Após o sucesso que “Os Dez Mandamentos” representou para a Record TV , com direito até a sequência cinematográfica e tudo, a emissora apostou em uma sucessão de novelas no mesmo estilo. Assim, em julho de 2018 foi lançada a novela “Jesus”, com base na história mais popular da bíblia. No entanto, a produção não alcançou as expectativas depositadas pela emissora. Listamos os principais motivos que podem ter gerado o fracasso da novela em questão.
Leia também: No ar em "Jesus", Rodrigo Andrade afirma que papel ajudou seu "olhar espiritual"
Saturação
Sentindo falta do grande sucesso da novela sobre os mandamentos de Deus e motivada pela sucessão de fracassos que envolveram as novelas bíblicas seguintes, a Record resolveu apostar na maior história de todas, quando o assunto é a bíblia. Contar a história de Jesus
parecia a fórmula perfeita para o sucesso, mais ainda do que a de Moisés.
No entanto, enquanto " Os Dez Mandamentos " foi a primeira grande produção - e contou com uma verdadeira promessa, elevando a expectativa do público. Por causa da novidade - já que se tratava de uma história bíblica elevada a um nível que os espectadores religiosos nunca tinham visto -, a novela em torno da história de Moisés conquistou fãs fiéis. Depois disso, um número cansativo de novelas no mesmo estilo, o público já não aguenta mais.
Polêmicas
Religião é um assunto delicado. E mesmo uma novela bíblica pode ter problemas ao mexer diretamente com a fé alheia. Ao atribuir outros filhos (além do protagonista) à Maria (Juliana Xavier e Cláudia Mauro), que é vista no catolicismo como uma virgem, a telenovela desencadeou polêmica. Normalmente, a polêmica pode reverberar em mais visibilidade, mas não foi o caso da novela bíblica, que desde então, foi fadada ao declínio.
Boicote
Sob o argumento de que a novela estava deturpando a história da bíblia, vários religiosos resolveram boicotar a produção. Um bispo católico, por exemplo, incentivou em suas redes sociais um boicote contra a trama e opinou que os católicos que assistem à produção pecam gravemente. A atitude acabou sendo tomada por alguns representantes da instituição, além de páginas católicas nas redes sociais. Isso acabou sendo uma ajuda para levar a novela ao fracasso de audiência.
Você viu?
Leia também: Por que a Record não consegue alcançar a Globo?
Rejeição por parte do próprios religiosos (e sobra quem?)
A linha entre a estreia da novela, as polêmicas e, posteriormente, o boicote realizado pelos líderes religiosos, somados, levaram o público a uma rejeição crescente. A maior parte dos espectadores de novelas bíblicas é constituída por religiosos. Se uma boa fatia dos religiosos acaba virando as costas para a telenovela, isso reverbera em toda a audiência.
Classificação Indicativa
Outro fator que ajudou bastante a novela sobre Cristo a não alcançar o sucesso da grande produção envolvendo Moisés foi a necessidade da mudança na classificação indicativa. O Ministério da Justiça reclassificou essa produção televisiva como não adequada para menores de 12 anos.
O documento publicado citou entre as razões o fato de que a trama apresenta cenas de sexo e de violência: “Durante a análise da novela foram constatadas tendências como apelo sexual, consumo de droga lícita, presença de arma com violência, morte intencional, ato violento, pena de morte, presença de sangue e crueldade, todas agravadas por relevância e todas incompatíveis com a autoclassificação sugerida”.
Record não aprende com os erros
Leia também: "Jesus" tem erros e acertos e pode crescer nas próximas semanas
Com cada vez menos público assistindo as novelas bíblicas, trazendo à tona uma discussão em torno dos tons de pregação e de doutrinação durante a trama e o roteiro, a emissora não aprendeu com os antecessores de " Jesus
", fazendo até pior e dividindo opiniões. Isso sem contar, é claro, dos problemas de sempre quando se trata de novelas da Record
, como o amadorismo e a sensação artificial que toma conta de sua trama. Na novela dos mandamentos, esse tipo de problema não chegou a incomodar tanto. Entretanto, com o passar de cada produção (que não trouxe evolução nesses quesitos), acabou ficando imperdoável.