Marco Pigossi passou três meses deste ano no Brasil, três em Toronto, no Canadá; dois em Massachussetts e um em Atlanta, nos EUA, envolvido em projetos audiovisuais. Por aqui, um dos compromissos foi gravar Maníaco do Parque, do Prime Video da Amazon. O ator viverá um jornalista na trama baseada na série de assassinatos cometidos por Francisco de Assis Pereira, em 1998, em São Paulo. O artista conta o que lhe cativou na narrativa: "É um filme baseado numa história real brutal, mas contada de um ponto de vista muito interessante e único", disse ao jornal O Globo.
"Ele tenta dar voz a pessoas que não foram ouvidas durante esses episódios. Foi isso que me atraiu. Eu li o roteiro e fiquei fascinado. Há um núcleo de jornalistas que está ali para relatar esses casos. O meu personagem faz parte do grupo, mas não está ali necessariamente para ajudar. Mais do que isso, não posso contar, pois seria spoiler", completou.
Internacionalmente, Pigossi estreou em setembro na série Gen V, spin-off de The Boys, também do Prime Video. O lançamento foi durante a greve dos atores no EUA, o que impediu o elenco de fazer sua divulgação.
"Mesmo sem os eventos de divulgação, a série foi muito bem. The Boys tem uma base muito sólida de fãs, inclusive no Brasil. Tenho recebido milhões de comentários nas minhas redes. Eu adorei participar desse universo", disse.
E conta que não sente grande diferença entre trabalhar no Brasil ou em projetos internacionais: "Um set é um set em qualquer lugar. Ele tem uma linguagem universal. É claro que, quando a gente fala de um projeto como o Gen V, que envolve um grande estúdio, é tudo muito maior. Outra coisa que muda é a questão dos efeitos especiais. No Brasil, normalmente os efeitos são menores. Mas num projeto maior você precisa aprender a contracenar com algo invisível que vai ser inserido digitalmente depois", ressaltou.
Com trabalhos em diversas partes do mundo, o ator fez de Los Angeles sua base desde 2020. "Eu fiquei quase por acidente. Tinha vindo para ficar um mês, como fazia sempre. Aí teve a pandemia, e eu quis usar esse tempo para tirar o meu visto americano de trabalho, algo que já planejava, mas nunca parava para fazer. As coisas foram acontecendo, um trabalho foi chamando o outro, e eu fiquei. A minha base agora é aqui, mas sempre estou com um pé no Brasil. A minha família ainda está por aí", contou.
E afirma que seu foco por aqui no momento é o cinema: "É uma questão de tempo de contrato. Uma série faz com que você se comprometa com outras temporadas, o que acaba te amarrando e impedindo outros projetos. Eu não quero estar preso a um longo contrato, principalmente no Brasil. Já tenho três filmes independentes por aí para o ano que vem", revelou.
Sobre morar em outro país, ele diz que precisou compreender outro estilo de vida e também a cultura e os costumes. "Como aqui ninguém me conhece, isso me dá uma liberdade enorme. As pessoas acabam me tratando com mais naturalidade, justamente por não saberem quem eu sou. No Brasil, como eu fiz muita televisão e tive uma grande exposição, isso muda a postura dos outros em relação a mim no dia a dia. Aqui, deixei de estar na posição de observado para me tornar observador. E a observação é a matéria-prima do trabalho do ator", pontuou.
A mudança de país também foi importante na decisão de falar abertamente sobre a sua sexualidade. Em 2021, ele tornou público com um post nas redes sociais o relacionamento com o cineasta italiano Marco Calvani.
"Acho que o fato de ter saído do Brasil foi fundamental neste sentido. Quando a gente se afasta, consegue enxergar as coisas com outros olhos. Foi um processo bem bonito. Eu tive um apoio gigantesco, creio que quase unânime. Foi bem surpreendente positivamente para mim. Muitas pessoas me mandam mensagens, me citam como uma inspiração. Pretendo continuar, sempre que possível, dando visibilidade e voz a essa causa e às pessoas que estão na linha de frente para melhorar a vida da comunidade (LGBTQIAPN+)", destacou.
Pigossi comenta que vê muitos avanços em relação à abordagem do tema no audiovisual, inclusive no Brasil.
"A gente evoluiu muito neste sentido. Hoje a gente vê protagonistas de novela das 21h que são gays. Recentemente, teve uma cena de beijo gay na Globo no horário nobre (Kelvin e Ramiro em Terra e Paixão). Acho que acabou aquela mentalidade de que, se um ator é gay na sua vida pessoal, ele não vai convencer no papel de um protagonista hétero, por exemplo. Temos atores maravilhosos gays representando e ocupando espaço atualmente", avaliou.
Sobre o relacionamento com Marco Calvani, Pigossi conta que eles estão morando juntos e que pensam em se casar no futuro: "Temos uma relação muito bacana e estamos bem felizes. Temos um documento assinado que formaliza o nosso relacionamento. E fazemos planos de um casamento, mas ainda nada concreto. Vai ficar mais para frente", finalizou.
* Texto de Lívia Carvalho
Lívia Carvalho é estudante de Jornalismo e apaixonada por cultura pop. Antes de entrar no time da coluna, foi produtora, apresentadora e repórter no programa Edição Extra, da TV Gazeta. Siga Lívia Carvalho no Instagram: @liviasccarvalho