Eles salvam uma cidade inteira, acabam com impérios e ainda conseguem criar laços que na maioria das vezes são difíceis de romper. Sucessos de bilheterias, esses super-heróis ano a ano comandam as salas de cinema ao redor do mundo conquistando uma legião de fãs fiéis. Das histórias de quadrinhos para o cinema, eles não são apenas agentes de mudanças das cidades nas quais estão inseridos, mas também influenciam como ninguém os rumos da sétima arte. A DC Comics, berço de ícones como “ Superman ” e “ Batman ” é, sem dúvidas, uma das grandes colaboradora para a construção dessa trajetória superpoderosa.
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A história começou lá na década de 1940, com “Superman and the Mole Man”. As adaptação das aventuras de Clark Kent da DC Comics foi um teste para uma televisão ainda na época do preto e branco com George Reeves assumindo o protagonismo da obra. A adaptação fez tanto sucesso que o governo federal dos Estados Unidos acolheu o herói quatro anos mais tarde para um curta metragem do Departamento do Tesouro do país. Entretanto, o super-herói ganhou mesmo notoriedade em 1978, com “Superman – O Filme”.
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Dirigido por Richard Donner (“A Profecia”), o filme arrecadou US$ 300,21 milhões no mundo, sendo o segundo filme de maior arrecadação daquele ano, perdendo apenas para o musical “Grease”. Um dos motivos para o grande sucesso foi um espanto que surgiu dentro das salas de cinema: um homem voava. A principio, o super-herói até tinha o seu corpo malhado e uma força sobrenatural, mas a habilidade de desafiar a gravidade ainda não era um dos seus pontos fortes.
Sua chegada na animação foi o motivo do herói ganhar asas – não só para sua projeção no mundo, mas também para ser mais conveniente para as animações dos irmãos Fleischer. Então, mais tarde Christopher Reeve surgiu nas telonas com um grande desafio: ser um homem que desafiava a gravidade e voava. Na Itália, os testes de voo se iniciaram, mas sem sucesso. A produção perdeu cerca de US$ 2 milhões com essa tentativa e acabou mudando para a Inglaterra mais tarde. Diversas tentativas de efeitos especiais para que Reeve voasse foram sendo colocada em prática e acabaram optando por o uso de lentes de zoom especialmente projetadas, além de uma iluminação e fotografia que causasse a ilusão de ótima perfeita. Não foi à toa, portanto, que o filme ficou reconhecido como um inovador dos efeitos especiais na sétima arte.
Novas perspectivas
O sucesso de “Superman – O Filme” já anunciava o que “Batman” onze anos depois iria decretar: que era possível sim fazer adaptações de histórias em quadrinhos para o cinema e transformá-los em grandes blockbusters. Dirigido por Tim Burton, o filme a princípio causou um pouco de estranhamento, já que Michael Keaton, um ator da comédia, havia sido escalado para ser o protagonista de uma figura tão dramática. Entretanto, os números mais tarde não negaram que a aposta foi certeira: a arrecadação do longa foi mais de US$ 400 milhões e o filme ainda conquistou um Oscar de Melhor Direção de Arte, deixando um legado para os filmes do gênero pelo seu design cinematográfico e também estética, como os uniformes versáteis para os super-heróis ou a possibilidade de trazer um universo à parte para as telonas, como Burton fez com Gotham City.
Com Jack Nicholson no elenco no papel de coringa, papel que veio logo após a sua arrebatadora performance em “O Iluminado” de Stanley Kubrick, o ator entrou para a história com o caráter de louco e debochado do vilão. Seu êxito no novo personagem chegou a fazer parte das críticas do filme, que afirmavam que o Coringa chegava até mesmo a ofuscar o Batman no longa. Entretanto, isso lhe rendeu uma salário bem gordo no final com uma nova espécie de cachê, chamada de “back end”, na qual os atores exigem uma percentagem da renda dos filmes nas bilheterias. Com um sucesso generalizado, Nicholson acabou arrecadando 60 milhões de dólares mostrando que muitos astros podem se dar bem –e muito - com este tipo de contrato.
Crises e apostas por futuro
Com uma estreia de ouro na sétima arte, a DC Comics começou a enfrentar suas primeiras crises. Já que as expectativas de que suas adaptações para o cinema estavam altas, alguns filmes começaram a não emplacar nas telonas, como as sequências de “Superman”. Nos bastidores, havia algumas tensões como a do diretor Richard Donner e a família Salkind, quem produzia o filme e o segundo filme acabou sendo concluído por Richard Lester. Já o terceiro filme do super-herói foi um pouco decepcionante para os fãs pela performance de Richard Pryor como o vilão Gus Gorman e no quarto filme da franquia, o orçamento caiu de US$ 35 milhões para US$ 15 milhões, o que causou uma queda na qualidade do longa. Assim a Warner Bros. acabou encerrando a franquia por conta do baixo rendimento dos filmes, que também teve outros dois cancelados mais tarde.
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Mas nem tudo para a DC Comics foi uma decadência. As adaptações do “Batman” nos anos seguintes fizeram muito sucesso de bilheteria – com alguns deslizes – mas conseguiram se manter em uma franquia firme e forte. Além disso, o momento atual é a busca pela diversificação dos personagens representados nas telonas. Depois da estreia tímida de alguns filmes como “Watchman”, (2009), “Lanterna Verde” (2011) e “Homem de Aço” (2013), a editora lançou grandes sucessos recentemente como “Esquadrão Suicida” (2016), que levou um Oscar para casa este ano e “Mulher-Maravilha” de Patty Jenkins. Mas as produções não param por aí. “Liga da Justiça” já está perto de estrear e, para os próximos anos, uma leva de novas histórias vão buscar garantir seu lugar na sétima arte: “Aquaman” em 2018, “Shazam” em 2019, “Cyborg” e “A Tropa dos Lanternas Verdes”, ambos em 2020 que prometem ajudar a definir qual é o futuro da DC no cinema.