A youtuber revelou detalhes de seu diagnóstico e alertou sobre a doença inflamatória
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A youtuber revelou detalhes de seu diagnóstico e alertou sobre a doença inflamatória

No último domingo (29), Karen Bachini postou um desabafo em seu canal do YouTube contando mais detalhes de seu diagnóstico de lipedema. Até então a doença vascular crônica e síndrome gordurosa dolorosa era confundida com problemas de obesidade e celulite, e a influenciadora alertou seus seguidores.

"A maior parte das pessoas não sabe o que é lipedema porque é uma doença que tá começando a ser conhecida agora, tanto pelos médicos quanto pelos pacientes. Eu já fui ao médico várias vezes, já fiz um monte de ultrassons, um monte de ressonâncias, tentando descobrir o que eu tinha na minha perna e, porque eu tinha tanta dor. Minhas pernas estavam sempre roxas, mesmo que eu não tivesse batido elas", esclareceu.

A youtuber contou que muitas pessoas comentam sobre seu corpo e que inclusive disseram que ela deveria apenas parar de usar meias que apertem seu tornozelo, mas que ela sequer usava isso. 

"Lipedema é uma doença crônica que afeta em sua maioria mulheres e envolve um acúmulo anormal de gordura em algumas partes do corpo. Esse acúmulo é diferenciado porque não é uma gordura que cresce normal, ela cresce de forma desordenada. E ao longo do tempo vão formando caroços de gordura. 

Além disso, comentários dizendo que ela não se alimentava direito ou não se exercitava sempre estiveram em suas publicações, inclusive dizendo que seria obesidade. "Eu não tenho nem o formato do joelho e nunca tive. Essa é uma condição que geralmente se desenvolve quando há uma alteração hormonal. A minha se desenvolveu a partir do momento que eu comecei a tomar hormônios femininos, porque meu corpo não produz nenhum". 

"Sempre fui certinha. Eu gosto de comer coisas saudáveis. Pra mim sempre foi 'ah, deve ser genética'. Quem me acompanha de muitos anos sabe que eu não uso nada acima do joelho porque eu tenho muita vergonha. Eu também só uso botinha de cano alto, porque eu tenho vergonha dos comentários. Sempre foi desse jeito. Não importa se meu peso diminua ou aumente, ele não diminui nas pernas. Minhas pernas não mudam", acrescentou.

A youtuber inclusive ressaltou que sente muita dor, e que quando anda demais nos dias seguintes, não tem condições andar. "O Brasil ainda, os planos e SUS ainda não identificam essa cirurgia como sendo o tratamento de uma doença. Elas não cobrem. E a nossa luta é pra que tanto o SUS e os planos de saúde comecem a cobrir a cirurgia dessa doença", disse.

"A minha pisada eu só tenho equilíbrio no calcanhar. É ainda onde eu tenho mais dor. Eu não consigo usar um sapato reto. Se ele não tiver nem um saltinho eu não consigo andar de tanta dor", concluiu.

De acordo com Karen, os principais sintomas são: acúmulo de gordura desproporcional, gordura persistente, flacidez acentuada e nódulos aparentes, nódulos espontâneos, e sensibilidade ao toque e dor.

Karen ressaltou que faz acompanhamento nutricional e que emagreceu ao longo desse processo, mas que suas pernas não mudaram. "O acompanhamento do lipedema precisa ser feito pelo resto da sua vida inteira. Então a minha vida inteira eu vou ter que cuidar para que essa doença não reapareça", finalizou.


De acordo com a cirurgiã vascular Dra. Aline Lamaita, caso apresente os fatos de risco da doença é preciso redobrar a atenção aos sinais.

"Frequentemente, a paciente com lipedema passa a vida como uma 'falsa magra', isto é, magra da cintura para cima, mas com pernas grossas. Muitas vezes, acredita que esse é o padrão de corpo familiar, já que o lipedema realmente pode afetar várias mulheres da família, então não pensa que pode ser um problema. E, como até pouco tempo o lipedema não era considerado uma doença, a literatura científica sobre seus mecanismos ainda é muita escassa. Dessa forma, a própria comunidade médica ainda está tomando consciência sobre a doença e se capacitando para o tratamento", esclareceu.

"A doença afeta principalmente áreas como coxas, culotes, quadris e pernas, mas, eventualmente, pode atingir também os braços, porém, com menos frequência. Além disso, o lipedema é sempre simétrico. O grande problema é que a gordura do lipedema é doente, e frequentemente, não reduz somente com hábitos básicos como dietas e prática de atividade física. Esse deve ser outro sinal de alerta para buscar ajuda profissional", aconselhou.

"Não é incomum que a portadora de lipedema estranhe ao se submeter a uma drenagem linfática ou massagem relaxante, já que experiência, que deveria ser agradável, geralmente é acompanhada de dor e sensibilidade ao toque. Fique atenta também à evolução desses nódulos: se eles crescerem, o tamanho das pernas aumentar e a pele começar a dobrar, como se fosse flácida, provavelmente trata-se de lipedema", indicou.

"O lipedema é um problema que afeta essencialmente o público feminino. Estima-se que 10% das mulheres sofra com o problema. Além disso, é uma doença genética e comumente atinge várias pessoas da mesma família. Por isso, observamos picos de piora e manifestação da doença em períodos hormonais: puberdade, uso de anticoncepcionais, gestação e menopausa", detalhou.

"Hoje já existem algumas diretrizes que ajudam os médicos no diagnóstico, mas, por ser uma doença de tratamento multidisciplinar, é necessário que o médico se dedique a estudar o problema e entenda as várias áreas de conhecimento necessárias para direcionar as pacientes de maneira adequada. Um bom tratamento de lipedema começa pelo cirurgião vascular, mas o acompanhamento com nutricionista, fisioterapeuta e, eventualmente, ortopedistas e cirurgiões plásticos também é fundamental. Mas outras medidas devem ser adotadas, como uso de meias de compressão e medicamentos e até mesmo a realização de procedimentos cirúrgicos para a retirada do tecido gorduroso doente, como a lipoaspiração", concluiu.

*Texto de Júlia Wasko
Júlia Wasko é estudante de Jornalismo e encantada por notícias, entretenimento e comunicação. Siga Júlia Wasko no Instagram: @juwasko

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