O ano começou quente para a programação da Rede Globo . Estrelada por Isabelle Drummond, Rafael Vitti e Jesuíta Barbosa, “Verão 90” conta a história de um ex-grupo mirim que se reencontra após ser esquecidos pelo público.
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Emblemática, a década em que a atração é ambientada contemplou o ápice de inúmeros ramos, como o musical, o tecnológico, o fashion e entre outros. Em 1990, segundo dados coletados pelo IBGE, o Brasil contabilizava 149,4 milhões de habitantes, sendo 44 milhões de adolescentes e 6 milhões de crianças, dando margem a um número alto de pessoas que se interessem pela colher de nostalgia que “ Verão 90 ” tanto vende em suas campanhas publicitárias.
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Todavia, é necessário mais do que aparência para manter a audiência. Com quase um mês de exibição, a trama escrita por Jorge Fernando e Marcelo Zambelli demonstrou excelência em diferentes pontos. Com base nisso, o iG Gente selecionou alguns motivos que provam que a atração é a mais consistente na grade de programação da emissora global.
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Referências contundentes
Acomodada em uma década rica culturalmente, a produção não poupa referências. A começar pelo trio principal, o Patotinha Mágica que, claramente, é uma adaptação do Balão Mágico; a emissora PopTV , que faz alusão à antiga MTV Brasil ; artigos antigos, como telefones, orelhões, carros, roupas, penteados, profissões da época, gírias e muito mais também estão presentes.
Entre uma falcatrua aqui e uma piada ali, a novela também consegue evoluir seu enredo enquanto mescla o fictício com acontecimentos reais, como fez ao retratar o Dia do Confisco - quando o governo Fernando Collor coletou os tributos nas poupanças dos brasileiros sem aviso prévio - em 16 de março de 1990.
Capítulos depois, após mostrar por vinhetas os sucessos musicais da época, o programa retratou as manifestações do povo contra o, até então, Presidente Collor. Além disso, sempre que um flashback é vislumbrado o selo de aprovação da ditadura militar ganha destaque, retratando com veracidade o “pente fino” que as produçõe tinham de passar antes da década de 90.
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Trilha sonora
Com cores vívidas e roteiro bem desenrolado, a trilha sonora é algo que acoberta a comédia romântica com suavidade e acrescenta pitadas de nostalgia gradativamente às cenas. Unindo o beat do techno aos acordes da música popular, a trama oferece mais do que um entretenimento no fim de tarde, mas uma volta no tempo a partir de sons que antes de ver o CD, foram marcados na fita cassete e no vinil.
Pump Up The Jam , do Technotronic, The Rhythm Of The Night , da Corona, Rio 40 Graus , de Fernanda Abreu, Unbelievable , do EMF; e Você , do Tim Maia, são canções que ilustram a trama, misturando o agito das discotecas com o romantismo da MPB da época.
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O elenco
Mesmo não pertencendo ao núcleo principal, Claudia Raia e Dira Paes, até então, encontram-se como essenciais na dramaturgia das 19h00. Experientes, elas garantem o tradicional toque de “humor pastelão”, dão musculatura aos picos da trama e, como interpretam as matriarcas dos personagens principais, que apesar de adultos ainda não são totalmente independentes, suas atitudes reverberam automática e efetivamente no trio principal.
Claudia Raia, por exemplo, vive Lidiane, a mãe coruja que faz de tudo para ver sua Manuzita (Isabelle Drummond) galgar os degraus da fama. Ex-atriz de pornochanchada, ela não tem filtro, nem limites, ponto este onde garante o humor. Escrachada, ela exerce grande influência sobre sua filha e até coloca sua moral em jogo para dar a carreira que não teve para sua prole.
Por outro lado, Dira Paes (Janaína) vive a mãe humilde que batalha diariamente, dando sangue e suor, para dar o melhor futuro para o seus filhos. Mãe de João (Rafael Vitti) e Gerônimo (Jesuíta Barbosa), ela sofre com o complexo de Ruth e Raquel, ou seja, de ter um filho promissor e bem apessoado e outro cruel e com forte aspiração à vilania.
Como cereja do bolo, a produção também conta com grandes nomes da dramaturgia, como Duda Wendling, Marcos Veras, Fabiana Karla, Marcos Veras, Kayky Brito, Nívea Stellman, Camila Queiroz, Klebber Toledo, Claudia Ohana, Humberto Martins e entre outros.
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O roteiro
Com uma história bem amarrada, incluindo os paralelos com os acontecimentos históricos, a trama conta com desfechos um tanto previsíveis, mas que concluem seu objetivo principal: entreter. Sempre ostentando reviravoltas, pelo menos em seu início, a telenovela não desaponta e mantém os níveis de interesse e expectativa altos. Seus personagens principais podem até não cair no gosto popular, mas é aí que os secundários fortes, como Claudia Raia e Dira Paes, entram. Agindo como botes salva-vidas, elas resgatam os telespectadores os imergindo em uma verdadeira e experiência de humor e nostalgia.
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Com bom roteiro, elenco consagrado, trilha sonora contundente e muitas referências culturais, “ Verão 90 ” é, sem dúvida, a melhor novela no ar na Rede Globo . “Órfãos da Terra” é a próxima produção que deve estrear na emissora, dona de boa proposta, será necessário um trabalho minucioso para bater o resultado alcançado na faixa das 19h00.