É uma questão perene e renovada toda a vez que um novo ator assume o personagem. Tal qual James Bond, mais do que o Superman e o Homem-Aranha, o Batman parece mexer mais a fundo com afinidades e convicções não só dos fãs, mas do público em geral. Afastando no limite do possível a subjetividade inerente à questão, qual ator objetivamente é o melhor Batman do cinema ?
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Não é fácil. Michael Keaton, Val Kilmer, George Clooney, Christian Bale e Ben Affleck defenderam o personagem em circunstâncias diferentes. Tanto no mundo, como na cultura pop. A fase de suas carreiras no momento em que assumiram o personagem também era distinta. Os diretores responsáveis pelos filmes eram diferentes e traziam consigo visões bem particulares para o universo do homem-morcego. Por último, mas não menos importante, houve atores que viveram o Batman uma vez, caso de Clooney e Kilmer, e outros que viveram três vezes, caso de Bale.
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Aferir o melhor Batman objetivamente, portanto, parece concorrer com a longevidade de um mesmo intérprete à frente do personagem. Embora Ben Affleck caminhe para igualar o feito de Bale, objetivamente prescinde de indicativos, já que será Batman duas vezes em filmes que o personagem não detém o protagonismo absoluto. Depois de estrear em “Batman vs Superman – A Origem da Justiça”, o ator volta à vestir o traje em “Liga da Justiça”, que estreia em 16 de novembro.
Essa apresentação, além de servir como contextualização para o infográfico que ilustra essa matéria, atende à necessidade de situar o leitor perante a indagação: qual o melhor Batman do cinema?
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Dramaticidade
Batman e Bruce Wayne são duas faces de um personagem sombrio. Ainda que não seja a única, esta é a principal concepção oxigenada por Bob Kane e Bill Finger em 1939. A série televisiva nos anos 60 ajudou a demover um pouco dessa dramaticidade latente, mas os melhores momentos do personagem no cinema foram quando essa característica seminal esteve presente. Dessa forma, é natural supor que Bale, Keaton e Affleck já se apartem de Kilmer e Clooney na peneira.
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Abordagem do personagem
É claro que a abordagem de um ator para qualquer personagem vai muito do que o diretor ambiciona para ele e para o filme. Em um projeto como um filme do Batman tudo isso ganha uma escala ainda maior e mais traumática. Joel Schumacher, por exemplo, apostava muito nas cores, na saturação e no histrionismo. Portanto, Clooney e Kilmer se viram na necessidade de abraçar um viés cômico. Bale, por outro lado, se beneficia do Batman realista imaginado por Christopher Nolan. Enquanto abordou Bruce Wayne como um homem isolado e problemático, ainda sob influência dos traumas do passado, caracterizou seu Batman como uma faceta monstruosa do milionário. Modulando, inclusive, uma voz grave e assustadora. Um toque de classe de um ator que topou não só uma preparação física aguda, mas um mergulho no limbo emocional e psicológico de um personagem atormentado.
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Michael Keaton estabeleceu os parâmetros, então merece créditos por isso. A ideia de um Batman irônico e bem-humorado, mas solitário e atormentado foi tonificada por sua atuação nos dois exemplares dirigidos por Tim Burton. Para os efeitos propostos pelo desafio encampado por esta matéria, Keaton foi o Batman mais completo. Mas a provocação se faz necessária: Completude é sinônimo de definitivo? Sua performance ocupa o imaginário popular? Ou Bale foi mais feliz? Isso posto, como Ben Affleck pode deixar sua marca?
A estreia do ator foi promissora. Com ecos da grapic novel “O Cavaleiro das Trevas” de Frank Miller, Affleck faz um Batman mais maduro em que os traumas dão espaço às frustrações e arrependimentos. Seu Batman raivoso, cheio de fúria e com baixíssima tolerância às próprias diretrizes de outrora pode levar o personagem para outro caminho no cinema. O que é necessário depois de tantos filmes em um espaço de 30 anos. Mas talvez ainda seja cedo para ele participar de uma disputa que claramente se desenrola entre Bale e Keaton. E, sim, este é o momento de sermos todos subjetivos.