Fundada em 2011, a Annapurna Pictures rapidamente se tornou uma das produtoras de filmes mais badaladas da cena independente americana, produzindo filmes importantes como “Ela” (2013), “Trama Fantasma” (2017) e três produções que concorrem ao Oscar 2019: “Vice”, “Se a Rua Beale Falasse” e “A Balada de Buster Scruggs”.
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Fundada por Megan Ellison , filha do bilionário Larry Ellison, empresário da área de tecnologia, a empresa se capitalizou e expandiu rapidamente sem deixar de dar atenção a uma agenda inclusiva. Um exemplo disso é que 7 dos 28 filmes que a produtora realizou até hoje foram dirigidos por mulheres, o que coloca a Annapurna Pictures com uma média de 25% nesse departamento - maior do que qualquer outro estúdio em atividade em Hollywood hoje.
O começo da jornada de Ellison, que começou como produtora associada da Sony Pictures, foi juntando forças com Harvey Weinstein, hoje caído em desgraça após inúmeras denúncias de assédio e abuso sexual, e sua The Weinstein Company. A ideia de fazer cinema de verdade, com alma independente, mas dentro do sistema de estúdios sempre foi atraente para a executiva.
“Os Infratores”, drama estrelado por Shia LaBeouf e Jessica Chastain, foi o primeiro filme do estúdio e foi lançado em 2012, já com exibição no Festival de Veneza. A parceria com Weinstein rendeu ainda “O Mestre” (2012), filme de Paul Thomas Anderson, um dos poucos cineastas que já trabalhou mais de uma vez com a produtora de Ellison. Os outros são David O. Russell, Kathryn Bigelow e Richard Linklater.
Com a Sony Pictures, os filmes desenvolvidos foram “Ela” (2013), “A Hora mais Escura” (2012), “Trapaça” (2013) e “Foxcatcher – Uma História que Chocou o Mundo” (2014). Todos, com exceção do último, indicados ao Oscar de Melhor filme. A expertise na promoção dos longas talvez seja herança da convivência e aprendizado com Weinstein, mas fato é que Ellison e sua Annapurna rapidamente se capitalizaram em Hollywood.
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Outros acordos foram costurados. A Plan B, produtora de Brad Pitt, alinhou um plano de desenvolvimento de filmes que prevê três lançamentos por ano com o estúdio de Ellison. Com a MGM foi fechado, em 2016, um acordo para distribuição internacional em alguns territórios dos filmes da empresa. Mesmo ano em que a Annapurna passou a distribuir os próprios filmes nos EUA.
Em julho de 2017, Ellison, que também é CEO de sua empresa, costurou um acordo com a 20th Century Fox Home Entertainment para que a segunda distribua os lançamentos domésticos de sua empresa.
A empresa também tem acertos para produzir conteúdo para a Netflix e com a MGM para uma distribuição mais ampla dos próprios filmes em solo norte-americano.
O crescimento do estúdio de Ellison é rápido e sustentável como pouco se viu, ou se crer possível em uma janela tão curta, em Hollywood . Para se ter uma ideia, estúdios que cresceram desordenadamente em um passado não muito distante, como Summit e Dimension, tiveram que ser vendidos para estúdios de médio ou grande porte.
Para 2019, o estúdio tem três lançamentos confirmados. O primeiro, um novo filme de Richard Linklater e protagonizado por Cate Blanchett (“Cadê Você, Bernadette?). A estreia na direção da atriz Olivia Wilde também será lançada em 2019. Em desenvolvimento, mais de 10 títulos, inclusive os novos filmes de Bennett Miller e Karyn Kusama.
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Consolidada como uma produtora de filmes de arte dentro da lógica de Hollywood, a Annapurna Pictures é uma das melhores novidades que os cinéfilos e apreciadores do bom cinema poderiam desejar.