No início do ano, o espetáculo "Silêncio.doc" estreou em São Paulo e viajou pelo Brasil para contar a história de um homem que tenta se recompor depois de uma separação amorosa repentina. O personagem discorre todas as suas conjecturas e revela ao público seu fluxo de pensamento compulsivo, alternando a consciência da situação patética e dolorosa que vive.
No próximo sábado (4), "Silêncio.doc" entra em cartaz novamente no Teatro Tucarena em temporada até 9/09. Na época em que a peça estreou, Marcelo Varzea , ator e escritor, falou sobre o trabalho: "Escrevi o espetáculo há 11 anos. Sou ator há 30 anos e dirijo também, mas nunca tinha escrito, e eu escrevi um texto a partir de uma experiência de uma separação trágica que vivi", contou.
Em mais uma entrevista com o ator, ele falou sobre a volta do espetáculo e, muito feliz, ressaltou a boa fase que vem vivendo. "Muito sucesso, as coisas estão caminhando, estou em um nao bem bacana", disse ele, que também é diretor da peça "A Porta da Frente", outro trabalho que também está em cartaz em São Paulo.
O ator ressaltou a importância de falar sobre o preconceito dentro do teatro , que é o caso de seus dois trabalhos atuais. "Intolerância e preconceito são coisas que paralisam a gente dentro de um estado que parece concreto e os movimentos de arte são esses: renascimento, romantismo, abrindo espaço para a sociedade pensar de uma maneira maior, pensar mais feliz."
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Marcelo diz isso porque resolveu contar a história de "Silêncio.doc" para pensarmos realmente como é o homem romântico em 2018. "Não mais aquele homem violento", conta. "Perder o preconceito e entender quem é esse homem que pode aparecer após o empoderamento femininio", completa.
Com vergonha de expor sua história, o ator se achava um homem frágil, mas recebeu o carinho do público, que de acordo com ele, o elogiava: "Eu ouço coisas do tipo 'nossa, como você é corajoso por falar de fragilidade' e isso é muito bacada", comenta.
"Silêncio.doc"
O trabalho foca no trabalho de ator de Marcelo, que passeia por jogo de palavras, morfologia e etimologia, promovendo por vezes uma aula, um simpósio, uma palestra sobre a dor de amor. Filosofa, constrói teses e mergulha nos seus pensamentos mais profundos, alternando a quebra e/ou interposição da quarta parede, para que todos estejam juntos olhando pras próprias vidas e crie-se um diálogo empático. O individuo, seus pares e o coletivo amoroso. Humor e dor.
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"Eu vi que vários amigos homens tinham dificuldades de falar o que sentiam e sofriam muito. Temos a questão do masculino, de não falar o que pensa, sente, ou não chora, e eu escrevi esse texto, mas ele ficou guardado", comenta Marcelo, que, além de "Silêncio.doc" e "A Porta da Frente", está no ar em "O Mecanismo" e "Samantha", da Netflix.