Distribuição gratuita de livros com temática LGBTI feita pelo youtuber Felipe Neto em protesto à censura de Crivella
Cristiane Mota/Fotoarena/Agência O Globo
Distribuição gratuita de livros com temática LGBTI feita pelo youtuber Felipe Neto em protesto à censura de Crivella

Felipe Neto começou a  distribuir os 14 mil exemplares de temática LGBTI por volta das 12h deste sábado (7). O movimento foi motivado como uma forma de resposta "à censura e à
homofobia", segundo o youtuber , após as declarações de censura do prefeito Marcelo Crivella a um gibi da Marvel. O caso tem tido reviravoltas desde quinta-feira.

Funcionários da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Seop) estiveram na Bienal do Livro para uma vistoria . Ontem, o Tribunal de Justiça concedeu uma liminar que impede a prefeitura de "buscar e apreender" obras no evento. Hoje, no entanto, o presidente do TJ, Claudio de Mello Tavares, concedeu, no início desta tarde, liminar favorável à Prefeitura do Rio .

O youtuber afirma que as doações são um incentivo à leitura, à diversidade e ao amor. As reações ao seu posicionamento foram os mais diversos, com apoio e discordância.

"Fiquei muito emocionado com o volume de apoio e reverberação. Isso só mostra que vivemos tempos sombrios, em que precisamos lutar e resistir. Se não lutarmos agora, pagaremos
um preço muito alto", disse, afirmando ter sofrido também represálias.

"Alguns deputados do PSL e simpatizantes do governo, como sempre, vomitaram absurdos reacionários e fascistas. A Deputada Carla Zambelli curtiu uma postagem que dizia que iria atear fogo nos livros distribuídos na Bienal. Isso mostra o caráter dessa gente", acrescentou.

Com a virada de mesa da decisão do TJ, Felipe Neto foi às redes pedir apoio do público presente no evento para evitar a apreensão de obras. A retomada da distribuição dos
exemplares foi adiantada em duas horas.

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Ele conta ter lido recentemente os títulos "Com amor, Simon", de Becky Albertalli, e "A garota dinamarquesa", de David Ebershoff, estando motivado a buscar novas obras com a
temática LGBTI. Perguntado sobre quem deve acompanhar a leitura das crianças, decidindo ser impróprio ou não, Felipe Neto afirma ser uma escolha que cabe aos pais.

"Existe classificação indicativa, existe monitoramento dos órgãos competentes. Contudo, no final, cabe aos pais a educação de seus filhos e somente eles podem de fato decidir o
que suas crianças consumirão, ou não. É claro que há assuntos sensíveis para crianças, mas afeto e amor não podem compor essa lista", declarou.

Leia também: Venda de livros LGBTQ+ aumenta e editoras repudiam atitude de Crivella

Reação nas redes

Na noite desta sexta-feira, Felipe Neto anunciou em um vídeo a compra de 14 mil obras com temática LGBTI e sua distribuição gratuita ao público presente à Bienal do Livro, neste
sábado, ao meio-dia. A ação é uma resposta ao vídeo publicado na quinta por Marcello Crivella contra o beijo gay da HQ " Vingadores: A cruzada das crianças ", e à ação da
prefeitura de sexta, quando dez funcionários da Secretaria Municipal de Ordem Pública (SEOP) foram à Bienal do Livro para identificar e lacrar livros considerados "impróprios".

Fiscais da Prefeitura do Rio de Janeiro foram à Bienal do livro na sexta-feira (6) para recolher livros
Gabriel de Paiva/ Agência O Globo
Fiscais da Prefeitura do Rio de Janeiro foram à Bienal do livro na sexta-feira (6) para recolher livros

No vídeo, que foi um dos assuntos mais comentados de sexta-feira e chegou a ser compartilhado por Caetano Veloso em seu perfil no Instagram, o youtuber informou que os livros serão embalados em plástico opaco, lacrado com a seguinte mensagem: "Este livro é impróprio para pessoas atrasadas, retrógradas e preconceituosas".

No vídeo, Neto também ressaltou que "nunca incomodou ao prefeito que as HQs historicamente tenham cenas de violência, sangue, guerra, tiro, porrada, bomba, isso não importa. Só o que incomoda é o amor entre pessoas do mesmo sexo".

As publicações distribuídas na Praça Central da Bienal foram negociadas pela equipe de Felipe Neto diretamente com as editoras participantes da Bienal. Alguns exemplares saíram dos estandes e outros tiveram de ser trazidos dos estoques das editoras.

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