Mais uma vez, a internet faz o papel de renovação e coloca holofotes em novos rostos com uma pegada humorística forte. Um exemplo disso é o catarinense Juliano Gonçalves, que viu o consumo dos seus posts turbinar na quarentena. Confinado em casa, o até então operador de call center se manteve ativo nas redes sociais, reagindo de diversas maneiras ao complicado momento que o país e o mundo passaram a enfrentar. A criatividade se potencializou, e o cotidiano, fonte de eterna inspiração, mostrou-se um ambiente fértil para a criação de histórias, piadas e memes. A partir daí, não parou mais.
Com tiradas improvisadas, chamou atenção de famosos como Bruno Rocha Fonseca, o Hugo Gloss, Sabrina Sato, Marcus Majella e Ludmilla, só para citar alguns. E acabou sendo contratado pela Mynd, a maior agência de marketing de influência do Brasil, que conta com um dream team da música e do entretenimento, com nomes tão diversos como Pabllo Vittar, Luisa Sonza, Galvão Bueno, Camilla de Lucas, Gil do Vigor e Pequena Lo — a lista é longa, com mais de 400 artistas.
Juliano é, ao mesmo tempo, a matéria-prima e o ourives que o transforma; o engenheiro e o arquiteto de seu edifício (no caso, de seu arranha-céu). Só para se ter ideia do poder: no Instagram, acumula 660 mil seguidores e, na plataforma chinesa TikTok, mais de um milhão. Em entrevista ao site, o "multitarefas" falou sobre sucesso, projetos e, principalmente, se acredita que todo profissional da área tem um lado melancólico, ou se isso é só um mito. Confira os melhores momentos do bate-papo na íntegra!
1. Como surgiu a ideia de utilizar as plataformas digitais para a divulgação de seu trabalho e quando percebeu que estava dando certo?
Eu comecei a fazer vídeos em 2020, durante a pandemia. Coloquei uma peruca e dublei o áudio de uma funcionária do telemarketing da Companhia Energética do Ceará, a COELCE, que foi compartilhado por uma galera renomada e teve um milhão de visualizações. Desde então, não parei mais.
2. Acredita que todo humorista sofre com a depressão, como mostram alguns estudos, ou acha isso uma lenda urbana?
Passei por esse quadro emocional e estou tratando até hoje com ajuda psicológica. Acredito que o comediante, às vezes, tira da sua felicidade para dar para o outro. Caso não seja tratado, pode ter, sim, um distúrbio mental.
3. Você afasta admiradores tanto quanto atrai?
Eu, geralmente, atraio mais do que afasto devido ao conteúdo leve.
4. Como é ocupar esse espaço que está ajudando a solidificar?
O mundo virtual é um segmento bem concorrido, mas acredito que a originalidade vem da essência pessoal. Com isso, automaticamente fica uma coisa orgânica.
5. De onde vem a inspiração para os seus textos?
Eu amo fazer as trends que estão em alta. Além disso, costumo receber sugestões do público que me segue.
6. Neste momento, com tudo tão tenso, fazer os internautas rirem tem um papel ainda mais importante?
Sem sombras de dúvidas, pois um roteiro de comédia tira o lado pesado do dia a dia e da rotina de todos.
7. O que ainda quer fazer profissionalmente?
Ser apresentador de programa de TV.
8. Todo mundo tem a expectativa de que seja espirituoso o tempo inteiro?
Nossa, total! Muitos pensam que, por sermos dessa área, temos que estar toda hora felizes, mas somos seres humanos como qualquer um. Temos sentimentos e também ficamos tristes.
9. Dá para aprender ou tem que nascer extrovertido? Você cresceu contando piada?
Desde criança, fui uma pessoa engraçada. Na escola, as peças de teatro eram geralmente algo cômico. Mas dá para aperfeiçoar com aula de teatro, sim.
10. De que forma gosta de ser lembrado: ator, influenciador digital ou o cara que está no videoclipe da Beyoncé?
Adoro quando me param na rua e declaram que sou o "menino que faz as backing vocals"
(pausa para risadas).