Tendo seus primeiros anos produzidos e exibidos pelo Canal 4 , emissora do Reino Unido, a série “Black Mirror” conquistou público e espaço, chegando a sua quinta temporada - lançada na última quarta (05) - em uma plataforma de streaming internacional.

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Black Mirror
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Black Mirror

Sucesso de crítica e público, “ Black Mirror ” virou o tipo de série evento que fez a fama da Netflix .

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Para o comentarista de séries e TV Paulo Gustavo Pereira, a produção ainda têm um longo caminho para percorrer, todavia, definitivamente é um marco na história do streaming.

“Quando se fala em popular, se fala em algo que atinge todo mundo, de todos os tipos de classes, coisa que não acontece com ‘BM’”, diz ele, que acrescenta: “Para mim,‘BM’, assim com ‘House Of Cards’, ajudou as pessoas a darem mais atenção para isso [serviço de streaming] do que para a TV, auxiliou a popularizar a marca Netflix ”.

Em contraste à opinião de Paulo Gustavo Pereira, João, que assiste a série desde que a exibição acontecia apenas no Reino Unido, e Kayro, que acompanha desde que a produção chegou à Netflix, veem a atração como um fenômeno natural do audiovisual.

“A partir do momento em que conteúdo de qualidade chega ao [streaming], é inevitável se tornar um fenômeno pop. Seria uma injustiça se uma série dessas não se tornasse um fenômeno”, diz João, que é corroborado por Kayro: “‘BM’ não ficou pop demais, já nasceu pop! Lembrando que o ‘pop’ de hoje é o vintage de amanhã”.

Ingleses vs Americanos

Cena de National Anthem (temporada inglesa) e cena de San Junípero (temporada americana) de Black Mirror
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Cena de National Anthem (temporada inglesa) e cena de San Junípero (temporada americana) de Black Mirror

Falar sobre a série de ficção científica é criar um divisor de águas, para o crítico de conteúdo a série tem duas fases: a inglesa e a americana. "A britânica têm um tom tradicional, às vezes não têm final feliz ou lógico. Eles não gostam de deixar nenhuma aresta solta, então quando eles fecham a história nem sempre as pessoas gostam”, comenta Paulo Gustavo.

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Ao falar da fase americana, que começou na terceira temporada, o crítico vê um desequilíbrio na dosagem da obscuridade: “O americano têm uma mão pesada para dosar, acabou que episódios ficaram ou muito light ou muito mais obscuros. No primeiro episódio [Nosedive] mesmo, a menina apenas apenas quer ser reconhecida, como esses influencers de hoje”.

Enquanto Paulo Gustavo falou dos roteiros entre as duas fases, os fãs se aprofundaram na evolução da série: “Por ter mais estrelas americanas no elenco, as histórias se tornaram mais amplas, tiveram escalas maiores, tanto no roteiro quanto em relação às CGI [Imagens Geradas por Computador], enquanto as temporadas anteriores tinham histórias mais contidas e íntimas”, disserta João, que assiste desde a exibição no Reino Unido.

Já Kayro, espectador advindo do streaming, identifica diferentes nuances: "Percebo uma alteração no tom da série. As histórias [atuais são] carregadas de tensão e finais sem solução, o que deu espaço para tons otimistas, ousando até a finais felizes, que sim, são bons, mas que se diferem bastante do tom construído desde a primeira temporada que dava um gostinho a mais no efeito mindblowing da série”, completa Kayro.

O efeito "Bandersnatch"

Cena de Bandersnatch
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Cena de Bandersnatch

Mesmo com os altos e baixos na edição, o produto conseguiu manter-se no radar para ganhar novas temporadas, incluindo um filme interativo batizado de " Bandersnatch " - responsável pelo maior pico de engajamento social da marca em 2018. Foram mais de 8.1 milhões de postagens entre os usuários do Twitter ao longo do ano.

Todavia, apesar do trio concordar que apostar em um filme interativo tenha sido uma boa ideia para a franquia, a obra parece não ter conquistado o mesmo prestígio que a série. 

"'Bandersnatch' foi um piloto de um novo formato de se assistir filmes, com a mecânica sendo mais importante que a história em si. Se parar pra pensar, não é lá aquelas coisas", declara João, que é corroborado por Paulo Gustavo: "É muito cansativo. A interatividade é legal, mas isso não é para o grande público, muita gente assistiu, mas não teve saco para fazer tudo". 

Destoando dos demais, Kayro acredita que o filme interativo é "definitivamente uma boa ideia". "De início, [o filme] nos conquista pela proposta, mas depois a quantidade de possibilidades nos envolve e acabamos vencidos pela nova proposta".

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Divisiva, " Black Mirror " inegavelmente tornou-se grande demais e as redes sociais, bem como a internacionalização da série (um episódio chegou a ser gravado em São Paulo) demonstram que um consenso talvez não seja mais possível.

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