Durante o 'Jogo da Discórdia' do 'BBB 22', Arthur Aguiar e Laís Caldas tiveram duas discussões longas na dinâmica de segunda-feira (21). Após a tensão, internautas acusaram o ator de gaslighting e o termo ficou entre os cinco assuntos mais comentados no Twitter no Brasil.
Nos dois conflitos, a médica declarou que o ator tenta diminuí-la nas conversas e que ele distorce os fatos para sair vencedor em discussões dentro do 'BBB 22'. A atitude de Arthur, para muitos internautas, pode ser considerada gaslighting.
Mas o que é gaslighting?
Para a psicóloga Maria Rafart, gaslighting nada mais é que uma mentira. "É o efeito manipulador que essa mentira possui. Quando alguém, de forma reiterada, coloca seu julgamento, sua percepção, as suas crenças, em dúvida, você acaba por acreditar que a sua própria capacidade de julgamento está funcionando mal", diz.
Segundo a psicóloga, o principal efeito do gaslighting é de fazer a vítima duvidar da própria capacidade de discernimento. No caso de Arthur, ele utiliza memórias dentro do jogo para descredibilizar uma mulher — seja Laís ou Jessi — além de distorcer fatos.
"Movimento estratégico"
O 'BBB' é um jogo em que os participantes sofrem pressão psicológica por parte das dinâmicas do reality e pelos próprios jogadores. Para Rafart, Arthur não cometeu gaslighting e sim uma estratégia para tirar Laís do sério no jogo.
"O que está sendo evidenciado é mais um movimento estratégico, no sentido de descontrolar Laís nos jogos da discórdia, do que outra coisa. A cada fala dela com Arthur, como ele já sabe que ela não pensa rápido sob pressão e se descontrola, ele a provoca mais", diz.
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Diferente de Laís, em que o 'BBB' grava as situações e ela pode confrontar Arthur com fatos em vídeo, a realidade pode ser dura para mulheres vítimas de gaslighting. "Duas pacientes minhas, em contextos de relações abusivas diferentes, me relataram que buscam ou filmar, ou gravar com seu celular, as situações estressantes com seus cônjuges, pois com frequência as palavras são distorcidas e elas mesmas duvidam do que é verdade", conta Maria.
Ela diz que as pacientes duvidam da própria capacidade de recordar situações de stress. "Isso é efeito claro de gaslighting", diz. "Se você começa a duvidar de si mesma, de sua capacidade de julgar, de suas convicções, se lembra de fatos que são constantemente desmentidos até você duvidar deles, pode estar sofrendo gaslighting", afirma.
Não fez gaslighting, mas cometeu maninterrupting
Maria diz que Arthur foi machista em interromper Laís durante o 'Jogo da Discórdia'. A prática, chamada de 'maninterrupting', tem a finalidade de interromper o fluxo de raciocínio de uma mulher.
"Assim, ela pode ficar confusa e/ou irritada, além de perder o fio condutor daquilo que estava argumentando. Neste sentido, Arthur usa, sim, o maninterrupting como estratégia de jogo", diz. Aliado à prática, Maria diz que ele pode ter praticado também mansplanning: "em tradução livre, significa 'explicação do homem'".
"É quando um homem parte do princípio que uma mulher ignora determinado assunto, e faz questão de 'desenhar' o tema para ela. Ele nem faz questão de saber se ela já sabe algo sobre o tema. Geralmente, vem acompanhado do maninterrupting", diz.
"Estar diante de mansplaining é muito desgastante, justamente devido a estas interrupções, que não deixam completar o raciocínio", explica.
É possível contornar a situação
Laís não conseguiu sair do ciclo de interrupções e de explicações e ficou nervosa no 'BBB 22'. Rafart traz dicas para as mulheres que precisam sair da situação. Ela diz que o posicionamento assertivo é a única maneira. "Ser assertiva é se posicionar, de forma firme e correta, e confirmar e validar o próprio ponto de vista. Mulheres com Inteligência emocional conseguem colocar um mansplanner em seu lugar", afirma.
"Surtar e falar mais alto pode parecer uma saída, mas na realidade é uma armadilha que pode gerar mais frustração, pois aí a pessoa aparenta que perdeu a razão e o controle", comenta.
Ela explica que ser assertiva é saber pontuar, mesmo depois de um discurso interrompido, os pontos de vista. "É importante saber recomeçar de onde se parou, sem grande afetação emocional. É difícil, mas é possível", completa.