Quarta série da parceria entre Marvel e Netflix, “Punho de Ferro” é a última a ser lançada antes do crossover “Os Defensores” , que chega ainda em 2017. Como em “Demolidor”, “Jessica Jones” e “Luke Cage” não se trata de uma história de herói simplesmente. Se em “Demolidor”, que já teve duas temporadas, víamos a problematização do vigilantismo e os limites da Justiça; em “Jessica Jones”, um noir com uma detetive cheia de vícios; e em “Luke Cage”, um thriller policial com ecos blaxploitation; aqui temos uma trama essencialmente urbana com espionagem corporativa e misticismo no pacote.
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O iG já assistiu seis episódios da série e pode atestar que “Punho de Ferro” é bom, mas é, também, a experimentação mais dissonante da parceria até aqui. O ritmo da série é ainda mais lento nesses primeiros episódios do que o verificado nas primeiras temporadas de “Demolidor”, “Jessica Jones” e “Luke Cage” e os conflitos inerentes ao “retorno dos mortos” do protagonista ganham mais relevo. As cenas de ação são pontuais e muitas delas parecem existir apenas para suprir uma demanda por ação quando a série ainda não estaria calibrada para tanto.
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Finn Jones (o Loras de “Game of Thrones”) é Danny Rand, herdeiro de um império empresarial que retorna a Nova York 15 anos depois de sua aparente morte. Os atuais caciques da empresa, seus amigos de infância Ward (Tom Pelphrey) e Joy (Jessica Stroup) o recebem com total descrença e desconfiança e, obviamente, parecem pouco dispostos a abrir mão do controle acionário da empresa, que foi fundada e comandada pelos pais dos três no passado.
Se Jones é convincente em cena, Stroup parece hesitante com sua Joy. Melhor para Tom Pelpherey, um ímã em toda cena que está. Seu personagem rapidamente se configura no mais interessante para ser desvendado pelo público.
Os primeiros episódios são dedicados majoritariamente à relação de Danny com Ward e Joy. Aos poucos, o lado místico de Danny vai ganhando destaque. Assim como outros coadjuvantes, caso de Colleen Wing (Jessica Henwick), sensei de um dojo que acaba se tornando amiga de Danny.
Há mais parcimônia na condução da história e a grande preocupação aqui parece ser ajeitar arestas que vinham principalmente desde a segunda temporada de “Demolidor” com vistas a preparar o terreno para “Os Defensores”.
O momento que a série chega, no entanto, não poderia ser mais ajustado ao momento que o gênero de super-heróis atravessa. Ainda que “Dr. Estranho”, outro personagem da Marvel banhado no misticismo, não tenha sido a ousadia que poderia ser, é um ponto fora da curva por tratar da morte e dimensões paralelas com tanto desprendimento. “Logan” , atualmente nos cinemas, é um faroeste pós-apocalíptico e “Punho de Ferro” é sintomático desse movimento de evolução do gênero. Com seus defeitos e virtudes, que poderão ser mais bem analisados depois de conferidos os 13 episódios dessa primeira temporada, a série tem o mérito de se propor fazer diferente. E isso não deve ser subestimado.