Pedro Nercessian
André Arndt
Pedro Nercessian

Pedro Nercessian  está no elenco da segunda temporada de "Bom Dia, Verônica", da Netflix. Na trama, ele dá vida a um jornalista investigativo ambicioso que ajuda a apurar fatos sobre um abusador de mulheres.

Com 37 anos, começou a carreira aos 13 e, em 2021, foi ao Festival de Cannes para apresentar o filme "Nada de Bom Acontece Depois dos 30", do qual é protagonista. O audiovisual independente se passa num futuro distópico onde o governo institui a morte compulsória dos cidadãos no dia do seu trigésimo aniversário. Pelo desempenho, foi premiado em diversos festivais brasileiros como o Cine-PE.

Com quinze peças em sua trajetória, como "Alguém Acaba de Morrer Lá Fora", de Jô Bilac, "Elefante", de Walter Daguerre, e "Bicho", dirigida por Georgette Fadel, Nercessian também atuou no longas "Solidões", "Julio Sumiu", "Canastra Suja", "O Silêncio da Chuva" e "Medida Provisória".

Na TV, esteve em muitos projetos, como as minisséries "Justiça" e "Assédio" e a novela "A Força do Querer", todas na emissora dos Marinho. Seu último trabalho na teledramaturgia foi "Amor sem Igual", em 2017, na RecordTV. Mas, em breve, será visto no seriado "Fim", da Globo.

Além disso, é produtor e gestor cultural. Atualmente, leva o projeto "Atitude Positiva" a escolas públicas do Rio com o espetáculo "Amanheceu" em que aborda assuntos como gravidez, ISTs, violência contra mulher etc.

Em seu currículo constam ainda o cargo de diretor de programação do Teatro do Retiro dos Artistas, a produção da famosa Festa Chá da Alice e a direção de peças e shows. Confira os melhores momentos do bate-papo na íntegra! 

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1. Pedro, como surgiu a oportunidade para "Bom Dia, Verônica" e como se preparou para o projeto?

Foi um convite dos produtores. Eu já conhecia a série e sou fã do Raphael Montes, principalmente pelo livro "Dias Perfeitos", do qual, inclusive, quero ser o protagonista caso vire filme. Já até falei isso para ele! Seus personagens são complexos e inteiros em suas passionalidades. Amo isso! Para tanto, tentei entender a vida e os pensamentos de um jornalista investigativo. Logo, contei com a ajuda do Pedro Figueiredo, que me concedeu um longo bate-papo como laboratório para a composição do Davi.

2. Conte a história de seu personagem na obra.

Davi tem sede de notícia, é apaixonado pela profissão e vive com sangue nos olhos. Quando Verônica pede sua ajuda para desmascarar o falso líder religioso, ele entende que, além de uma grande matéria, ambos têm o dever de parar um homem que está abusando de centenas de mulheres.

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3. Você dá vida a um jornalista investigativo casado com um legista, e o anúncio desse casal provocou reações na internet. Como recebeu esse retorno do público?

Fiquei impressionado com a força da produção e como as pessoas já amavam o personagem pelo fato de se sentirem retratadas na trama. Elas me paravam na rua, dizendo que amaram a escolha do autor em criá-los e mencionando que, como eles, deveria haver muitos. Às vezes, coisas aparentemente simples são importantes na vida de muita gente, e representatividade é uma delas. Estou fazendo o máximo para honrar de maneira sensível e cuidadosa essa confiança.   

4. Sendo artista e cidadão engajado, como é viver um personagem gay sendo heterossexual? 

Um trabalho que exige muito mais cuidado e escuta, principalmente em tudo que envolve criação. Ele foi escrito por um autor que tem esse lugar de fala, então qualquer coisa que não tenha sido colocada no papel merece cuidado na hora do set. Confesso que quem me ajudou bastante também foi nosso caracterizador Matheus Pasticchi, que se sentia representado. Por sermos amigos de outros trabalhos, me dava sugestões. Suas opiniões foram importantes.  

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5. Ultimamente você tem estado mais no cinema, certo? Levou filme a Cannes na pandemia e está no elenco de "O Silêncio da Chuva" e "Medida Provisória". Pensa também em dirigir?

Sim, bastante, principalmente quando, no set do "Medida Provisória", o crítico Rodrigo Fonseca me disse que achava que eu deveria investir na direção. A pulga atrás da orelha começou a coçar mais. Tenho um argumento engatilhado para três atores que não necessita de grande quantidade de dinheiro para ser filmado. Um projeto simples para começar, baseado em uma boa história e bons profissionais. 

6. O curta levado a Cannes ganhou prêmios no Brasil. Como a trajetória internacional dele tem influenciado na sua carreira desde então?

Mantenho os pés no chão, mas com os radares ligados a oportunidades lá fora. Tenho uma prima que é atriz em Los Angeles, até já fui premiado em um festival de lá, mas por um trabalho feito aqui. Com a estreia na Netflix, a possibilidade de ser visto pelo mundo avança mais um passo. Vou assim, sem ansiedade, mas sem perder o foco. O fato de ser um cidadão brasileiro/português também ajuda com a burocracia toda. Se surgir um papel em Portugal, é só fazer as malas, e amanhã já estou lá!

7. Impossível não se lembrar do seu trabalho como produtor e diretor de montagens teatrais. De onde vem tanta inspiração e tempo para fazer tudo isso?

Não tenho (risos). Por isso, há alguns anos, abri mão de parte das coisas que fazia, como estar à frente do Chá da Alice da qual sou sócio. Cheguei a ter dois cafés, uma empresa de cenografia para grandes eventos, produzir festas e peças e ainda atuar. Fiz o movimento de focar a carreira. Mas confesso que gosto da adrenalina de realizar muitas atividades ao mesmo tempo. Tenho que me controlar me concentrar na profissão. 

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8. Você agora pode ser visto na reprise de "Amor sem Igual", da RecordTV. Costuma se assistir? É crítico?

Não sou nem um pouco; deixei isso no passado. Gosto de fazer laboratórios e estudar o personagem. Para mim, é mais legar até do que gravar! Então, se chego bem preparado e se dei o meu melhor, já estou feliz. Ator geralmente sofre muito em cena. Eu, graças a Deus, me divirto, a não ser quando preciso ser testado. Aí confesso que a coisa muda completamente de figura. 

9. Ser artista é...

Criar beleza e outras possibilidades possíveis para o mundo real. 

10. Quais os próximos projetos?

Um deles é voltar à comédia depois de um tempo afastado, por meio de um episódio da próxima temporada de "Cilada", de Bruno Mazzeo, e finalizar o trabalho com os alunos da rede pública no projeto "Atitude Positiva" deste ano, do qual participo. 


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