Tudo começa com um sonho, um sonho que parece quase impossível e se torna o fio condutor da história. “Billy Elliot” é um dos melhores musicais em cartaz da temporada, pois emociona, diverte e faz pensar em como o preconceito pode afetar a vida de uma criança. Em cartaz no Teatro Alfa, em São Paulo, o espetáculo coloca a dança no seu mais alto patamar.
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“ Billy Elliot , o Musical” conta a história de um menino humilde que em meio a greve de trabalhadores das minas de carvão, que atinge diretamente sua família, descobre um amor pela dança e seu maior sonho passa a ser se tornar um bailarino. O espetáculo se passa no norte da Inglaterra, entre 1983 e 1984, e mostra como um pai, interpretado por Carmo Dalla Vecchia, supera o machismo e reconhece o talento do filho na dança.
A difícil tarefa de dar vida ao personagem título do espetáculo é dividida entre três jovens talentos que, assim como Billy, descobriram cedo o amor pelo ballet. “Dançar é libertador”, afirma Tiago Fernandes, de 12 anos. “Dançar é uma forma de extravasar e expressar o que estou sentindo”, acrescenta Pedro Sousa, de 10 anos. “Não sei o eu estaria fazendo da minha vida se eu não tivesse dançando”, complementa Richard Marques, de 15 anos.
Os três meninos tiveram um intenso processo de preparação para dar conta de dançar ballet, sapatear, fazer acrobacias, atuar, cantar, interpretar e até voar em cena. Sem dúvidas, fazer o Billy exige muito, mas a proximidade desses garotos com a história do protagonista torna tudo mais fácil e real para o público que facilmente se envolve na trama e passa a sonhar com Billy – que quebra do estereótipo de que ballet é “coisa de menina”.
“Desde que comecei no ballet o pessoal da escola falava, me chamava de mulherzinha, mas, hoje, eu estou fazendo um musical e eles sabem que é por causa da dança, então tiveram que engolir”, enfatiza Tiago. Pedro também passou por situações parecidas por gostar de dançar: “Eu já me acostumei com as piadinhas na escola, escuto muito. Já me falaram muita coisa feia, mas não deixei afetar a minha cabeça”. Richard ressalta que o Billy é um exemplo para eles: “Ele pensa antes de agir, estou tomando minhas decisões com outro olhar agora”.
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A história do Billy muda por conta de uma professora, a senhora Wilkinson, uma mulher desgostosa da vida que vê nesse menino um grande talento que merece ser explorado. “Acredito que ele seja um sopro de esperança, ela se realiza através dele”, afirma a atriz Vanessa Costa que dosa muito bem os altos e baixos da sua personagem. Ela já esteve em muitos espetáculos, mas revela um apego especial a esse.
“Esse musical é um presente, faço isso há 14 anos, é minha 18ª produção, mas justamente por eu ser bailarina sei que a história desse menino é a história da grande maioria das pessoas quem vem da dança – principalmente dos homens. Eu vivenciei muito isso com amigos do meio e poder contar essa história como bailarina, cantora e atriz não tem preço”, acrescenta Vanessa.
Agradável surpresa
Outro destaque desse musical é o divertido Michael, o melhor amigo do protagonista que gosta de usar roupas femininas. Se o Billy tem como grande desafio impressionar pela dança, o Michael tem o desafio de fazer o público rir e conseguir deixar claro através das suas atitudes a questão da sua sexualidade – mesmo isso não estando explícito nas falas.
“Em nenhuma parte do texto fala que ele é gay, mas temos que deixar isso nítido”, fala Felipe Costa, de 10 anos, o menor Michael em cena. “A gente tem que estar preparado para qualquer coisa, porque fora do teatro podem zoar a gente, mas não ligo de me vestir de mulher porque no palco não sou o Felipe, eu sou o Michael.”
Quem também assume o papel é Tavinho Canalle, de 11 anos. “O Brasil é muito preconceituoso, então não podemos deixar [o Michael] muito feminino porque podem achar um absurdo ver uma criança fazendo um papel de gay”, afirma o ator que sempre foi zoado na escola pelo seu jeito muito decorativo. “Quando você está fazendo as cenas você lembra de tudo o que passou e pode passar.”
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“ Billy Elliot ” é baseado em um filme de mesmo nome e a versão musical conta com músicas de Elton John e letras e libretos de Lee Hall. A Atelier de Cultura é a responsável pela impecável versão nacional que traz no elenco nomes como Sara Sarres, Inah de Carvalho e Beto Sargentelli. Cenário e figurino são exclusivos dessa montagem, mas as coreografias de Peter Darling, como sempre é exigido, foram mantidas.