Na última segunda-feira (12), a BB DVTM, subsidiaria do Banco do Brasil, divulgou o edital e regulamento para seleção de filmes que poderão receber investimentos da empresa via Lei do Audiovisual. Não sendo muito comum, o formulário questiona se “serão exibidas cenas de nudez ou sexo explícito”.

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Edital questiona se filmes possuem cenas de nudez e drogas
Reprodução/Mostra CCBB
Edital questiona se filmes possuem cenas de nudez e drogas

Além do questionar se há cenas de nudez ou sexo explícito, na seção cinco, de "informações adicionais" do formulário para os  filmes , ainda contém mais duas perguntas sobre o tema do prejeto. O edital questiona se “a obra tem cunho religioso ou político?” e se “a obra faz referência a crimes, drogas, prostituição ou pedofilia?”.

Edital do BB questiona sobre cenas com nudez, drogas e religião
Reprodução/Trecho de Edital
Edital do BB questiona sobre cenas com nudez, drogas e religião

Em julho o presidente  Jair Bolsonaro criticou o uso do dinheiro público para filmes como “Bruna Surfistinha” e decidiu transferir a Ancine do Rio de Janeiro para Brasília. Durante seu discurso da transferência da sede, Bolsonaro argumentou que precisa fiscalizar de perto os recursos distribuídos na indústria cinematográfica. “Não posso admitir que, com o dinheiro público, se façam filmes como o da ‘Bruna Surfistinha’. Não dá”, afirmou o presidente.

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Após o edital ser divulgado na segunda (12), o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região se posicionou referente a essas questões presentes no formulário. “É um absurdo o governo usar o Banco do Brasil para aplicar esta clara tentativa de censurar, através da força do dinheiro, o cinema brasileiro”, criticou João Fukunaga, bancário do BB e Secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

“Se um filme aborda uma temática relacionada a uma religião diferente da do presidente, não poderá ser realizado? Vários filmes brasileiros com cenas de nudez são premiados internacionalmente! O BB deveria zelar pela pluralidade de ideias e de temas”, continuou Fukunaga.

João Fukunaga ainda explica que o presidente do banco em questão, Rubem Novaes, concorda com tais atitudes: “Vetar que empresas públicas financiem obras cinematográficas devido ao seu conteúdo é uma clara tentativa de censura, a qual o presidente do banco público, Rubem Novaes, corrobora”.

Ainda de acordo com a nota publicada no portal do Sindicato dos Bancários de SP, Osasco e Região, João vê essa atitude indo contra o estado laico e da produção de filmes : “Além de atentar contra o estado laico, a postura do governo e da direção do banco é extremamente equivocada, uma vez que não é doação para a produção, mas sim um investimento que traz retornos não só financeiros, mas como forma de fomento a uma indústria e de preservação do patrimônio cultural do nosso país”.

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