Jorge Florêncio
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Jorge Florêncio

Com 37 anos de idade e 23 de carreira, Jorge Florêncio está em "Amor Perfeito" na pele de Jesus Cristo. Na trama, o personagem aparece com frequência no imaginário de Marcelino, de Levi Asaf.

Além de dar as caras no folhetim das seis, ele também está fazendo assistência de direção do musical infantil "Hora do Blec — Sonhos". A montagem teatral de David Júnior e Yasmin Garcez estreou no final de junho, nas arenas cariocas.

Jorge Florêncio contracenando com Levi Asaf, o Marcelino
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Jorge Florêncio contracenando com Levi Asaf, o Marcelino



Graduado em artes dramáticas pela UniverCidade, Florêncio ainda ostenta no currículo participações em novelas como "Pantanal", "Amor de Mãe", "Um Lugar ao Sol", "O Outro Lado do Paraíso", "Novo Mundo", "Pega Pega", "A Lei do Amor", "Velho Chico", "Totalmente Demais", "Amor à Vida" e "Fina Estampa" e nas séries "O Caçador" e "Separação". Tudo na emissora da família Marinho.

No teatro, esteve em vários espetáculos. Um deles, no elenco de "Salvador, Anoiteceu e É Carnaval". Já no cinema, em breve, será visto no longa "Enquanto o Céu Não Me Espera", que está em fase de pós-produção. Confira os melhores momentos da entrevista! 


Jorge Florêncio
Ricardo Penna
Jorge Florêncio


1. Estamos na reta final de "Amor Perfeito". Que balanço você faz sobre dar vida a um personagem tão emblemático?

Uma imensa responsabilidade. É de uma gigantesca representatividade ser visto por pessoas que, assim como eu, pardas e pretas, não tinham referências de santidades dentro do cristianismo ou nas grandes idealizações com temáticas cristãs. 

O que víamos e ainda vemos são imagens de anjos e santos sempre no estereótipo da pele clara. Poder, nos dias de hoje, viver um Jesus não eurocêntrico numa novela, dentro de uma emissora com grande alcance e poder de influência como a TV Globo, é de grande relevância para a sociedade como um todo.  

Jorge Florêncio como Jesus
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Jorge Florêncio como Jesus


O cuidado e a delicadeza com que a nossa história é escrita por Duca Rachid, Júlio Fischer e Elísio Lopes Jr. e dirigida pelo André Câmara trazem essa pluralidade e diversidade, tornando a obra singular.

2. O mundo sempre trabalhou com a imagem de um Jesus Cristo de aparência europeia branca. Como tem sido o feedback do público diante de seu personagem?

O melhor possível! Recebo mensagens de pessoas de todos os lugares mencionando que esses momentos de Marcelino com Jesus são um deleite. 

Já ouvi relatos de uma pessoa que estava internada com crises de ansiedade e que, ao ver nossas cenas, conseguia se acalmar.

São depoimentos que não têm preço e a afirmação de que o que fazemos está dando certo, tocando e transformando os outros de alguma forma. Isso deixa meu coração quentinho!

Jorge Florêncio
Ricardo Penna
Jorge Florêncio


3. Como foi se ver caracterizado como o Filho de Deus?

Gravei a primeira cena na cachoeira do Juju, em Baependi, sul de Minas. Era a do salvamento de Marcelino recém-nascido. Nela, Jesus caminha sobre as águas e salva o menino antes de cair despenhadeiro abaixo. Estar na beira do penhasco, sozinho, diante da imensidão que é a força da natureza, me deixou extremamente sensível e emocionado. 

Senti fortemente a presença do Espírito Santo e tive a certeza de que aquele era o meu lugar e que não poderia ser diferente. Creio nos propósitos de Deus para cada um de nós e sei que estou nessa novela, vivendo o Messias, para honra e glória d'Ele. 

Mais um registro de Jorge Florêncio contracenando com Levi Asaf, o Marcelino
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Mais um registro de Jorge Florêncio contracenando com Levi Asaf, o Marcelino


Que a minha voz sirva de instrumento, transformação e acalanto aos que necessitam, assim como me sinto acolhido por Cristo nesse projeto. 

4. Deve ser difícil viver Jesus e não pensar sobre a própria fé. Como esse trabalho mexeu com a sua crença?

Eu costumo dizer que não tenho religião. Sou nascido e criado no cristianismo, fui batizado e fiz primeira comunhão, inclusive sou devoto de São Jorge. Porém, considero muitas outras formas de expressar a religiosidade, que vão para além de templos, casas e igrejas. 

Para mim, Deus está em todos os lugares e principalmente dentro de nós. A conexão com o divino parte, de início, da gente, do nosso coração. A comunhão com Ele é intimista e se manifesta diariamente à nossa volta, seja pela natureza, pelo sol, pela chuva e por um bom-dia! 

Basta estarmos preparados para perceber essas manifestações. Deus se comunica conosco por meio do outro; é só aprendermos a ouvir. Hoje olho com mais leveza e simplicidade para os detalhes. Um dia desses, me peguei sorrindo durante todo o percurso que costumo fazer pedalando. Sinto que nesses simples momentos estou em sintonia com Deus!

Jorge Florêncio
Ricardo Penna
Jorge Florêncio


5. Estamos num momento em que todos os folhetins da Globo estão com protagonistas negros. Como analisa essa mudança?

Essa já é uma realidade no audiovisual, é algo concreto. E presumo que chegou para ficar, sem lugar para retrocessos.

Agora, sim, meu desejo e minha esperança são para que isso siga dessa maneira, diversa, ouvinte e atuante dentro desse modelo de inclusão. 

 É lindo ligar a TV e observar, das 18h às 22h, um elenco múltiplo ocupando o protagonismo.

6. Jorge Florêncio é crítico? Costuma se ver?

Sim, mas exerço essa autocrítica comigo da mesma forma que com o outro, focando o que se pode melhorar e aprender com o que porventura não tenha ficado legal naquele contexto. 

Isso deve existir, mas com o objetivo de um aperfeiçoamento, e não para derrubar o criticado. Gosto de me assistir. Desse modo, consigo identificar, com muito respeito e carinho pelo meu trabalho, o que pode ser aprimorado.

Sabe aquele ditado, "o olho do dono que engorda o gado"? Eu me observo para poder seguir aperfeiçoando o meu ofício. E conto também com olhares de pessoas próximas, de minha confiança, para dar um melhor tom à minha construção.

Jorge Florêncio
Ricardo Penna
Jorge Florêncio


7. Você tem dois documentários sendo produzidos. Comente sobre esses projetos.

Um deles se chama "Kondima — Sobre Travessias", idealizado pela atriz e pesquisadora doutoranda Natalíe Rodrigues. É um doc-ficção e conta a história real de sobreviventes em situação de refúgio e seus dramas em suas travessias em busca de um novo lar. 

Já o "Mulheres bambas" retrata a trajetória da mulher no samba desde os anos 30 até os dias atuais, mostrando o que se transformou e o que segue ainda ecoando do machismo, dentro das quadras, na música e em casa de shows com a figura feminina em destaque. 


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