Rodriguinho foi eliminado do BBB 24 com alto índice de rejeição
Reprodução/Globo
Rodriguinho foi eliminado do BBB 24 com alto índice de rejeição


Desde os tempos de Carminha em Avenida Brasil, um vilão de falas controversas --e algumas vezes criminosas-- não era canonizado pela Globo. Mas o jejum de mais de uma década acabou na noite de terça-feira (27), com Rodriguinho exaltado pela equipe de Boninho. O vilão do BBB 24, que humilhou os anônimos do reality e menosprezou diariamente o programa mais lucrativo da TV brasileira, foi poupado de uma sabatina à altura de seus atos. Em vez de ser colocado contra a parede por Thaís Fersoza e Ed Gama no Bate-Papo BBB, acabou presenteado com um Arquivo Confidencial.


É de se entender que produzir um documentário ao estilo A Vida Depois do Tombo demande esforço e seja muito mais caro do que fazer o "jogo do contente". A solução foi fingir que nada de grave aconteceu nos últimos dois meses em rede nacional. A consequência dessa escolha resultou no desrespeito ao público, aos participantes ridicularizados por Rodriguinho e até mesmo à biografia do Big Brother Brasil. Uma decisão curiosa --e que mancha a reputação do programa.

Não é sobre humilhar o eliminado da vez. E sim de situar o vilão do jogo a respeito dos motivos que o fizeram sair do programa. Seria um gesto honesto com o jogador derrotado e com quem sustenta o reality no ar (o público). Participantes que não cometeram um décimo das atrocidades de Rodriguinho foram jogados aos leões de maneira desproporcional e exagerada. Mas o pagodeiro recebeu tratamento VIP do início ao fim. E suas maldades ganharam contornos de humor, em uma esquete mais mal roteirizada e sem graça que o quadro de Luís Miranda. 

A tragédia começou no discurso de eliminação de Tadeu Schmidt. Dúbio, deixou no ar a sensação de que a saída do pagodeiro estaria relacionada à sua manifestada vontade de deixar o confinamento. Quem restou na casa do reality entendeu isso.


E o caos se prolongou duramente no Bate-Papo BBB, que teve sua pior edição em anos. Thais Fersoza e Ed Gama, devidamente instruídos por seus diretores, criaram o "mundo invertido do BBB 24", apresentando ao eliminado momentos de humor e leveza de sua passagem no programa, enaltecendo seu jeito "engraçado" e "rabujento", e com direito a muitas piadas e comentários fofos.

O que era para ser uma sabatina virou Arquivo Confidencial, com direito a cartinha de amor lida pela esposa de Rodriguinho, mensagens positivas de telespectadores que aprovaram sua passagem pelo programa, e tuítes amenos e nada conectados à realidade sobre os motivos que o fizeram ser eliminados.

O mais assustador foi ver Thaís Fersoza sorridente e brincalhona, ignorando todas as falas do autor dos comentários mais pesados sobre o corpo de Yasmin Brunet --motivo que quase a fez pular nos pescoços de outros participantes durante sabatinas anteriores. A mulher de Michel Teló "esqueceu" de seus princípios feministas, suprimiu o senso de justiça e enterrou a sororidade por todas as mulheres desrespeitadas por Rodriguinho no reality. Tudo isso em nome do show.

Rodriguinho estava tão feliz e confortável que se mostrou surpreso com o tom ameno das mensagens do público retiradas das redes sociais. "Se for só isso está ótimo", disse ele aos apresentadores, indicando satisfação com a análise da audiência sobre sua passagem pelo jogo.

A falta de simetria é alarmante. Na semana passada, Deniziane chorou ao vivo com a dureza dos comentários em vídeo que foram colhidos nas ruas, com pessoas armadas até os dentes de argumentos para justificar sua eliminação. E a moça, coitada, não fez nada grave no reality show. Seu erro foi ser uma "planta", e acabou punida com discursos grosseiros de quem supostamente votou para tirá-la do jogo.

A intenção de amenizar o clima para evitar o efeito Karol Conká é uma estratégia positiva, porque o Big Brother Brasil nunca foi sobre destruir reputações e carreiras, e sim sobre transformar a vida financeira de uma pessoa com um prêmio substancial. Mas inventar uma realidade paralela para poupar um jogador que horrorizou o público com suas palavras, e descredibilizou por 50 dias o programa de entretenimento mais lucrativo da TV brasileira, é um ato de desrespeito com quem assiste.

Rifar os apresentadores, colocando-os nos papéis de figuras alienadas e criando uma narrativa desconectada da realidade, também é algo que macula a imagem de um programa que sempre prezou pela transparência --além de ser um claro sinal de menosprezo à inteligência dos telespectadores.

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