A escolha de Johnny Depp para viver o grande vilão da série “Animais Fantásticos” foi controvertida. Fãs de Harry Potter atacaram a decisão de J.K. Rowling de escalar o ator para viver Gellert Grindelwald, mas ela o defendeu com veemência nas redes sociais, na imprensa e sempre que a questão surgia durante a promoção do primeiro longa.
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Johnny Depp , para quem não se lembra, estava no olho do furacão após ser acusado de violência doméstica por sua ex-mulher, a atriz Amber Heard, em meio a um turbulento processo de divórcio . O ator também enfrentava numerosas ações judiciais contra ex-empresários e agentes, a quem acusava de tê-lo roubado, problemas em sets de filmagens e outras tantas encrencas que pareciam apontar para um ruidoso e melancólico fim de carreira.
Como se não bastasse todo esse cenário, a Disney sinalizou há poucas semanas que não tem planos de contar com Depp para o reboot de “Piratas do Caribe”, que foi o principal ganha-pão do astro nos últimos anos.
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Eis que surge “Os Crimes de Grindelwald” , que estreia mundialmente nesta semana, para mudar todo esse penoso status quo. O segundo filme da quintologia “Animais Fantásticos” tem o personagem do ator como principal eixo gravitacional e Depp está inspiradíssimo no papel. Depois de uma curta introdução em “Animais Fantásticos e Onde Habitam”, o show agora é todo dele, que tem a oportunidade de criar uma figura sombria, algo exótica, mas radicalmente diferente de tudo o que vinha fazendo nos últimos 20 anos.
Grindelwald é literalmente a melhor coisa que poderia ter acontecido para a carreira de Depp. Para além da reconquista da confiança de Hollywood e dele mesmo nele como intérprete, o astro tem a oportunidade de criar um dos vilões mais emblemáticos da cultura pop e exorcizar toda a má vontade generalizada com ele simplesmente bancando o malvadão no cinema. Roda-gigante mais hollywoodiana do que essa poucas vezes vimos na história do cinema.
Incompreendido e revolucionário
Grindelwald é mau, mas não podemos colocar um ponto final nessa afirmação e Depp se aproveita da ambiguidade que paira sobre o personagem para fazer uma composição minuciosa e cheia de gracejos oportunos. Há potencialmente uma frustração romântica muito grande norteando suas ações, assim como um desejo de se libertar do que considera ser uma “ditadura comportamental” a emanar do centro do poder bruxo e Depp compreende muito bem como ator essas inquietações que movem seu personagem.
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Não se espante se começar a ver mais de Johnny Depp no futuro próximo e, em um contexto histórico, “Os Crimes de Grindelwald” e esse personagem tão sedutor e dramaticamente poderoso, serão apontados como os responsáveis por mais uma improvável guinada na carreira de um dos maiores camaleões do cinema americano.