Tendo o filme de Billy Wilder como inspiração, “Sunset Boulevard” é um musical clássico que traz uma mensagem atual. Em cartaz no Teatro Santander, em São Paulo, o espetáculo conta com Marisa Orth e Daniel Boaventura no elenco, uma orquestra em cima do palco e um criativo cenário se molda de acordo com a história.

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Divulgação/Marcos Mesquita
"Sunset Boulevard" tem Marisa Orth, Daniel Boaventura e Julio Assad no elenco


Sunset Boulevard ” explora a hipocrisia vivida em Hollywood entre as décadas de 1940 e 1950 e como o sucesso pode vir acompanhado de um posterior fracasso. Para personificar isso, a história traz Norma Desmond como protagonista, uma estrela do cinema mudo que teve seu auge, mas caiu no esquecimento. Ela vive solitária em uma mansão com o misterioso mordomo Max e vê uma esperança de voltar a se sentir viva ao conhecer o jovem roteirista Joe Gillis.

Fazer essa personagem é difícil demais, mesmo que eu não tivesse que cantar

A mansão que Norma mora fica em Los Angeles, na Sunset Boulevard, endereço que inspirou o nome do musical. Marisa Orth é quem carrega a missão de dar vida a Norma e reafirma que é tão boa no drama quanto é no humor. Esse não é o primeiro musical da atriz, mas ela garante que esse é o mais desafiante vocalmente e, por isso, alterna a personagem com a experiente Andrezza Massei.

“Fazer essa personagem é difícil demais, mesmo que eu não tivesse que cantar uma nota porque ela é uma velha que não acha que é velha, é uma louca que não acha que é louca, é sozinha, mas não acha que é sozinha. Ela trata de assuntos muito difíceis como decadência, solidão, abandono, loucura e a questão da mulher mais velha”, afirma Marisa ao iG Gente

Além disso, o musical também mostra como o passar da fama pode acabar com uma pessoa. “Só conhece o fracasso quem já conheceu o sucesso. Essa vontade de ser famoso é quase uma metáfora de ser amado, mas eu asseguro que não é a mesma coisa, a Norma fala disso, amor é uma coisa, fama é outra. O sucesso passa e bom mesmo é amar e ter amigos”, enfatiza.

O musical conta a história de Norma Desmond, uma atriz que fez sucesso no cinema mudo
Divulgação/Marcos Mesquita
O musical conta a história de Norma Desmond, uma atriz que fez sucesso no cinema mudo

Na trama, Norma se apaixona por Joe, um roteirista jovem e cheio de ambições interpretado por Julio Assad. O ator fica praticamente o tempo todo em cena e demostra versatilidade ao participar e narrar a história ao mesmo tempo. Mesmo sendo um musical mais antigo, Julio, assim como Marisa, acredita que os temas tratados do espetáculo são importantes na atualidade.

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“É um grande texto. Fala de hipocrisia e do fracasso e isso é importante para sociedade atual, onde há uma corrida por seguidores no Instagram”, comenta o ator que também elogia a versão nacional assinada por Mariana Elisabetsky e Victor Muhlethaler e a direção de Fred Hanson, que deu liberdade e pediu para os atores valorizarem a palavra ao contar essa densa história.

Daniel Boaventura passa por uma preparação de ao menos 50 minutos para viver o mordomo Max
Divulgação/Marcos Mesquita
Daniel Boaventura passa por uma preparação de ao menos 50 minutos para viver o mordomo Max

Com aparições pontuais, mas marcantes, outro veterano dos palcos, Daniel Boaventura , completa o trio protagonista como o fiel mordomo de Norma. Para ficar “careca”, ele usa uma prótese alemã que, junto com a maquiagem, demora cerca de 50 minutos para ser colocada. O ator diz que é um personagem delicioso de fazer por ser intimista e realista.

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“Ele sabe de todos os segredos e precisa deixar isso claro para o público através do olhar. Acho que existe no Max uma franqueza, ele é a força silenciosa que coordena aquela mansão. A Norma sem ele não seria nada e ele também não seria nada sem ela. Ele sabe a falsidade que cerca Hollywood e ele quer proteger aquela mulher, por toda essa humanidade ele cativa o público”, comenta Daniel que, mesmo com poucas falas e músicas, não passa desapercebido em cena.

Fico muito feliz em estar nesse reduto de excelência depois de 30 anos de carreira

A montagem brasileira de “ Sunset Boulevard ” ganhou um cenário próprio que transita de uma cena para outra de forma criativa e bem estruturada – há até uma esteira giratória. Os figurinos também foram muito bem pensados e toda essa detalhada estrutura só soma no espetáculo. “Fico muito feliz em estar nesse reduto de excelência depois de 30 anos de carreira porque sei que para estar aqui [em um musical] tem que ser bom mesmo”, conclui Marisa.   

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