Fora de minha zona de conforto, escrever uma resenha da série “Titãs” foi algo que mexeu com a minha cabeça. Praticamente um daltônico do mundo geek, raramente acerto quando a charada é distinguir quem é do universo DC e quem é da Marvel. Me despi do medo e apertei o play na Netflix como se fosse uma produção de uma temática qualquer.
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Nos primeiros episódios a ansiedade é o sentimento predominante, principalmente para quem acompanhou os HQ’s ou a versão menos infantilizada de “Jovens Titãs ”, transmitida pela Cartoon Network e posteriormente pelo SBT .
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O que mais se nota, pelo menos de início, é o “Q” de obscuridade dado a série, de modo que ela acaba sendo construída à base de muita ação, sangue e acontecimentos extranaturais. Além disso, apesar dos momentos “paradões”, a produção faz um serviço que as animações da franquia ainda não fizeram, não apenas mostrou os heróis em ação, como explicou de que forma o grupo se reuniu e, melhor, o que os motivou a lutar juntos contra o “mau”.
O protagonismo de Robin
Contendo quatro protagonistas, é notável como Ravena, Mutano e Estelar ficam de escanteio por alguns episódios para dar protagonismo a Robin. Porém, o hiato de ação dos demais heróis tornar-se perdoável quando se entende que o ex-parceiro do Batman está em uma jornada de autoconhecimento para, inexoravelmente, renascer como Asa Noturna.
Em meio a toda essa jornada recheada de descobertas, de ação e de pecados obscuros, os criadores da produção seriada ainda arranjaram tempo para adicionar um pouco de humor e irreverência semelhantes a heróis como Deadpool e Aquaman. Esse toque, mesmo não estando presente em todos os momentos, é o que sustenta as partes mais entediantes.
Os mistérios
Ravena e Estelar são os grandes “coringas” da produção, elas garantem o mistério durante boa parte do enredo. Isso acontece, pois, a alienígena perdeu a memória e têm de reunir os cacos de quem é, e pior, o que estava procurando. Enquanto isso, Ravena, que foi criada por uma matriarca superprotetora, têm de descobrir de onde realmente é, quem é seu pai, como controlar seus poderes e por que tantas pessoas a querem morta.
A estelar negra
Antes mesmo da estreia na Netflix , muito se discutiu sobre a cor da personagem Estelar. Originalmente amarela, em adaptações para animação, a heroína ganhou a tonalidade branca.
Retrata como negra na série live action, a escolha não agradou a todos. Porém, isso não minimiza o fato de que a alienígena guerreira é uma das personagens mais completas da série, tendo personalidade, efeitos especiais dignos, história envolvente e bons momentos luta e, claro, sensualidade.
"Titãs" no geral
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Mesmo perdendo o “punch” em seu meio, “ Titãs ” é um ótimo entretenimento, creio que não seja capaz de converter os admiradores da Marvel para o universo DC , mas tenho que concordar que foi uma ótima tentativa e, com certeza, merece mais temporadas.