Sob muitos aspectos, o ano de 2017 é especial para Nicole Kidman. A atriz australiana completa 50 anos de idade, um marco para qualquer um e vive, sem qualquer apreço ao clichê, a melhor fase de sua carreira - estamos falando de uma atriz oscarizada, reverenciada por sua beleza e parte da dinastia de grandes atrizes de Hollywood. La Kidman sabe como poucas lidar com a pressão.
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Em maio, foi protagonista absoluta do festival de Cannes, mais prestigiado evento de cinema no mundo, para onde levou quatro produções. Saiu da riviera francesa com o prêmio especial da 70ª edição do festival. Um prêmio outorgado a cada aniversário de dez anos do festival e que jamais havia sido entregue a alguém que não fosse cineasta e a uma mulher. Em 2017, Nicole Kidman também se experimentou na televisão. Arrebatou na minissérie “Big Little Lies” , da HBO, pela qual concorre ao Emmy agora em setembro. E está no 2º ano da antologia britânica “Top of the Lake”.
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Vale lembrar que a atriz começou o ano de 2017 indicada ao Oscar de coadjuvante pelo ótimo filme australiano “Lion: Uma Jornada para Casa”. São oito créditos no ano, inclusive um novo trabalho com John Cameron Mitchell, que a dirigiu em “Reencontrando a Felicidade” (2010), outro filme que a colocou no Oscar.
Afirmação
Após a separação de Tom Cruise , em meados de 2001, coincidentemente outro ano fabuloso na carreira da atriz, que então lançou o terror “Os Outros” e o musical “Moulin Rouge – Amor em Vermelho”, houve muita desconfiança em relação a Kidman. Seu talento costuma ser frequentemente questionado e suas boas escolhas na carreira relativizadas.
Não é de hoje que atrizes queixam-se da falta de oportunidades e de bons papeis em Hollywood para atrizes maduras e é providencial, e algo afirmativo, que Nicole Kidman, geralmente discreta em relação ao tema, demonstre tamanha exuberância e assertividade. Mais do que fisgar bons papeis no cinema, a australiana faz o mesmo na TV. Sua atuação como uma mulher vítima de violência física e psicológica por um marido abusador em “Big Little Lies” é das coisas mais fascinantes do ano.
Agora, com “O Estranho que Nós Amamos” , sua primeira colaboração com Sofia Coppola, Nicole Kidman retorna aos cinemas brasileiros na pele de uma mulher responsável pelo cuidado de jovens moças em uma pensão. Sua senhorita Martha é uma mulher forte, ainda que o público possa perceber seu esforço em disfarçar sua fragilidade de força – um dos muitos méritos da atuação da atriz - , e aparentemente reprimida sexualmente. A maneira como Nicole Kidman trabalha e desenvolve a sexualidade de suas personagens, ao longo da carreira, mas especialmente nessa fase mais madura, é por si só, um show à parte.
Nem mesmo Meryl Streep ostenta parceria com cineastas tão azeitados no cinema de autor como Kidman. De Lars Von Trier a Yorgos Lanthimos, passando por figuras respeitabilíssimas como Stanley Kubrick, Anthony Minghella e Werner Herzog.
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Nicole Kidman vive fase excepcional na carreira e, além disso, se firma como um modelo a ser seguido por atrizes que almejam mais do que um trabalho, um lugar na história do cinema .