A CNN Brasil renovou o contrato de licenciamento do canal de notícias após um ano de conversas com a matriz americana. João Camargo, presidente da empresa desde outubro de 2022, revelou detalhes dos bastidores de como chegou ao valor ideal para permanecer com a operação da franquia no país.
"A CNN Brasil será o canal de notícias hard news mais importante do Brasil daqui para frente. Está tudo azeitado. Foi um ano difícil de arar e de carregar o arado nas costas. Renovamos o contrato com a CNN, reduzimos (cortes) a casa e deixamos saudável... agora é só colher", disse ao NaTelinha.
"Eu expliquei (aos diretores da CNN Internacional): 'Esse contrato preciso mudar. Primeiro, preciso prorrogá-lo por um período gigante, senão não vale a pena continuar investindo. Segundo, é que os preços que foram negociados lá atrás são impagáveis'. Então, foi uma negociação maravilhosa, porque terminou muito bem para eles e muito bem para nós", detalhou.
"Estamos muito animados. A casa está boa. Quem ficou e o salário era muito caro, renegociamos os contratos. Ninguém ficou aqui com salário de 2022. Quando eu entrei aqui e vi, era qualquer coisa menos uma empresa. Então, fiquei em 2023 consertando a casa, mudando, entendendo, tirando os adjetivos (das reportagens), treinando os redatores e jornalistas. Aumentei Brasília. Quando cheguei lá havia 8 funcionários, agora tem 40", concluiu.
João Camargo ainda contou qual foi seu maior desafio ao chegar à CNN Brasil: "Era da cultura. Ninguém olhou para CNN como CNPJ. Então, se o déficit era x ou mais y, ninguém queria saber, mandava vim o dinheiro do mês e pronto. E quando entrei aqui, tive um choque muito grande. Cheguei para o pessoal nas reuniões de diretoria e disse: 'Gente, nós temos que ser uma empresa saudável. Não podemos ter vergonha de dizer que não temos dinheiro para isso'. Tinha CEO que ganhava R$ 600 mil".
"Mas era como se eu tivesse passado uma faca no pescoço de cada um que me ouvia: 'Como assim'. Eu falei: 'temos que ter uma receita e manter a nossa qualidade, mas nós não podemos mais ter um déficit gigante como a empresa vem tendo. Nós temos que parar esse déficit. Então, é o seguinte, quando alguém vier te propor alguma coisa, vocês digam: nós não temos dinheiro'", pontuou.
O presidente garantiu que a sede do canal não irá deixar a Avenida Paulista, mas que deve entregar um andar. "Eu tenho até 30 de março para devolver o andar. A gente vai pensando", frisou.
Por fim, falou mais sobre um trabalho interno de inteligência na empresa. "Unimos as redações do jornalismo da TV e do digital. Os profissionais estão sendo treinados para trabalhar nas duas plataformas. E isso é bom para os profissionais, pois eles terão formação multiplataforma, que é o futuro. Estamos fazendo esse trabalho de inteligência na redação com todo o cuidado, conversando individualmente com todos os profissionais", contou.
"Estamos felizes com a grade e o elenco atual e com o nosso conteúdo. A CNN só recebe elogios dos maiores players do Brasil. Não fazemos qualquer coisa pela audiência e não vamos apelar para entretenimento do bate-boca", finalizou.
Além disso, o comunicado da CNN Internacional confirma o novo vínculo e ressalta que a franquia brasileira é sua principal no mundo.
"A CNN Brasil é a principal licenciada da maior e mais poderosa marca de jornalismo do mundo, demonstrando um trabalho excepcional em sua cobertura jornalística e defendendo o manifesto 'Facts First'. Recentemente, reforçamos a nossa parceria, prorrogando o contrato. A aliança entre a CNN Brasil e a CNN International está mais forte do que nunca, levando à renovação do contrato para os próximos anos".
*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko