“Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald” começa com a fuga espetacular, e engendrada com alguma facilidade, de Gellert Grindelwald ( Johnny Depp
), durante sua transferência do ministério da magia norte-americano, onde estava detido desde o final do primeiro filme, para responder por seus crimes na Europa. É uma cena visualmente empolgante e que entrega que este é um filme, para o bem e para o mal, de Johnny Depp.
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O segundo longa da franquia que precede os eventos de Harry Potter tem como grande objetivo ensejar a relação turbulenta e cheia de reminiscências entre Albus Dumblendore, que agora ganha os préstimos de Jude Law como ator, e Grindelwald, que prega a supremacia bruxa sobre os trouxas. “ Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald ” mostra como esse discurso começa a ganhar propulsão.
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O longa-metragem não tem uma história fechada e é longo demais para o que apresenta, o que deve incomodar espectadores ocasionais, mas o retorno a Hogwarts, diversos easter eggs, e algumas reviravoltas capazes de abalar as estruturas do mundo bruxo e repercutir até mesmo na percepção sobre os personagens de Harry Potter devem garantir a satisfação do fã, ainda que alguns hardcore possam ficar hesitantes diante de possíveis mudanças cataclísmicas na cronologia da saga.
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A evolução de J.K Rowling
Depois de estrear como roteirista para cinema no primeiro filme, J.K Rowling demonstra notável evolução no ofício, mas o desenvolvimento dos conflitos e soluções ainda desponta literário demais e ela notavelmente tem problemas para escrever um filme que se resolva sozinho. No entanto, há mais capricho no desenho dos principais antagonistas da série e um zelo maior pela participação dos tais animais fantásticos, que deixam de serem apetrechos exóticos do mundo mágico para se inserirem mais diretamente no fluxo da trama.
Os Crimes de Grindelwald
A direção de David Yates, no comando de seu sexto filme do universo Harry Potter, é protocolar demais, não que isso enseje em um filme visualmente decepcionante, mas ele parece conformado com o fato do show pertencer a Rowling. Como o cinema é a mídia do diretor, isso gera evidentemente um descompasso que contribui para que o longa não seja memorável.
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Quem realmente sai por cima da carne seca nessa história toda é Johnny Depp. O ator surge revigorado como Grindelwald e consciente de que pode redefinir sua carreira depois da decadência longa e venenosa que experimentou desde que Jack Sparrow entrou em sua vida.
“ Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald ” funciona perfeitamente para os fãs e, nesse sentido, é um filme autossuficiente. Rowling sabe do que precisa para manter seu império reluzente e não se preocupa em operar dentro dessas margens. Criticar isso como se fosse algo essencialmente negativo é extrapolar os pressupostos da crítica e aderir à implicância.