Com estreia prevista para a próxima quinta-feira (17), “O Peso do Passado” traz consigo uma Nicole Kidman como jamais se viu na pele da detetive Erin Bell, que trabalhou infiltrada anos antes em um gangue e que, depois daquela experiência traumática e por ela perenemente transformada, se lança em uma caçada obsessiva pelo líder daquele grupo.
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O filme rendeu a Nicole Kidman uma indicação como atriz dramática no último Globo de Ouro e suscita expectativas de nomeação ao Oscar. Se concretizada, seria a quinta da australiana e a terceira nesta década. Mas há outra força da natureza por trás de “O Peso do Passado” . Trata-se da cineasta nova-iorquina Karyn Kusama .
Aos 50 anos, Kusama finalmente está sendo descoberta por sua prodigiosa habilidade de dirigir. Há dez anos ela lançava “Garota Infernal”, um filme que foi vendido erroneamente pelo marketing e que tinha como principais estrelas a roteirista Diablo Cody com seus ideiais feministas em alta e a grande it girl da época Megan Fox. Uma década depois, “Garota Infernal” parece mais um filme de Kusama do que de Cody e sustenta algumas ideias pós-feministas que à época pareciam fora do esquadro.
Além de dirigir alguns dos melhores episódios de boas séries como “Billions”, “Masters of Sex”, “Casual”, “The L World” e “The Man in the High Castle”, Kusama lançou em 2015 “O Convite”, um suspense diferente de tudo o que o cinema independente americano habituou-se a produzir. O vigor de sua direção, a maneira capciosa com que desvela a trama e seu olhar aguçado para a arquitetura visual, de uma cena, mas também de todo o filme, rapidamente se tornaram o principal predicado dessa obra cheia de bons momentos e extremamente intrigante. A produção foi lançada no Brasil diretamente na Netflix, onde está disponível.
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Os outros dois filmes comandados pela americana foram “Boa de Briga” (2003), estrelado por Michelle Rodriguez, um bom drama que também se resolve como um filme de ação com pujante protagonismo feminino, e “Aeon Flux”, adaptação de um game estrelado por Charlize Theron. Este último é o filme mais malsucedido artística e comercialmente de Kusama. Há boas ideias, mas elas são mal ventiladas narrativamente.
“O Peso do Passado”
Elogiado pela crítica e com boa média de público nos cinemas americanos, tudo indica que o longa-metragem deve ajudar a cineasta a mudar de panorama na indústria. Em material de imprensa, ela cita “Taxi Driver” (1976), “O Abutre” (2014) e o francês “O Profeta” (2009) como referências para a produção estrelada por Nicole Kidman.
“Em sua essência, este é um filme sobre confrontar seus erros e fazer a brava escolha de se responsabilizar por suas ações. Dentro das características de um thriller e um filme policial, este é também um insistente estudo de personagem”, observa a diretora que também sustenta que a abordagem visual da obra é inegavelmente “crua” e “visceral”, mas que há momentos de “beleza” e “lirismo”.
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“Os momentos de redenção em ‘ O Peso do Passado ’ , visual e moralmente, devem ser raros, mas significativos”, arrematou Karyn Kusama.