Uma pesquisa publicada em junho pelo  iG Gente mostra que Raul Seixas é o roqueiro mais ouvido , em 2019, em oito estados brasileiros. Além disso, o cantor baiano está presente na lista dos três mais ouvidos em quase todo o País.

Raul Seixas
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Raul Seixas

Trinta anos após sua morte, o Maluco Beleza continua relevante, importante e autêntico. Sua música já foi regravada por inúmeros artistas e ele já foi tema de filmes, documentários, além de trilha de filmes e novelas. Raul Seixas é o objeto de ao menos 32 publicações, entre elas “ O Raul que me Contaram ”, escrita pelo jornalista Tiago Bittencourt.

Ao contrário do caminho tradicional traçado pelas biografias, o livro de Tiago começou com um documentário – mais especificamente um episódio do programa “Caminhos da Reportagem”, que foi ao ar em 2015.

capa de livro
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"O Raul que me Contaram", de Tiago Bittencourt

“Quando foi exibido (o programa) eu percebi que era muito material”, explica Tiago. Ele conta que o arquivo somava 30 horas de entrevista – para uma hora de programa. Foi assim que ele decidiu escrever um livro, somando as histórias contadas pelos entrevistados com os bastidores de como é fazer um documentário.

Fã de Raul desde a adolescência, passada na mesma Salvador do cantor, Tiago mergulhou no universo dos fãs para produzir o documentário, e acabou descobrindo um artista “glamurizado”. Para ele, o rebelde inconformado muitas vezes se sobressaía ao músico com vício em álcool e drogas. “As pessoas não gostam de ouvir as coisas ruins”, explica.

Mas ele conta que essas histórias também mostram quem Raul era, e tornam sua biografia ainda mais completa. Afinal, ele escreveu músicas belas, mas também já subiu ao palco atrasado, tocou três músicas e abandonou um show, fazendo com que fãs furiosos fossem xingá-lo na porta do hotel.

Tânia Barreto, uma das companheiras do músico, fala sobre como Raul abandonou a primeira esposa, Edith, e a primeira filha, Simone, e como isso o consumiu. Fala também sobre como, nos últimos anos de vida, ele ouviu dos médicos que, se não parasse de beber, poderia ter diabetes e ficar cego. Quando chegou em casa de uma consulta, treinou andar com os olhos fechados, conformado com a possibilidade de perder um sentido ao invés de parar de beber.

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Para Tiago, é justamente esse contraponto que difere seu livro. “A história dele não é só a droga ou a música. É a história de um cara que foi atrás do que ele queria e viveu deixando uma marca”, acrescenta.

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Eterno inconformado

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Tiago Bittencourt é autor de "O Raul que me Contaram"

“Raul sempre foi uma pessoa inconformada”, diz Plínio Seixas, irmão de Raul, no documentário da TV Brasil. Tiago ecoa esse sentimento: “Raul, além de ser anarquista, era uma metamorfose. Ele cantou muitas coisas da vida dele. Acho que ele ainda seria um anarquista e faria os comentários dele de forma ácida”, acredita o autor.

Para ele é difícil prever quem seria Raul se estivesse vivo hoje, dada sua característica metamórfica, mas imagina um “cara ácido e sagaz”: “lá na década de 1970 quando estourou, estava no mesmo contexto de crítica que Caetano, Chico, que contestava a ditadura, mas não era da Tropicália ou da Bossa Nova”, aponta Tiago.

De diferente, ele tinha a mensagem, que era direta e simples, para “o povo entender”. Foi assim que ele convenceu Paulo Coelho a mandar Al Capone “se orientar”, ou então falou que ele queria parar o mundo para poder descer. E essa forma de falar com as pessoas que faz Raul relevante 30 anos depois.  

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Nesta quarta-feira (21) Raul Seixas será homenageado em uma passeata em São Paulo que cruzará o centro da cidade. O evento acontece anualmente para homenagear o cantor, e contará com a participação de Tiago. Na quinta-feira (22), o autor estará na Casa do Saber, também na capital paulista, onde falará sobre Raul e ainda assinará cópias de “O Raul que me Contaram”.

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