Pokémon é um universo. São 122 jogos eletrônicos, 21 longa-metragens e mais de 1.050 episódios de um desenho animado exibido desde 1997 - sem falar nas toneladas de brinquedos. Mas entre milhares de personagens, um se destaca: Pikachu. Só ele tem seu próprio balão na Parada de Ação de Graças da Macy's, é mascote oficial da seleção japonesa de futebol e agoraganha filme em Hollywood duplado por Ryan "Deadpool" Reynolds . Afinal de contas, o que só o personagem amarelinho tem?
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Pikachu com poderes elétricos surgiu junto com a Pokémon , em 1996, auge da exportação dos produtos culturais japoneses. Fugindo da tradição, sua origem não foi nos animes (animações do Japão) nem nos mangás (histórias em quadrinhos): o primeiro lançamento foi um jogo para Game Boy, videogame portátil da Nintendo, em fevereiro daquele ano.
No início, rival rosada
No game, o personagem era apenas um dos 151 monstrinhos capturáveis. A narrativa girava em torno da relação entre um garoto chamado Red e seu rival, Blue. Os dois competiam para ser o melhor “mestre Pokémon”, ou seja, o humano que tivesse a coleção de monstrinhos mais "evoluídos" (com nível mais avançado).
O sucesso imediato no Japão fez os produtores desenvolverem outras plataformas para a marca. Ainda em 1996, foi lançada a primeira série de cards (cartas para coleção e competição) e a primeira série de mangá - cujos protagonistas eram o treinador, Pikachu e Clefairy, uma Pokémon rosada. O sucesso da série, que apostava em um humor rude, por pouco não fez o ratinho perder o lugar para sua colega.
O ponto de virada foi a escolha de Pikachu como protagonista no anime lançado em 1997, como explica Gabriela Kurtz, professora de Comunicação Digital na PUC-RS cujo trabalho de conclusão de curso foi "Pikachu Verde e Amarelo: a saga da franquia Pokémon no Brasil".
"Na TV, Clefairy foi substituída pelo Pikachu, considerado pelos produtores mais “fofinho”. Além disso ela tinha uma cor primária, o amarelo, que chamaria a atenção de crianças pequenas e meninas, além do público que eles já teriam conquistado, majoritariamente de meninos".
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Quando o jogo chega ao Ocidente, Pikachu era o carro-chefe da franquia - que já faturou mais de 90 bilhões entre todos os tipos de produto. Desde então, já surgiram 807 diferentes Pokémons - mas Pikachu mantém seu trono.
Personalidade forte
Desde que surgiu, o bichinho amarelo já teve dezenas de designs e personalidades. Na opinião de Gabriela, inclusive, ele é mais crível que o próprio protagonista humano, o certinho Ash:
"Além de ser fofo, Pikachu tem uma atitude diferente dos demais Pokémons. Ele não evolui naturalmente, não aceita estar em uma Pokébola. Essa personalidade forte ajuda no desenvolvimento de toda a narrativa".
Ganhou também uma “subevolução”, o Pichu. O Pichu vira Pikachu quando atinge determinado nível de experiência. Agora, em filme, chega com vocação de detetive, viciado em cafeína e com a voz de Ryan Reynolds.
Para Gabriela Kurtz, apesar de todo o sucesso, não há risco de Pikachu se tornar maior que a franquia - apesar de deixar alguns pais e mães confusos.
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"No Japão, Pokémon alcançou o mesmo status da Hello Kitty. E Pikachu , apesar de precisar de toda a mitologia da marca para apoiar sua existência, se tornou um sinônimo para a marca. Não é raro ver pais chamando todos os Pokemons de “Pikachu”. Ele é o personagem em maior evidência".