A ideia de ter um filme sobre uma vigarista é tão adequada ao status quo do mundo atualmente que o hype de “Oito Mulheres e um Segredo” parece indesviável. Mais que isso é charmosa e alvissareira. O filme, que se junta a “As Caça-Fantasmas” (2016) como blockbusters de estúdios que ganham uma repaginada com elenco feminino, pode até não corresponder às exacerbadas expectativas, mas agrada e muito.
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Sandra Bullock é Debbie Ocean, irmã de Danny, personagem que fora de Frank Sinatra e reencarnado por George Clooney nos três filmes que Steven Soderbergh dirigiu na década passada e que é uma referência contínua no longa, já que Danny foi um modelo para Debbie. “Oito Mulheres e um Segredo” começa com Debbie sendo liberada para a condicional.
Ela procura a amiga Lou (Cate Blanchett), que comanda um esquema de falsificação de bebidas, com um plano que arquitetou cuidadosamente durante o período que ficou encarcerada. Debbie quer roubar um diamante Cartier avaliado em cerca de US$ 150 milhões durante o prestigiado Met Gala realizado anualmente em Nova York e com uma lista exclusivíssima de convidados.
Gary Ross (“Seabiscuit – Alma de Herói” e “Jogos Vorazes”) emula Soderbergh a cada fotograma, o que parece a princípio uma deferência à identidade visual consagrada pelo cineasta na franquia, aos poucos destoa como insegurança e falta de norte narrativo. O roteiro, que Ross assina junto com Olivia Milch, é menos engenhoso e esperto do que tem consciência e há uma incômoda dose de furos que exigem do espectador muita sinergia com o famigerado hype para relevar.
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O elenco, no entanto, é um luxo. Cate Blanchett, claro, é uma das garantias do filme. A atriz dá leveza e ginga a sua personagem e consegue fugir do rótulo de “versão feminina de Brad Pitt” que muitos insistentemente teimarão em aferir. Não obstante, abrilhanta a tela com cerca de 25 diferentes looks, um mais espetacular do que o outro. Alguns do tipo que você só pode ostentar ‘divonicamente’ se for Cate Blanchett.
Mas quem rouba o filme de verdade é Anne Hathaway , como uma atriz esnobe e superficial, mas que é mais inteligente do que parece. Os momentos de humor e carisma mais genuínos são todos dela.
A partir do baile, o filme ganha tração. Além da execução do plano, as pontas e participações especiais se enfileiram e configuram uma atração a mais para os apreciadores de cultura pop. A sacada de mestre do filme – e que ajuda a disfarçar algumas de suas inconsistências – é a entrada no terço final de James Corden em cena.
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“Oito Mulheres e um Segredo” entrega o entretenimento que promete, celebra o girl power de um jeito esperto e sedutor, dá a Warner a chance de ouro de revitalizar uma franquia que estava encerrada e apresenta Helena Bonham Carter em um de seus melhores momentos como atriz na pele de uma estilista que não sabe exatamente porque faz o que faz.