A sexta temporada de “House of Cards” estreia na Netflix nesta sexta-feira (2) após uma série de turbulências criativas e práticas tomarem conta do show em virtude do escândalo de assédio sexual envolvendo Kevin Spacey , que vive o protagonista Frank Underwood.
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Após a suspensão da produção e demissão do astro, a equipe criativa teve que encontrar alternativas para dar um desfecho à trama na sexta temporada de “ House of Cards ”, que é a última da série que colocou a gigante do streaming no mapa da produção de conteúdo audiovisual.
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“O fim do reino dos homens brancos de meia idade”
A estrutura narrativa da série segue a mesma. Promovida a protagonista absoluta, Claire Underwood (Robin Wright) assume os monólogos shakespearianos que tanto aproximavam a audiência de Frank. No começo do sexto ano, Claire vive a tensão dos 100 dias de uma presidência cercada de crises, suspeitas e inimigos dentro e fora da Casa Branca.
Ela precisa conquistar a presidência todos os dias. Seu vice-presidente e chefe de gabinete, Mark Usher (Campbell Scott) serve, como um personagem aponta em dado momento, a muitos mestres e isso representa tanto um problema como uma oportunidade para Claire.
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Além ter que lidar com Doug Stamper (Michael Kelly), que não está convencido de que Claire não teve nenhuma participação na morte de Frank, a presidente precisa lidar com Bill (Greg Kinnear) e Annette Shepherd (Diane Lane), casal de irmãos que controlam um conglomerado de empresas ligadas ao setor energético e que tentam impor a própria pauta sem muita finesse.
Em muitos aspectos, os Shepherds lembram os Underwoods e o passado bifurcado de Annette e Claire salpica novos e interessantes elementos no curso da temporada.
As intrigas e alcovas políticas seguem a todo vapor no sexto ano e Frank Underwood, ainda que de maneira turva, é uma presença forte na série. Tanto na batalha interna de Claire para se afastar dos métodos do marido, uma batalha a qual a audiência nunca se convence de ser inteiramente verdadeira ou um truque de sedução da ex-primeira dama, como nos elementos cada vez mais suspeitos envolvendo sua morte. Dois recursos narrativos salutares e que ajudam a vitaminar a temporada final do programa.
Fantasma indesviável
O novo ano se organiza como uma sucessão natural na escala de poder em Washington e o tempo dos Underwoods está próximo do fim. Todos na capital do Poder percebem isso e só resta a Claire contra-atacar. Se ela já mostrara talento na tarefa, irá elevar essa condição a um novo patamar aliando-se, por exemplo, ao presidente russo Viktor Petrov, esse excelente coadjuvante vivido por Lars Mikkelsen, contrariando interesses do próprio país, mas que servem a sua agenda de sobrevivência política.
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A despeito da boa aderência desses novos plots, “House of Cards” sem Frank Underwood parece outro programa sobre política. Claire é ótima enquanto personagem, mas já havia provado nos 4º e 5º anos que não dava conta de nortear dramaticamente a série. De toda forma, é elogiável a maneira verossímil e dramaticamente eficaz que os roteiristas e produtores acharam de trabalhar esse fantasma de Frank Underwood no curso da sexta temporada de “House of Cards” , que para todos os efeitos se emancipa como um desfecho digno para a série quando este parecia improvável.