Antes de “Piratas do Caribe: A Maldição do Perola Negra” (2001), Johnny Depp era cult, então, virou popular na esteira de uma inesperada e inusitada, mas merecida indicação ao Oscar de melhor ator pela interpretação de Jack Sparrow. Hoje, às vésperas do lançamento de “Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar” , o ator é radioativo.
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Não faz muito tempo que J.K Rowling teve que recorrer as suas redes sociais para defender a escalação do ator como Grindelwald em “Animais Fantásticos e Onde Habitam” . Em meio a uma ruidosa separação, com denúncias de violência doméstica, fracassos sucessivos no cinema e à beira da falência – o astro processa ex-agentes por gestão fraudulenta de seu patrimônio – Johnny Depp está à deriva como poucos astros contemporâneos já estiveram.
Talvez Nicolas Cage seja uma referência que possa vir à mente, mas o sobrinho de Francis Ford Coppola não angariou uma antipatia do público tão vertiginosa e incandescente como Depp.
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A Disney, que gastou cerca de US$ 320 milhões na produção e divulgação de “A Vingança de Salazar”, dos quais cerca de US$ 50 milhões foram pagos ao ator para reviver seu icônico personagem pela quinta vez, está preocupada de como a imagem negativa de Depp junto a parcela do público irá afetar o desempenho comercial do filme. Empresa e produtores já tiveram que administrar um astro desmotivado nos sets de filmagens. Há boatos de que o ator teria se apresentado para rodar algumas cenas embriagado e que isso teria gerado constrangimentos entre membros da equipe, inclusive o antagonista da vez, Javier Bardem.
Acossado, Depp foca no trabalho. Além do novo “Piratas do Caribe” , o astro está creditado em mais cinco longas que serão lançados em 2017, entre eles o aguardado “Assassinato no Expresso do Oriente”, de Kenneth Branagh.
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A decadência do astro, no entanto, precede o frenesi com sua imagem pública na esteira do divórcio de Amber Heard. Depp vinha se repetindo e o fantasma de Jack Sparrow em suas atuações era um presença incômoda que já alertara para a explosão dessa bolha a qualquer momento. “O Cavaleiro Solitário” (2013), um desastre orçado em US$ 200 milhões e dirigido pelo mesmo Gore Verbinski do primeiro “Piratas” demonstrou que, talvez, Depp tivesse que se distanciar do cinemão. Ele tentou coisas diferentes como “Mortdecai: A Arte da Trapaça”, do mesmo David Koepp do hit “A Janela Secreta”, mas Jack Sparrow ainda era uma sombra e tanto. Em “Aliança do Crime”, é bem verdade, sob pesada maquiagem, Depp esquivou-se de Sparrow, mas pouca gente viu esse filme de máfia diferente.
Com suspenses e até mesmo um filme de monstro da Universal, “O Homem Invisível”, à frente, parece certo afirmar que Depp desenhou seu 2017 como o ano da virada, algo que a participação em uma franquia querida como a de Harry Potter deveria ajudar, mas os escândalos o alcançaram antes e agora o que era para ser certo, parece mais duvidoso do que nunca.
Parece improvável que “A Vingança de Salazar” fracasse retumbantemente, mas é razoável projetar uma despedida melancólica do personagem que já foi o mais icônico da cultura pop contemporânea e que, de alguma maneira, ressignificou Depp para a posteridade.
Recentemente, Johnny Depp externou arrependimento de ter seguido a carreira de ator. A morte como astro, e faz parte do processo deixar Sparrow para trás, pode ser providencial para o renascimento do ator. A fogueira de vaidades de Hollywood arde de um jeito bem singular.