Marcel Octavio
Guilherme Logullo/Divulgação
Marcel Octavio


Depois de um período conturbado para a classe artística, em função da crise sanitária provocada pela covid-19, Marcel Octavio já esboça um sorriso de felicidade por poder voltar aos palcos e exercer seu ofício. O ator, que integra o elenco de "Gênesis", da RecordTV, a segunda novela de sua carreira, é um dos nomes do elenco de  "Donna Summer — O Musical", que volta a ficar em cartaz, agora, em setembro, no Teatro Santander, em São Paulo.

Soma-se a isso o espetáculo sobre a vida e a obra de Cássia Eller, uma das grandes representantes do rock brasileiro nos anos 1990 e no qual dá vida ao cantor Nando Reis. Durante a conversa, ele falou sobre o período em quarentena, as aulas de canto que leciona, as referências profissionais, os próximos projetos e a sua relação com a mulher, a também atriz Mariana Gallindo , com quem divide as tarefas na Casa Henriquieta, em São Paulo.  Confira aqui!


1. Você acabou de fazer "Gênesis". Como foi voltar à TV numa novela bíblica tendo gravações seguindo novos protocolos de segurança?

Um choque no início, mas logo nos acostumamos. Acho que contamos com a garra de todos nos estúdios para manter um cuidado constante. Sabemos o que representa um descuido neste momento delicado e todos estávamos sempre atentos. Agora também fiquei muito feliz em poder trabalhar novamente com dramaturgia. São projetos diferentes do teatro, com seus prazeres e desafios distintos, e "Gênesis" me trouxe isso, sendo uma trama bíblica, com a qual nunca tinha trabalhado.

2. Com 15 anos de carreira, o que levou do set para os palcos, e vice-versa?

Gosto de me manter em constante movimento, não desejo ser um ator de um meio apenas. Comecei trabalhando muito em teatro musical, mas, ao mesmo tempo, minha formação acadêmica foi em cinema, veja só! Quero trabalhar sempre com os diversos meios possíveis ao artista, e o audiovisual me permite isso.

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3. É casado com a atriz Mariana Gallindo, que também fez "Gênesis" e com quem você tem um centro cultural em SP. Como é trabalhar com a esposa e ser casado com sua "sócia"? Como vocês separam tudo para manter a harmonia?

Nunca separamos funções. Isso veio desde o nosso começo de namoro. Nos conhecemos trabalhando na montagem de 2010 do musical "Hair" e, desde lá, trabalhamos outras vezes juntos. Acho que funcionamos bem unidos, exatamente porque entendemos as dificuldades um do outro. Apenas levamos isso para o nosso espaço, a Casa Henriquieta.

4. Sobre a Casa Henriquieta, como surgiu o projeto? 

Foi por causa da pandemia que a Casa Henriquieta teve início. Podemos dizer que sempre tivemos a idealização em nossas mentes a vida toda, porém a concretização veio agora. Trata-se de um espaço cultural criado para artistas de diferentes segmentos compartilharem seus conhecimentos e se aprofundarem em sua arte. Eu criei meu curso de canto e voz, tanto virtual quanto presencial. A minha esposa Mariana Gallindo levou para lá sua ideia de dança com mulheres da terceira idade, o "Sexagenárias". Já o nome é uma homenagem à avó da Mari, Dona Henriqueta, que acreditou no nosso sonho e nos cedeu o local. 

Marcel Octavio
Guilherme Logullo/Divulgação
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5. Agora, em setembro, volta aos tablados o musical "Donna Summer", em SP, do qual faz parte e que só ficou em cartaz por uma semana antes da pandemia. Como é retomar o trabalho ainda em meio ao caos? Depois de tanto tempo parado, o espetáculo terá alguma modificação? 

A produção do "Summer", junto ao teatro Santander, tem tomado as devidas precauções para voltarmos seguros aos palcos e também para receber o público em segurança. Ensaiamos em meados de agosto exatamente para modificar algumas cenas que teriam elenco mais próximo um do outro e teremos testagem de equipe constante.

6. Você também deve voltar em breve com o musical "Cássia Eller", em que dá vida a Nando Reis. Como é interpretar uma pessoa que ainda está viva? Chegaram a conversar? Ele já te viu em cena?

Foi uma honra poder dar vida a um ídolo da minha infância. Cresci ouvindo Nando Reis. Procurei focar mais o espírito da relação artística entre Nando e Cássia do que fazer uma imitação de fato. Sei que a Cássia era essa "musa inspiradora" pra ele e acho que trazer isso na atuação destaca todo o afeto que Nando tinha pela Cássia. Entrei para a peça na turnê nacional, não estava desde o início com eles. Substituí meu grande amigo Emerson Espíndola no papel do Nando, então não tive a oportunidade de conhecê-lo, embora seja algo que eu queira muito.

7. Você tem dado aulas de canto remotas durante a pandemia. Como tem sido esse processo?

Muito gratificante e enriquecedor. Sempre estudei muito, mas nunca tinha ensinado. Foi algo novo para mim e não quero abandoná-lo jamais. Lecionar, seja presencial, seja on-line, me trouxe mais segurança, certeza do meu trabalho e também do que desejo passar para quem quer aprender o que sei. Essas aulas foram uma válvula de escape para todos nós. As pessoas estão trancadas em suas casas desde o ano passado, isso não é fácil, precisamos nos comunicar e respeitar nossa saúde mental e nos manter ativos.

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8. Com pandemia e com pouco apoio do governo à arte, como você acredita que será o próximo ano para quem vive dela?

Muito difícil. Entenda, é muito triste viver num país que não admira sua cultura e seus artistas. Nenhum lugar civilizado do mundo é assim. Acredito que sofreremos por mais um ano até vacinarmos a população e nos sentirmos seguros para voltar a frequentar grandes ambientes fechados, mas não vamos parar. Sentimos neste momento a falta que faz a arte, a cultura. O teatro já enfrentou problemas antes e não caiu por um motivo. Temos de vivenciar experiências catárticas ao vivo. É uma necessidade humana.

9. Você canta, dança, atua e empreende. Quais suas referências profissionais? 

Eu sempre admirei os artistas que exploram suas múltiplas capacidades, cresci me espelhando neles e admirando desde Clint Eastwood a Bibi Ferreira e Liza Minelli, de Sean Connery a Fernanda Montenegro, de Renato Aragão a Miguel Falabella, com os quais, aliás, tive a honra de trabalhar: com Renato, no musical e no filme "Saltimbancos Trapalhões Rumo a Hollywood"; com Miguel, já em três projetos diferentes, e continuo aprendendo com eles.

10. Quais os próximos projetos previstos?

Estava ensaiando uma nova comédia musical com dois atores que iria estrear em São Paulo em maio do ano passado, mas, por conta da pandemia, tivemos de parar nossos ensaios. Por enquanto, não posso adiantar muito, apenas que queremos estreá-lo até o fim do segundo semestre.

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