A Record foi condenada a pagar uma indenização de R$ 50 mil a um motorista da Uber por divulgar sua imagem o chamando de "aliado de Marcola", em referência a Marcos Willians Camacho, chefe do Primeiro Comando da Capital, o PCC. A reportagem em questão abordava a prisão de suspeitos de integrarem a facção criminosa no programa Cidade Alerta em julho deste ano.
O motorista havia sido preso naquele dia por não ter conseguido pagar a pensão alimentícia da filha e foi levado para a mesma delegacia na qual estava ocorrendo a operação contra o PCC.
À Justiça, ele disse que a emissora exibiu sua imagem sem fazer qualquer verificação, colocando em risco a sua integridade física e moral. E acrescentou que se sentiu muito humilhado e ofendido tendo que até hoje dar explicações sobre o episódio que jamais existiu e "olhado com desconfiança pelas pessoas que o reconheceram.".
A Record, por sua vez, se defendeu no processo afirmando que a imagem foi captada "ao vivo e sem sensacionalismo" no momento em que vários presos chegavam à delegacia. E declarou também que o motorista passou por um "mero aborrecimento" com a situação, e que não evidenciou sofrimento psicológico ou dano moral.
"A verdade é que a emissora não imputou ao autor a prática de nenhum crime, nem divulgou seu nome", declarou à Justiça a advogada Ana Paula Poli, que representa a Record. No entanto, o juiz Rodrigo Marinho não aceitou a argumentação e obrigou a emissora a pagar a indenização ao motorista de aplicativo.
* Texto de Lívia Carvalho
Lívia Carvalho é estudante de Jornalismo e apaixonada por cultura pop. Antes de entrar no time da coluna, foi produtora, apresentadora e repórter no programa Edição Extra, da TV Gazeta. Siga Lívia Carvalho no Instagram: @liviasccarvalho