Madeleine em 'Pantanal'
Reprodução/Globo 16.05.2022
Madeleine em 'Pantanal'



Karine Teles define Madeleine, personagem central de "Pantanal", como um "bode expiatório". A atriz, que interpreta a mãe de Jove na novela, não considera a personagem como uma vilã, mas entende que ela serve para ser alvo de críticas por parte do público. 

"Para mim, ela existe para as pessoas terem raiva, para elas criticarem o comportamento. Ela não é uma vilã, porque não age planejadamente contra ninguém. Ela é errada, equivocada, manda mal, mas não é por planos malignos", comenta em entrevista ao iG Gente. 

Karine também se diz feliz com o público criticando Madeleine. "Fico contente de ver as pessoas elogiando meu trabalho e entendo quando criticam a Madeleine. Eu também critico, não em cena, mas enquanto pessoa tenho várias ressalvas ao comportamento dela", afirma. 

Das ressalvas que Karine tem com Madeleine, a mentira que ela conta para Jove, de que o pai teria morrido, é a "mancha primordial na história". "Acho grave e difícil de se perdoar e penso que fez mal tanto para ela quanto para o filho. É um comportamento que eu não considero correto, tenho agonia com mentira e até me dou mal por ter a boca grande demais, sou sincera quando não precisa", pontua. 

Madeleine é uma personagem controversa em 'Pantanal'
Reprodução/Globo 10.05.2022
Madeleine é uma personagem controversa em 'Pantanal'


"Vida vazia"

Para Karine, a vida do núcleo de Madeleine além de tóxica, é vazia. "Até a coisa da Madeleine ser influencer, o tipo de influenciadora que ela é, é fútil, não tem motivo para fazer aquilo, a não ser aparecer e se mostrar e se alimentar dos likes, a única coisa que ela tem na vida. A relação com o filho é ruim, com a mãe e a irmã é ruim, ela não estudou nada que gostasse, não tem um trabalho, é algo bem vazio", afirma. 

Karine comenta que os privilégios da família de Madeleine foram uma cilada para a personagem. "Se vale ali de algo que não é real, não tem onde se segurar, não tem substância e aí não construiu nada na vida. Não romantizo o perrengue, mas penso que são oportunidades e elas ficam ali sendo fúteis e despreocupadas", analisa.

Além de Madeleine, ela, como espectadora, diz que é "difícil defender" boa parte do núcleo central da novela. "Tudo errado, o Gustavo é difícil de defender, vamos combinar que tá difícil. Eu acredito que o núcleo central é difícil defender, o Zé Leôncio, todos são complicados", comenta, rindo. 

No caso de Irma, Karine conta que ela "não tem uma vida própria". A atriz até faz um paralelo com a própria vida. "Ainda bem que na minha relação com minha irmã não é assim e, ao meu redor, não conheço nada assim", conta. 

"Acho que algumas críticas da Irma são pertinentes, mas ela não tem moral para criticar, assim como algumas coisas que a Madeleine fala, do tipo: 'oi, esse é o meu trabalho, como isso é errado?'. Ela tem uns pontos com razão, mas isso não salva a personalidade delas, elas são pessoas complicadinhas", brinca. 

Camila Morgado e Karine Teles
Felipe Henrique
Camila Morgado e Karine Teles


Do relacionamento com a irmã, interpretada por Camila Morgado, Karine fala da infelicidade das duas. "Com a Irma, é bem tóxico, é uma co-dependência, tem inveja, uma competição muito louca, pouco saudável", comenta. 

Interesse romântico de Gustavo, personagem de Caco Ciocler, Karine comenta que a relação diferiria se os dois desistissem de um possível namoro. "O relacionamento é bem torto, nada saudável é algo que já não deu certo há 25 anos. Por que daria certo agora? Penso que eles deveriam ser amigos, sinto que eles seriam bons amigos, tentar insistir em um relacionamento é muito tóxico. Eu até brincava com o Caco dizendo que o Gustavo me tratava mal", se diverte.

Cena mais difícil em "Pantanal"

Karine também entrega qual a cena mais difícil que fez na produção da novela. A atriz, que já trabalhou em "Bacurau", "Benzinho" e "Malhação - Toda Forma de Amar", revela que atuar no acidente que mata Madeleine foi cansativo.

"Muito difícil, porque é uma cena em que eu sabia que ela iria morrer. Essas cenas sempre são difíceis para mim, mas tive muito carinho do diretor, ele foi cuidadoso, planejou comigo, a equipe toda muito fofa, foram dois dias de gravação", lembra. 

Karine conta que ficou feliz e exausta com a cena. "Foi difícil, teve efeito especial, muita coisa que é um desafio extraordinário. Quando tem que fazer essas cenas de efeitos, acidente, morte, é sempre um momento mais tenso, foi muito difícil de fazer", afirma. 

"Sempre soube que morreria"

Diferente dos rumores que falavam da possibilidade de Madeleine sobreviver ao acidente de avião que teve na primeira versão, Karine conta o final da personagem desde o começo das gravações. Para ela, a decisão de manter o final foi acertada, já que o rumo da novela poderia mudar caso ela sobrevivesse. 

"Ela tem um peso muito grande, é o primeiro amor do Zé Leôncio, a mãe do Jove, quando ela morre, a trama vai para outros caminhos. Se ela sobrevive, tudo seria diferente, as relações mudariam, então, penso que como é um remake a história deve se manter", afirma. 

Mas Karine aponta que seria agradável ver Madeleine tendo uma história de redenção. "Em um universo alternativo, seria legal ela ter uma chance de se redimir, sou mais a favor disso do que vinganças, punições, acho bonita a trajetória como é e espero que as pessoas curtam o trabalho que fizemos até esse momento do acidente terrível dela", opina. 



Elogios aos colegas de cena

Durante a entrevista, Karine teceu elogios aos colegas de cena, como Caco Ciocler, Jesuíta Barbosa e Silvero Pereira. Sobre Silvero, com quem também trabalhou em "Bacurau", ela diz que ficou feliz ao saber que iria contracenar com o ator em "Pantanal". 

"Fiquei super feliz quando soube que ele seria Zaquieu porque eu teria a oportunidade de fazer cenas divertidas. É um ator muito talentoso. Acho legal a reflexão de Zaquieu porque se passaram 30 anos da primeira versão e a gente acordou para várias questões, mas não resolvemos elas", pondera. 

Ao falar de Caco, Karine o considera "uma das pessoas mais especiais" que já conheceu. "Porque é um artista apaixonado pelo que faz, um cara que pensa o mundo o tempo inteiro, tem opinião, se coloca, se posiciona e é um parceiro de cena muito divertido. Eu trocava muitas ideias sobre as cenas, ele se preocupava com assuntos parecidos", pontua.

Karine também elogia o colega Jesuíta Barbosa. "Um grande ator, fiquei feliz de contracenar, nunca trabalhei com ele. Ele é apaixonado, conversa sobre as cenas, dá sugestões e isso foi o mais legal do trabalho com ele", conta. 

A atriz ainda entrega uma curiosidade da parceria com Camila Morgado. "Eu e a Camila caçávamos momentos de amor, para diminuir essa relação 'cagada' delas. São personagens muito infelizes, né?", afirma. 

Consciência ambiental

Em "Pantanal", as questões políticas estão bem visíveis. Karine, ativa politicamente, espera que a consciência ecológica das pessoas aumente com a obra. "Tratamos muito mal o nosso planeta, sem ter noção que a Terra é nossa casa, sem entender que somos parte da natureza. A mensagem da novela que sempre volta é importante, entender que somos uma coisa só", afirma.

"Não dá para ter exploração ilegal de terras, não dá para poluir os rios, o pantanal está secando, desmatamento, esse tipo de coisa não dá para ignorar e fingir que não existe. Tem que se revoltar, ter consciência, ter noção da origem do que se consome, qual é o cuidado ecológico que a empresa tem. Óbvio que não é um comportamento que todos podem ter em um país desigual como o nosso, mas tem que ter consciência ambiental, responsabilidade", completa.

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