É cada vez mais comum no cinema nacional, principalmente no âmbito da Sessão Vitrine Petrobras, um hibridismo entre documentário e ficção. "Baronesa", estreia na direção de Juliana Antunes
, é um sintoma indelével dessa condição.
Leia também: "Los Territorios" tateia geografia emocional do protagonista em volta ao mundo
"Baronesa" acompanha a rotina de duas mulheres em um bairro de periferia da grande Belo Horizonte. Andreia, que faz planos e se mobiliza para mudar, e Leid que espera pelo marido preso e faz o possível para cuidar dos dois filhos. As personagens surgiram depois de um intenso processo de burilagem da diretora e sua equipe na favela que viu nascer uma guerra justamente quando as filmagens começavam.
Leia também: Entre o hype e o luxo, “Oito Mulheres e um Segredo” faz valer o ingresso
Essas novas circunstâncias contaminam profundamente o filme e o reveste de uma verve ainda mais pulsante. Juliana mudou-se para a favela para poder acompanhar de maneira mais orgânica suas protagonistas. As protagonistas são tão autoras do filme quanto a diretora, que também assina o roteiro. Essa intervenção é saudável de um ponto de vista narrativo, mas pode gerar alguma paralisia no desenvolvimento das ideias. O filme muitas vezes não parece ter algo a dizer que não a oferta da experiência que o envolve.
Nesse sentido, o longa se assemelha, nas causas, efeitos, virtudes e vícios, a "Corpo Delito", lançado no ano passado no mesmo projeto da Sessão Vitrine Petrobras . Se a câmera e a retidão ideológica de Juliana Antunes impressionam, "Baronesa" repisa argumentos que já foram melhor talhados pela dramaturgia quando ela se assume como tal.