O novo filme de Liam Neeson, "Vingança a Sangue-Frio" teve sua estreia adiada no Brasil. O longa, que estrearia nesta quinta-feira (14), foi reprogramado para 14 de março. A Paris Filmes, que distribui o filme no Brasil, reconheceu que a alteração ocorre em virtude da polêmica envolvendo o ator, mas também por força do lançamento do nacional "Minha Fama de Mau", cinebiografia do cantor Erasmo Carlos, também distribuído pela empresa e agendado para esta quinta (14). 

Cena de Vingança a Sangue Frio
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Cena de Vingança a Sangue Frio

"Vingança a Sangue-Frio" estreou no último fim de semana nos EUA e arrecadou  pouco mais de US$ 10 milhões, configurando-se como uma das piores bilheterias de estreia de um filme de Liam Neeson . Na década, a pior ainda é "72 Horas" (2010), em que ele dividia a cena com Russell Crowe. 

Nos EUA, o longa é distribuído pela Lionsgate, que estava esperando uma bilheteria entre US$ 7 e US$ 10 milhões no fim de semana de estreia. O longa jamais esteve no radar para ser um blockbuster, mas todo o buzz sobre o astro irlandês nos últimos dias transformou o olhar e as expectativas em relação à produção.

Em uma era em que se boicota tudo e qualquer coisa, a Paris Filmes age com prudência em esperar um pouco mais para colocar o filme nos cinemas. Uma nova polêmica há de raiar e mobilizar a atenção da mídia especializada, bem como das redes sociais.

No entanto, todo o imbróglio levanta outra questão pertinente. Qual o impacto desta polêmica na carreira de Liam Neeson? Para além do debate em si, um tanto deturpado no foro midiático, o ator deve ver escassear propostas no curto prazo. Spike Lee, que anda sendo bastante consultado em virtude de sua indicação ao Oscar, já disse que não escalaria o ator para um futuro projeto.

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Liam Neeson em cena de
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Liam Neeson em cena de "Vingança a Sangue Frio", cuja estreia no Brasil foi adiada para março

Já há campanhas nas redes sociais para que ele seja removido de "MIB - Internacional", blockbuster da Sony que será lançado em junho. O precedente aí é a remoção de Kevin Spacey após as denúncias de assédio e abuso sexual do filme "Todo o Dinheiro do Mundo" (2017).

Em um EUA sob Trump e uma inescapável leniência com o racismo institucional, Neeson claramente iniciou um debate que precisa ser abastecido com contundência e angulação, mas sua carreira deve sofrer alguns baques e isso independe da longevidade, ou mesma existência, do debate em questão.

O irlandês, que já externara antes o desejo de deixar de fazer filmes de ação e voltar-se para outros gêneros, tem cinco projetos para serem lançados até 2021. A maneira como o ator e seus publicistas (profissionais de mídia responsáveis pelo gerenciamento da carreira) irão abordar o problema nas próximas semanas será crucial.

No Brasil, Nego do Borel, envolto em uma polêmica semelhante na esfera da transfobia, tenta sem muita sutileza midiática uma espécie de perdão das redes sociais. O caso de Neeson é mais complicado porque parece ter atingido o status quo do país. As parcas manifestações favoráveis ao irlandês, notoriamente uma figura querida da indústria, demonstram que sair desse labirinto não será tão fácil.

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No médio prazo, ou Liam Neeson intensifica sua presença no gênero de ação, aludindo com as devidas proporções o caminho seguido por Nicolas Cage, ou escolhe olhar para o cinema independente americano - ou mesmo o europeu - com mais atenção. 

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