Entre as várias palavras que Paul McCartney arriscou em português, foi em “recente” que ele engasgou. O aviso era de que ele ia apresentar as músicas de seu mais recente disco, o “New”, de 2013. Mas, antes disso ele já tinha ganhado o público no Aliianz Parque em São Paulo, no último domingo (15). Talvez por causa do frio e da possibilidade de chuva, o público começou a noite meio arredio. Nem a abertura com “A Hard Day’s Night”, nunca antes apresentada pelo músico em carreira solo, foi suficiente para esquentar a plateia. Talvez porque ela estivesse ganha antes mesmo do show começar.

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Paul McCartney no Allianz Parque, em São Paulo
Reprodução/Instagram
Paul McCartney no Allianz Parque, em São Paulo


Paul McCartney vem ao brasil com a turnê “One on One”, mas a memória de sua última passagem, em 2014, ainda está fresca. O ex-Beatle incluiu de vez o país em suas turnês e, com a divulgação da mais recente não seria diferente. Os shows coincidem com o aniversário de 50 anos “Sargent Pepper Lonely Hearts Club Band” e a icônica capa do disco ganhou uma bela projeção animada enquanto o baixista apresentava algumas faixas do álbum, sendo a escolha mais surpreendente “Being For The Benefit of Mr. Kite!”.

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Ainda assim, os melhores momentos do show vieram em outros clássico. “Ob-La-Di, Ob-La-Da” foi cantada em coro e a pirotecnia de “Live and Let Die”, já no final, foi extasiante, se não, assustadora, já que os barulhos de explosão eram altos e deixaram o próprio Beatle meio incomodado.

Em determinado momento, Paul transforma o estádio lotado em um show intimista, que caberia muito bem em uma casa de show. “And I Love Her”, “Blackbird” e “Here Today” compõe um momento mais calmo, onde ele brilha absoluto.

Viagem no tempo

Foi engraçado, para dizer o mínimo, ouvir Paul dizer que faríamos uma viagem no tempo antes de apresentar “In Spite of All The Danger”, que ele declara ser a primeira música gravada pelos Beatles. Isso porque, apesar de dosar o repertório com canções de sua carreira solo e do Wings, são os clássicos dos Beatles que permeiam toda a presentação.

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Time For Fun/Divulgação

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Isso não significa que não houvessem bons momentos além disso. Com uma banda excepcional e muito entrosada, Macca apresentou sucessos mais recentes como a romântica “My Valentine”, dedicada a sua esposa Nancy, e “Queenie Eye”, a ótima faixa que fez o público dançar. Paul ainda surpreendeu ao incluir no setlist “FourFiveSeconds” parceria com Rihanna e Kanye West que deixou os desavisados sem reação, mas que manteve sua força ao vivo, mesmo sem os vocais de Riri.  

Rock’n Roll

“Hey Jude”, sempre, é a mais aguardada do show e, apresentada logo depois de “Live and Let Die”, não deixou muito tempo para o público se recuperar dos fogos (e da fumaça) que antecedeu a apresentação. Ainda assim, foi um belo momento da noite. Mas a cereja do bolo mesmo veio logo depois.

No bis, Paul McCartney emendou “Yesterday”, um trecho de “Sgt. Peppers” e “Helter Skelter”, no momento mais rock’n roll da noite que mostrou, mais uma vez, a qualidade dos músicos que acompanham Paul. Depois de um divertido, mas deslocado, momento em que apresentou “Birthday”, Macca encerrou o show praticamente como encerra-se o “Abbey Road”: “Golden Slumbers”, “Carry That Weight” e “The End”.

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Mais do que uma viagem no tempo, o show de quase três horas de duração e 37 músicas de Paul McCartney é uma viagem pela prolífica carreira de um dos músicos mais talentosos da atualidade. Atual sim porque, no auge de seus 75 anos, Paul mostra um vigor que deixa claro algo que ele já havia declarado, e demonstrou na prática: não está pensando em se aposentar tão cedo. E não deve. Vê-lo ao vivo é daquelas experiências que só se arrepende quem não foi.


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