Os serviços de streaming estão com tudo nos últimos tempos. Depois do boom da Netflix e da Amazon no Brasil - além do Hulu nos Estados Unidos - é a vez do YouTube também roubar os holofotes diante dessa grande gama de produção de conteúdo online.
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Conhecido por ser uma plataforma de publicações de vídeo na internet, o YouTube tomou proporções muito maiores com o passar dos anos e agora está prestes a lançar o seu próprio conteúdo: o filme “Vulture Club”, estrelando Susan Saradon.
Mas essas mudanças não são recentes – e muito menos aleatórias. De acordo com Cauã Taborda, gerente de comunicação do YouTube, “a quantidade média de horas assistidas de vídeos on-line pelos brasileiros passou de 8,1 em 2014 para 15,4 em 2017, praticamente dobrando em três anos, com um crescimento de 90,1%”. O conteúdo consumido pela TV, por sua vez, teve um crescimento tímido: passou de 21,9 para 22,6 horas semanais, de acordo com a pesquisa do VideoViewers.
A marca já tinha seu espaço na internet no passado, mas após o surgimento dos “youtubers”, acabou ganhando proporções ainda maiores na cultura pop. “Em alguns casos, os espectadores já estão assistindo a quantidade de tempo equivalente de TV e de internet. Para aqueles que assistem até 20 horas semanais de conteúdo em vídeo (56% dos entrevistados), 13,4 horas são passadas no meio digital”, revela Taborda ainda sobre os dados.
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Ainda que o streaming esteja em alta, a briga pela audiência é bastante acirrada. De acordo com dados levantados pela ComScore nos Estados Unidos no ano passado, a Netflix ainda é a rainha na escolha dos fãs de série.
Segundo os dados, os usuários de streaming de vídeo passam 40% do tempo utilizando a Netflix enquanto o YouTube chega em segundo lugar, com 18%. O Hulu tem 14% e o recente Amazon Prime Video conquistou 7% do tempo dos usuários.
Outras plataformas têm apostado também no serviço de streaming, como foi o que aconteceu com o canal HBO e o seu HBO GO. A plataforma somada com outras, como Google Play Filmes, iTunes, PlayStation Now e outras, segundo o estudo, somam 21% da audiência.
Uma disputa acirrada entre grandes
Sendo a segunda plataforma com mais acessos, já faz alguns anos que o YouTube se modernizou e disponibilizou conteúdo online para os seus usuários – sejam gratuitos ou pagos. Com os bons ventos assoprando para o streaming, a empresa resolveu pular de corpo e alma nesse mar de novidades digitais – e lucrar com isso. O resultado? Youtube Premium, que já chegou nos Estados Unidos.
Por US$ 11,99, um usuário pode ter acesso a conteúdo da plataforma sem publicidade, streaming de canais de esporte e mais séries e filmes – incluindo os originais, que tem se tornado uma aposta da plataforma, como a série “Cobra Kai”, o drama dançante “Step Up: High Water”, além das séries que estão para chegar como “Impulse” e “Liza”, de Liza Koshy. A produção desses conteúdos, por sua vez, não é barata – e mais, tem concorrentes com grandes números reservados para o investimento.
De acordo com o The Hollywood Reporter, a Netflix dispõe de US$ 6 bilhões por ano para produção de conteúdo, enquanto a da Amazon é US$ 4.5 bilhões e do Hulu é US$ 2.5 bilhões. A Apple está fazendo vagos movimentos para transformar-se em mais uma opção de televisão na internet, como afirma a publicação, mas já anunciou que tem US$ 1 bilhão para o projeto e contratou os presidentes da Sony Pictures Television para encabeçar a ideia.
Com uma corrida cheia de grandes marcas, a Netflix e a Amazon começaram a cancelar séries repensando os seus próprios futuros enquanto plataformas digitais. Isso já pode ser observado com o fim de séries que, apesar do bom conteúdo, não trouxeram resultados esperados para os serviços, como “Seven Seconds” e “Mozart in The Jungle”.
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Entretanto, o YouTube ainda tem uma carta nas mangas que poucos serviços de streaming têm: os youtubers, que já são uma febre mundial.
Valorizando os youtubers
Diversos anônimos ganharam fama nos últimos anos graças à plataforma dando ainda mais notoriedade para a empresa. “Nós acreditamos que todos merecem ter voz e que o mundo é um lugar melhor quando a gente escuta, compartilha e se conecta através das nossas histórias. E o YouTube é esse lugar no Brasil”, ressalta Taborda.
A aposta nesse diferencial que a plataforma apresenta, por sua vez, não é pouca. Segundo Taborda, a empresa iniciou um processo de dar suporte aos criadores, oferecendo ferramentas como a Escola de Criadores de Conteúdo – cujo intuito é apresentar um leque de lições sobre os temas que envolvem a construção do canal, além de trazer para o Rio de Janeiro o YouTube Space, um espaço gratuito para quem cria conteúdo na plataforma.
Além disso, o YouTube também fornece pelo programa de parcerias a possibilidade de se criar receita com os vídeos entre outros benefícios, como prêmios e acessos exclusivos à produção, como estúdios premiums do espaço.
A música como ferramenta do YouTube
Além dos videoclipes, o YouTube também apostou no streaming de música. Depois do lançamento do YouTube Red no final de 2015, a empresa resolveu apostar de vez na reprodução online de música, com o YouTube Music, recém-lançado nos Estados Unidos.
O serviço ainda não tem previsão de chegar ao Brasil, mas segue a mesma lógica de empresas como Deezer e Spotify. Com o YouTube Premium é possível acessar todo o conteúdo da plataforma Music , como ouvir músicas sem publicidade e a possibilidade de downloads. O custo é de US$ 9,99 por mês nos Estados Unidos.
“Estamos trabalhando para tornar o YouTube o melhor lugar para os fãs consumirem e descobrirem música e para os artistas encontrarem um público-alvo e gerarem receita. O Google já pagou mais de US$ 3 bilhões para a indústria da música”, revela Taborda.
O gerente de comunicação ainda revela que a diferença do YouTube para as demais plataformas é a de que ele pode, além de oferecer o conteúdo oficial do artista, trazer ao público covers, remixes, mashups e vídeos virais. “. Fãs e artistas apaixonados fizeram conexões através do poder do vídeo no YouTube e acreditamos que a nova experiência do YouTube Music facilitará ainda mais a descoberta de novos conteúdos e a conexão com aqueles já conhecidos”, explica.
A aposta chega em um bom momento, já que no Brasil a empresa acabou de fechar um acordo com a União Brasileira de Editoras de Música. A finalidade era “encerrar as ações judiciais em curso e estabelecer regras e remunerações justas para os compositores, em conformidade com os patamares aplicados internacionalmente, pela utilização das obras musicais”.
De acordo com João Gonçalves Pereira, presidente da UBEM, o acordo é um avanço pois a UBEM reconhece o YouTube como “um dos maiores players que utilizam música no Brasil e no mundo”. Além disso, a união ainda afirmou que já havia realizado acordos anteriormente com outros serviços, como o Deezer e o Spotify, mas ainda não tem números a respeito do benefício que o acordo com o YouTube pode render.
Com tudo isso em jogo, o que podemos esperar é que o YouTube caminhe cada vez mais com tudo na internet, tornando-se um grande concorrente não apenas para os serviços de streaming focados no audiovisual, mas também para aqueles que comandam o mundo da música.