A primeira vez que o Scalene subiu ao palco do Lollapalooza foi em 2015. O grupo de Brasília já era conhecido na cena alternativa, mas o estouro no Brasil viria meses depois quando eles participaram do “SuperStar”.
Desde então foram dois discos de estúdio, uma participação no Palco Mundo do Rock in Rio e no SXSW nos EUA, um álbum ao vivo e muitos fãs pelo Brasil. “A gente aprendeu muita coisa, cresceu muito, conheceu muita gente”, comenta Gustavo Bertoni , vocalista e guitarrista do Scalene .
Leia também: Lollapalooza tem edição mais LGBT de todos os tempos, mas não abraça a bandeira
Agora, eles retornam ao festival em São Paulo com mais um disco engatilhado, muitas parcerias com outras bandas nacionais e uma surpresa para os fãs. Na última semana eles lançaram a faixa Desarma ao lado do rapper BK, que se apresenta no domingo (07).
Bertoni não quis entregar muito, mas a chance do artista marcar presença na apresentação da banda é grande. Eles se apresentam na sexta-feira (05) ao lado de nomes como Arctic Monkeys, The 1975 e St. Vincent.
“Quando tocamos (no Lollapalooza ) pela primeira vez eu tinha 21 anos”, relembra Gustavo, que começou a banda com seu irmão Tomás Bertoni, Lucas Furtado, Philipe Conde (Makako) e Alexia Fidalgo (hoje fora do grupo).
Quando surgiram do reality show da Globo eles já tinham dois discos, “Cromático” e “Real/Surreal”, que logo os colocaram como promessa do rock nacional. “A gente era visto nessa época como uma das promessas e foi desse ano (2015) que começamos a mostrar nosso potencial”, relembra.
Leia também: Lollapalooza Brasil tem preços mais altos que festivais internacionais
Você viu?
Gustavo acredita que a banda conseguiu confirmar essa expectativa, enquanto amadurecia seu som, o que culminou em “magnetite”, elogiado disco de 2017. Agora, Bertoni faz mistério sobre o que virá a seguir, embora o álbum seja esperado para o segundo semestre. Além do rapper, o vocalista confessou o interesse da banda em gravar com alguém da “velha guarda” do rock, o que deve acontecer no próximo trabalho.
Além do Lollapalooza e um ou outro show que marcam os 10 anos da banda, o tempo do grupo tem sido dedicado a nova produção. Enquanto isso, Gustavo se divide entre o Scalene e seu trabalho solo.
Em inglês, ele lançou em 2018 seu segundo álbum, “When light pours in”, trabalho esse que ele encara como um “exercício de composição e uma terapia que não se encaixa muito no repertório do Scalene”. “A gente encara a banda como um grupo de quatro mentes – tem certas coisas que eu quero falar de um ponto de vista super pessoal e super íntimo”, confessa.
Isso não significa que o Scalene tem menos peso no seu trabalho, pelo contrário. “Scalene continua sendo o projeto principal”, explica. A ideia, posta em prática desde o lançamento de seu primeiro trabalho solo, também em 2015, é dosar os dois projetos, e se voltar ao trabalho pessoal como forma de explorar sua vulnerabilidade – além de um formato diferente da banda, só com ele no palco, fazendo voz e violão. “Quero fazer projetos esporádicos, oferecer outro tipo de experiência para o fã e também vivenciar isso”.
Com 25 anos, Gustavo é muito seguro de suas palavras e na maneira como fala sobre sua banda. E por que não seria, quando o Scalene só progride, melhorando e evoluindo a cada álbum?
A ascensão da banda, no entanto, não é meteórica, e eles estão há anos na estrada. Mas, se em 2015 o nome era o último no line-up do dia, hoje já subiu para os principais. Ele comenta que ainda falta espaço para bandas nacionais em grandes festivais, embora concorde que o reconhecimento hoje é maior.
Ele, porém, pondera que a lista de festivais nacionais dedicados aos mais diversos estilos só aumenta, enquanto o cenário brasileiro só melhora. Em 2019, além da alta quantidade de artistas nacionais, o Lolla ainda terá Os Tribalistas como headliners, marcando a primeira vez que uma atração que não é de fora do Brasil ocupa tal espaço.
Leia também: Jorja Smith, The Struts e os alternativos imperdíveis do Lollapalooza 2019
Embora faça mistério sobre o setlist para o Festival, Gustavo promete “a mesma intensidade de sempre”. O Scalene sobe no palco Budweiser às 14h da sexta-feira (5).