A voz icônica de Gil Gomes, morto desta terça-feira (16), repetiu diversas vezes o bordão “ aqui, agora ” durante os seis anos onde foi repórter do jornalístico do SBT . Com suas camisas coloridas, gestos com as mãos e frases de efeito, ele logo se destacou na atração, onde reportava principalmente crimes e acidentes graves.

Gil Gomes, conhecido por suas reportagens policias no
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Gil Gomes, conhecido por suas reportagens policias no "Aqui Agora" morreu nesta terça-feira (16) aos 78 anos

Mas, como muitos comunicadores, a carreira de Gil Gomes começou no rádio, transmitindo jogos de futebol. Nascido no bairro da Mooca, em São Paulo, ele era gago quando criança, e a narração surgiu como uma solução para esse problema. A carreira veio depois na Rádio Marconi .

Lá, em 1968, ele estava no ar quando descobriu que estava acontecendo um caso de agressão sexual no edifício da rádio e falou sobre o crime na programação ao vivo, andando pelos corredores e entrevistando possíveis testemunhas. O caso teve tanta repercussão que se tornou uma das maiores audiências da rádio. A emissora, então, decidiu dar a Gil um programa próprio, tornando-o um dos precursores da crônica policial brasileira.

Problemas com a Ditadura e caminho para a TV

No rádio, porém, enfrentou dificuldades para fazer as denúncias por conta da Ditadura, que recriminava narrativas contrárias à ação da polícia. Em uma entrevista ao “Sensacional” da Rede TV! em 2016, Gomes afirmou que chegou a ser detido cerca de 30 vezes no período. “Terminava o programa e a viatura da Polícia Federal vinha me buscar. Só que eu era amigo do [político] Romeu Tuma e sempre saía", confessou.

Gil também recebeu ameaças de morte, mas dizia que tinha “mania de valente” e nunca se abalou. Também passou pela Rádio Tupi , onde apresentou outro programa na mesma linha. A mudança para a TV veio em 1991 com o início do “Aqui, Agora”.

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A ideia do SBT era criar um jornalístico diferente para competir com as concorrentes, e decidiu apostar na crônica policial. Hoje um formato bem difundido na televisão, o estilo jornalístico era inovador na época, e Gil ficou conhecido como um dos percursores, ao lado de Wagner Montes. Em 1997, com a baixa de audiência, o programa acabou e Gil migrou para a TV Gazeta, onde foi repórter do “Mulheres”.

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Em entrevista a Geraldo Luís em 2014, Gomes comentou que sua marca registrada, a maneira como mexia a mão enquanto falava, foi criada sem querer: "Não tinha onde colocar (as mãos). Uma eu segurava o microfone, a outra não tinha o que fazer", brincou. Ele também comentou que seu trabalho como repórter ajudou a polícia a esclarecer 637 homicídios ao longo dos anos.

Gil Gomes ator e afastamento

Gil Gomes falou em entrevista sobre vício em jogos, morte do filho e carreira na televisão
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Gil Gomes falou em entrevista sobre vício em jogos, morte do filho e carreira na televisão

Depois de um breve período na Gazeta, o comunicador mudou de emissora novamente e passou a experimentar outro lado seu: o de ator. Pelo período em que a “Escolinha do Professor Raimundo” passou pela Record , Gil foi um dos quatro professores que se revezavam, entre eles Dedé Santana e Miele.

Entre 2004 e 2005 voltou à raiz policialesca o “Repórter Cidadão”, da Rede TV! , por onde passaram também José Luiz Datena e Marcelo Rezende. Em 2005, porém, Gil se afastou de vez da televisão, após ser diagnosticado com Mal de Parkinson.

Gomes havia perdido seu filho mais velho em 2000. Guilherme Gil Gomes morreu aos 30 anos, vítima de hepatite C. Gil comentou que alguns médicos sugeriram a perda como um possível fator para sua doença.

Ele também confessou que foi viciado em jogos e perdeu muito dinheiro com isso. “Joguei muito, comprei cavalos, fiz o que quis. Mas não me arrependo. O jogo comprometeu a minha vida, mas não acabou com ela", chegou a dizer.

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Sem medo da morte

Gil Gomes morreu aos 78 anos vítima de um câncer no pâncreas
Divulgação/RedeTV!
Gil Gomes morreu aos 78 anos vítima de um câncer no pâncreas

Ainda falando para Geraldo Luís, Gil Gomes afirmou que não tinha medo da morte, mas sim de viver. “Ter doenças é natural, é da idade. Quero viver com honra, com dignidade. E isso tenho para dar e vender. O necrotério era a minha segunda casa, por isso não tenho medo da morte", declarou.

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