André Marinho, comunicador que saiu do programa 'Pânico' da Jovem Pan após desentendimento com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Em conversa com o programa 'Cara a Tapa', ele comentou sobre o acontecido e como ele se afastou da família Bolsonaro após a entrevista com o presidente.
"Eu com quadro do Ronald Reagan e Winston Churchill no meu quarto, virei de esquerda", comentou. Marinho também criticou o governo. Ele disse que Bolsonaro sacrificou a agenda de governo para "perpetuação dele no poder e blindagem jurídica da família, com todas as ondas de acusações que vieram logo depois das eleições". Ao falar sobre a relação com a família, ele falou sobre a facada.
Na conversa, André contou que no dia que ele sofreu a facada, foi o primeiro a avisar a esposa dele, Michele Bolsonaro. "Eu avisei a Michele da facada. Teve um momento bem surreal da facada. Entrou ou não entrou, qual taxa de hemorragia, que vai acabar gerando um dano irreversível. Você tem que ter frieza neste momento, você está lidando com uma esposa que está aflita e você tem que transmitir tranquilidade na medida do possível e eu que fui o portador da má notícia", disse.
Então, ele contou que passou por uma situação curiosa na ocasião. "No primeiro momento ela ficou bem serena, depois ficou bem fechada, sem entender. Teve um momento que ela pegou nas minhas mãos, fechou os olhos e pediu para eu falar com ela com a voz dele. Eu falei: ‘Mi, vai dar tudo certo, vamos ter fé em Deus’ Rolou isso, foi inacreditável", disse.
André afirmou que Bolsonaro utiliza o momento da facada para "correr atrás do prejuízo". "Ele traz isso à tona depois de alguma fala ou presepada dele. Ele usa o fator Adélio para trazer a lembrança afetiva do mártir, é legítimo, mas é interessante ver o momento que ele traz isso". Na época da facada, André diz que no hospital em São Paulo, Bolsonaro teria dito: "É só não fazer mais nada que já está ganho".
Sobre a saída do 'Pânico' após um desentendimento com Bolsonaro, André disse que não se arrepende da briga. “Minha sensação foi de missão cumprida naquele momento, eu expus a fragilidade do presidente", disse.
"Foi traumático, mas foi necessário. No intervalo, Emilio olhou para mim e disse assim: ‘maravilhoso’. Ele gosta da audiência, ele instiga o pessoal da bancada dependendo do contexto. Furei a bolha. Nos últimos 3 meses foram 36 convidados de cunho político, 33 bolsonaristas", disse. Ele contou que decidiu sair do programa após a polêmica, disse que Emilio tentou negociar. “Emilio Surita fez de tudo para eu me manter, me ofereceu férias, disse que falaria o que eu quisesse no ar”, disse.
Ele contou que a diretora do programa, Paula Krausche, não gostou do tratamento de André com Bolsonaro. "No ar, como ele [Emilio] pediu desculpas para Paulinha, ela se sentiu internamente justificada de canalizar a ira dela em mim. Pelo que apurei, até o marido dela queria me pegar na rádio", disse. Depois da repercussão e um programa em que brigou com outros participantes da bancada e Paula Krausche, ele pediu demissão.
"Houve uma pressão superficial, não sei o que ocorreu, mas isso ocorreu. Justiça seja feita, a Jovem Pan me auxiliou a não sofrer uma retaliação. É sintomática a minha saída e a entrada do Coppola, Alexandre Garcia e Ricardo Salles, bolsonarizando o prime time deles", disse. Veja o programa: