Personagem sempre foi uma espécie de coringa e joga o “jogo dos tronos” melhor do que ninguém, mas erros recentes colocam seu futuro à prova
Em determinado momento do episódio de “Game of Thrones” do último domingo (21) Tyrion (Peter Dinklage) fala para Varys (Conleth Hill) e Jorah (Iain Glenn) que um deles ocupará o posto de mão da rainha, que agora é do Lannister caçula. Em outro momento, ele fala que, se virar um Caminhante branco, vai marchar até Porto Real e matar Cersei (Lena Headey).
Muito se especulou sobre o destino de Tyrion, se ele era na verdade um Targaryen, ou se era o irmão que Cersei julgava que a mataria por conta da profecia. Se o segundo episódio for indicação, no próximo domingo (28) poderemos nos despedir do personagem, dono de algumas das melhores falas da série, e de uma mentalidade única.
A própria Daenerys (Emilia Clarke) atenta para este fato quando exige que ele fique protegido nas criptas durante a batalha. Mas, mesmo que sobreviva a chegada do Rei da Noite, o personagem está com sua posição como conselheiro da Rainha em risco.
Isso porque desde que começou a servir Daenerys, ele vem acumulando erros e derrotas para a Rainha, que está com a paciência cada vez mais curta para o Lannister. Apesar de inteligente, Tyrion se mostrou um tanto ingênuo e, em sua ânsia de ser útil a família, acabou preso e traído pelo próprio pai. Fugindo de Porto Real, ele encontrou seu caminho até Daenerys e, não só conseguiu seu respeito, como se tornou um de seus principais conselheiros.
É ele que tenta negociar com os donos de escravos quando eles contratam os Filhos da Hárpia para atacar Meeren. Depois de chegar ao que ele acredita ser um acordo, ele é traído por escravocratas e Daenerys aparece com Yara Greyjoy (Gemma Whelan) para salvar a cidade.
Outra vez sua ingenuidade toma conta e ele não consegue ver que o fim da escravidão é o oposto do que esses homens querem – mesmo que leve anos enquanto eles buscam outro “negócio” para gerenciar.
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Já em Westeros, ele cria uma plano que parece ideal para garantir que Daenerys cerque Porto Real, mas mais uma vez subestima seus oponentes. Cersei previu exatamente o que ele ia fazer e, com a ajuda de Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) e Euron Greyjoy (Johan Philip Asbæk) destrói todos os aliados da Rainha Targeryen.
Seu sobrenome faz com que Daenerys questione se ele quer mesmo acabar com o reinado da irmã e, desde então, ela já não tem a mesma confiança em seus conselhos. No Norte isso fica evidente quando ele mais uma vez defende o irmão, depois que o mesmo confirma que o exército Lannister não está de fato marchando para o Norte.
Sua moral está abalada, e a maioria de suas decisões foi equivocada. Até mesmo Sansa (Sophie Turner) percebe que ele não é mais o homem inteligente que ela costuma acreditar. Muito disso se deve a própria série, que não conseguiu manter o personagem na mesma forma em que estava quando era baseado nos livros. Uma vez que isso acabou, ficou mais difícil desenvolver um dos personagens mais complexos de “Game of Thrones”.
Ainda assim, ele continua sendo querido pelos fãs e o que se desenha é um fim, seja pelos mortos, ou por Cersei (por intermédio de Bron). Tyrion é relevante, mas não tem a mesma história de antes. Seus conselhos estão errados, suas estratégias fracas e seu desenvolvimento pessoal ficou muito aquém de outros personagens como a própria Sansa.
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Por conta de ser uma das poucas unanimidades entre os fãs, e ter sido carregado com brilhantismo por Dinklage, o personagem deve ter um final heroico e satisfatório, mesmo que seja morto. Mas Tyrion, como é representado hoje, não tem mais lugar de destaque no governo que Daenerys planeja ter.