Desde criança eu enxergo o livro como algo transformador (eu sei que já disse isso algumas vezes na coluna, mas é a mais pura verdade), capaz de nos levar para lugares mágicos, de nos fazer querer aprender cada vez mais, de nos modificar e nos fazer mudar nossa atitude.

Leia também: Machado de Assis vira protagonista em romance de José Almeida Júnior

Roda de Leitura nos presídios
Divulgação/Galeno Amorim
Roda de Leitura nos presídios

Leia também: O que o ano sabático do jornalista Patrick Santos pode nos ensinar?

O livro é de fato extraordinário, e quando um projeto leva rodas de leitura aos presídios do estado de São Paulo e consegue, através da leitura, transformar aquele preso e fazê-lo querer de fato uma mudança pessoal, é a concretização do poder que a literatura tem.

Fiquei sabendo desse projeto há poucos dias e de cara quis escrever sobre ele. O Clube de Leitura Palavra Mágica em Presídios existe desde 2009, atende 17 penitenciárias no interior de São Paulo e conta com o apoio de leis de incentivo e financiamento coletivo. Nesses 10 anos de projeto, já passaram por ele mais de 8 mil detentos.

E por que quero falar desse projeto? Porque hoje os presídios estão superlotados, com presos tipificados por diversos crimes e que custam uma fortuna aos cofres públicos (dinheiro esse, claro, que vem dos nossos impostos). Poder aproximá-los da leitura e usar o livro como ferramenta de transformação social é simplesmente fantástico.

Nós temos um impulso natural do julgamento e condenação social com os detentos (e acho legítimo) deixando-os excluídos da ressocialização, sem acreditar que de fato eles possam mudar sua conduta.

Poder levar a prática da leitura a eles e desenvolver o senso crítico e educador é muito mais do que apenas dar um voto de confiança, é de fato entregar a prática aplicada nas escolas.

Alfabetizar alguém, no sentido mais amplo que essa palavra tem, e poder dar a ela o senso do discernimento do que está lendo, é mostrar um novo mundo diante dos olhos. Quando alguém aprende a ler e a escrever ela se sente importante, capaz de se comunicar com confiança.

Projeto leva literatura para os presídios
Divulgação/Galeno Amorim
Projeto leva literatura para os presídios

Leia também: Momento cultural nacional exige um apoio prático e discernimento

A participação dos presos no projeto é voluntária e segue as regras de cada penitenciária. E esse ano terão duas inovações: um clube de leitura voltado especificamente para homens condenados pela Lei Maria da Penha; e outro com audiobook, para presos que não sabem ou não conseguem ler.

Projetos que envolvem literatura ampliam o universo cultural, desenvolvem o vocabulário, e, em geral, retomam a autoconfiança e, no caso especifico dos presidiários, os motivam para retomar a vida quando estiverem em liberdade novamente.

Para sugestões e pautas: [email protected]

    Mais Recentes

      Comentários

      Clique aqui e deixe seu comentário!