A companhia de Teatro Terreiro Encantado traz ao Itaú Cultural, em São Paulo, de 12 a 14 de outubro, a peça de teatro "Auto do Negrinho", abordando o genocídio negro nos tempos atuais baseado na lenda do Negrinho do Pastoreio . Dirigido por Cleydson Catarina, o espetáculo é realizado com máscaras e bonecos feitos pela companhia, dando um ar lúdico, mas também mostrando as raízes dos integrantes e a relação com outro tipo de arte.
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O processo de montagem do espetáculo sobre o genocídio negro veio após um convite que Catarina recebeu enquanto trabalhava com outros grupos de teatro. Longe dos palcos desde 2009, quando perdeu a sua mãe, o diretor, que também atua na peça, trouxe da sua vivência com o teatro de bonecos e a experiência com o Cordel, um lado poético e lúdico ao espetáculo, que apresenta um tema forte e atual.
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Dividindo cena com os artistas Uberê e Sandro Lima, e juntamente também com Rafael Fazzion, para Catarina, a sensação de dirigir e atuar na mesma montagem possui um olhar diferente de compartilhamento de experiências.
"Nas tradições populares, no teatro de rua, a gente não fala de direção, os mestres estão junto com a gente, há uma troca de visão. Fazemos os exercício juntos, jogos com o corpo, desenvolvemos o olhar juntamente com os atores que estão em cena. Todos aprendem juntos, a quebrar essa estrutura da tradicional escola de teatro", diz.
Genocídio negro é tema atual!
A escolha de se inspirar em uma lenda surgiu da necessidade de falar sobre o racismo enraizado no Brasil. "O racismo é cultural e para mim ele é muito assustador. Eu escutei essa história desde sempre, eu vivi isso e queria motrar de um modo lúdico essa história, mas tirando as camadas e mostrando a violência contra os negros", explica o diretor, que relembra que o personagem não tem nome, apenas uma cor.
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Com interpretação simultânea da peça em Libras, Catarina ainda revela que fica muito emocionado com os acontecimentos, principalmente com os negros, ressaltando que o país está passando por um momento muito difícil.
"O objetivo do espetáculo é um momento de reflexão, de se reconhecer como negro, porque muitos não se reconhecem, para parte do estado isso não existe. É o momento de chamar os nossos ancestrais, rever nossas histórias e de refortalecer", finaliza o diretor ao falar sobre a importância de falar e mostrar mais sobre o genocídio negro .