Samuel de Assis interpreta Ben em 'Vai na Fé'
Reprodução/Globo - 06.03.2023
Samuel de Assis interpreta Ben em 'Vai na Fé'


Samuel de Assis diz ter começado a trajetória profissional na Globo com um “sarrafo muito alto” em “Ciranda de Pedra” (2008), emocionado e “se pelando de medo” por contracenar com nomes como José Rubens Chachá e Walderez de Barros. Após 14 anos da estreia nas novelas, a caminho das gravações de 32 cenas em uma tarde comum de trabalho, o ator celebra a posição de protagonismo que alcançou na carreira com “Vai na Fé”.

Enquanto se inspirou em Elisa Lucinda, agora Samuel também trabalha com a artista de referência na novela das sete e ao lado de outros inúmeros profissionais pretos, na frente e atrás das câmeras. O sergipano ainda virou inspiração com o papel de Ben, já que o projeto ainda abriu portas para uma nova geração de atores pretos, muito devido às experiências compartilhadas que o ator já passou na área.

+ Entre no  canal do iG Gente no Telegram e fique por dentro de todas as notícias sobre novelas, celebridades e mais!

“Vejo [em ‘Vai na Fé’] pessoas como Elisa, que lutaram tanto para que eu estivesse no lugar que estou agora; pessoas como eu, que briguei e sofri muito para estar nesse lugar; e pessoas com 20 anos que já chegaram nesse lugar com muito mais facilidade por conta de pessoas como Elisa e eu. Temos três gerações na mesma novela, de pessoas que tiveram três tipos de lutas diferentes. Com certeza, Elisa sofreu infinitamente mais que eu e, com certeza, eu sofri muito mais que esses meninos de 20 anos que estão entrando agora”, analisa em conversa com o iG Gente.


Ao exaltar o elenco preto no projeto de Rosane Svartman, o artista reconhece que este é um movimento inédito na emissora. “É uma revolução o que estamos vivendo em ‘Vai na Fé’. Nunca tivemos uma novela com 70% do elenco preto, diretores pretos, produção preta e autores pretos - sem ser uma novela de escravos. Novelas de escravos tem 70% do elenco preto, todos são escravos. É a primeira vez que isso acontece na rede Globo, então é, sim, um ato revolucionário”, defende.

“E você ter certeza que é um agente dessa revolução, é o que me deixa mais emocionado e com mais gás”, complementa Samuel, que assume ter passado “três dias chorando” quando Elisa comemorou a conquista com os colegas. “Ela falou na sala de preparação: ‘Eu lutei tanto para isso, graças a Deus eu estou viva para ver isso’”, recorda sobre a declaração da intérprete de Marlene na trama.

Samuel de Assis com Sheron Menezzes e Elisa Lucinda nos bastidores de 'Vai na Fé'
Reprodução/Instagram - 06.03.2023
Samuel de Assis com Sheron Menezzes e Elisa Lucinda nos bastidores de 'Vai na Fé'


Outro aspecto que torna o momento profissional ainda mais empolgante para Samuel de Assis é a possibilidade de trabalhar com uma sequência de personagens bem-sucedidos. “O que me deixa mais feliz é que não estou fazendo um protagonismo preto marginalizado”, avalia tanto sobre Ben, como em relação à Kevin, papel que viveu na série do Globoplay “Rensga Hits”.

“O Kevin é um cara muito bem resolvido e trabalhado, sem questões nenhuma com a sexualidade, e que não aceitava menos do que ele lutou uma vida inteira para ter [...] Ben é um cara com uma questão moral, extremamente bem-sucedido, milionário e sem problemas financeiros. Estamos acostumados a ver os pretos ou em personagens muito secundários, ou marginalizados, ou com problemas de dinheiro. Acho importante que a gente se veja nesse lugar [de sucesso]”, pondera.


O ator expõe como “sempre busca uma brecha” nos personagens para revisitar questões como representatividade e racismo, enaltecendo casos como “Vai na Fé”, em que as reflexões surgem “naturalmente” e ele não “precisa fazer esforço para falar” de tais assuntos. “É uma merd*, na verdade, ainda estarmos falando em 2023 disso. Eu precisar estar lutando e comemorando ver o Brasil representado em uma novela, como estamos vendo agora”, questiona.

“Mas porr*, graças a Deus que estamos fazendo isso. Antes tarde do que nunca, já diz o ditado que odeio. Pelo menos estamos nos vendo lá, estamos vendo o Brasil como ele é, com a maioria da população preta, sendo protagonista de milhões de histórias importantes e necessárias”, completa. Entre os cenários em que virou exemplo com o papel atual na Globo, Samuel cita o trabalho com Isacque Lopes, que vive a versão mais jovem de Ben na novela.


“Foi uma conexão forte [...] Tivemos um trabalho coletivo de preparação, mas cada dupla acabou tendo um trabalho pessoal ali. Quando tivemos nosso primeiro encontro com a fonoaudióloga, eu e Isacque decidimos preparar algo nosso”, relata, explicando como a mudança ficou perceptível ao passo que cada um se dedicou a unir sotaques e trejeitos em um só personagem.

“Isacque assistiu muitos ensaios de cenas minhas, eu assisti muitos ensaios de cenas dele e a gente combinou muita coisa. Éramos muito diferentes quando começamos a fazer a preparação e hoje a gente anda na rua e perguntam se somos irmãos, acham a gente muito parecido. Acho que nos tornamos, mesmo, devido ao trabalho que fizemos”, sugere.


A boa relação nos bastidores também promove resultados com Carolina Dieckmann, intérprete de Lumiar, par romântico do personagem de Assis. O artista destaca que a “parceria muito gostosa e boa” é o motivo da química do casal ficar evidente nas telinhas.

+ Siga também o perfil geral do Portal iG no Telegram !

“Não conhecia a Carolina, nunca tinha trabalhado com ela. Quando nos encontramos para trabalhar, foi uma loucura, chegamos com 20 cenas por dia para gravar. Temos uma sintonia, acho que isso fez a gente se identificar tanto. Temos um jeito de trabalhar muito parecido, de decorar texto, ensaiar, a agilidade de gravar. Isso ajudou, porque nossa química bateu. Acho que deu certo”, defende.


+ O "AUÊ" é o programa de entretenimento do iG Gente. Com apresentação de Kadu Brandão e comentários da equipe de redação, o programa vai ao ar toda sexta-feira, às 12h, no YouTube, com retransmissão nas redes sociais do portal.


    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!