.

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Cena do filme Me Chame pelo seu Nome, que estreia nesta quinta-feira (18) nos cinemas brasieliros
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Cena do filme Me Chame pelo seu Nome, que estreia nesta quinta-feira (18) nos cinemas brasieliros

O ambiente é multicultural – fala-se francês, italiano, inglês e alemão – e o italiano Luca Guadagnino (“Um Mergulho no Passado”) se vale desse oásis existencial para desenvolver personagens cativantes. Elio logo nota a corrente que indica que Oliver é judeu e que não se avexa de revelar isso. O rapaz se incomoda com a informalidade do americano e logo percebemos que Oliver diz muito a Elio. “Me Chame pelo seu Nome” vai se construindo sobre sutilezas, momentos que parecem desimportantes a princípio e que se ressignificam lá na frente, quando já somos testemunhas conscientes de uma paixão cujos vértices ainda hesitam em se entregar.

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A maneira como Elio se conscientiza de seu desejo por Oliver, como se envolve com a amiga que lhe dá bola, Marzia (Esther Garrel), a maneira como seus pais resolvem aconselhá-lo mesmo sem deixá-lo notar que se trata de um conselho, o zelo e hesitação de Oliver para com Elio e aquela cena do pêssego... Em tempos tão febris e truculentos, um filme como “Me Chame pelo seu Nome” é um respiro. É um filme sobre ritos de passagem e o é de uma maneira franca e afetuosa.

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Delicadeza e afeto: filme navega com seus personagens sem solavancos

O amadurecimento no filme de Guadagnino não é imperativo, mas ele chega de uma maneira aderente. Na brilhante cena, próxima do final, em que pai e filho expurgam angústias muito se revela sem nada dizer a respeito, fortalecendo a percepção de que o roteiro de James Ivory – a partir do livro de André Aciman – é um triunfo de elegância e ritmo. É, inegavelmente, a maior força de um filme que entre suas maiores virtudes, está a desconstrução do rótulo de “filme gay”.

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A opção pelo minimalismo, tudo em “Me Chame pelo seu Nome” tem uma escala menor do que estamos habituados a ver em filmes sobre despertar sexual, romances, etc – no entanto, faz do filme algo menos memorável. Não há nenhum conflito no longa. Nem mesmo o desejo mútuo entre Elio e Oliver ganha esse tratamento. Ou seja, o filme tem momentos em que, excetuando-se pela beleza com que é filmado, cansa e isso depõe contra qualquer produção. Minimalista ou ostensiva. De todo modo, trata-se de um pormenor em uma realização cheia de pontos altos.

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