Foi um Globo de Ouro completamente diferente do habitual e ainda mais diverso do que se esperava que fosse. A vitória de “Bohemian Rhapsody”, uma surpresa sob qualquer ângulo que se observe, estipula certo mal-estar em relação à própria Associação de Correspondentes Estrangeiros (HFPA, na sigla em inglês) na mesma medida que oferta buzz ao filme em um momento crucial da corrida pelo Oscar – a Academia abriu sua votação para eleger os indicados nesta semana.

Elenco e produtores de
Divulgação/NBC
Elenco e produtores de "Bohemian Rhapsody" no palco para receber o prêmio de melhor filme dramático

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“Bohemian Rhapsody” é um filme cheio de problemas narrativos e estruturais e super chapa-branca que se escora terminantemente no apelo emocional que o Queen e Freddie Mercury provocam. A estratégia, que já valeu uma bilheteria de mais de US$ 700 milhões e contando, vingou no Globo de Ouro .

O referido mal-estar surge porque na categoria o filme já era um bicho estranho, mas a vitória revitaliza críticas antigas à HFPA de que os critérios são parcos, o culto às estrelas, exagerado e que a premiação em si é uma extravagância regada à birita no meio de uma temporada de premiações que se leva a sério demais. É fato que “Bohemian Rhapsody” é o premiado em filme dramático mais fraco dos últimos 20, 30 anos, mas as razões que levaram a seu triunfo não deixam de ser legítimas.

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Montagem/divulgação

"A Favorita", "Nasce uma Estrela" e "Vice" ainda despontam como favoritos a múltiplas indicações no Oscar

A questão que se coloca com o triunfo de “Bohemian Rhapsody” e de “ Green Book – O Guia”, que venceu o prêmio de melhor filme em comédia e foi numericamente o maior vencedor da noite com três troféus, e com as derrotas clamorosas de “Nasce uma Estrela”, "A Favorita" e “Vice”, qual o impacto do Globo de Ouro na corrida pelo Oscar. Em 2019, mínimo.

Se teve uma candidatura machucada foi a de Lady Gaga, que se não conseguiu vencer no Globo de Ouro, que adora jogar confete para as celebridades, vê suas chances de triunfo no Oscar, tradicionalmente um prêmio mais elitista, diminuírem sensivelmente.

Em um ano que os blockbusters prometem causar sensação no Oscar, "Bohemian Rhapsody” era aquele que mais precisava do empurrãozinho do Globo de Ouro, mas credenciar a indicação a Melhor Filme que se avizinha ao triunfo aqui é ser incauto. O longa emplacou nos sindicatos dos atores e dos produtores, termômetros muito mais fiéis dos rumos do Oscar do que a HFPA .

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Nos últimos dez anos, apenas “Moonlight”, em 2017, e “O Artista”, em 2012, foram vencedores do Globo de Ouro que também triunfaram no Oscar. Neste ano, “Green Book”, que é o filme que está mais apanhando de polêmicas falsas durante a campanha pelo Oscar, pode repetir o feito, mas ainda é cedo para cravar qualquer coisa.

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